Bugigangas esparramadas esperando doação

Imagine que você está andando no centro de sua cidade. De repente, você se depara com uma banca cheia de CDs, DVDs, livros, utensílios diversos, brinquedos de criança, aparelhos celulares e até um computador. Instigado pela curiosidade, você resolve se aproximar e descobre que tudo isso está de graça. É só chegar e pegar! Esta é a proposta da Banca de Graça, uma iniciativa subversiva e revolucionária que você vai conhecer agora.

Desde criança aprendemos a fazer operações matemáticas de compra e venda no mercado. Em nome de uma boa aprendizagem, somos treinados a fazer uma lista de compras, ser um cidadão comportado e, com isso, internalizamos que o importante é não sair perdendo, não ser nunca passado para trás. O referencial estabelecido na nossa sociedade é de que o mundo é feito de transações econômicas envolvendo bens, serviços e moeda. O que está por trás das transações econômicas? O que está oculto sob a lógica financeira da permuta?

Muitos nem imaginam que podem vivenciar uma situação de dar e receber que não seja de compra e venda de bens e serviços. Mas no universo temos uma infinidade de recursos e energias flutuantes, materializadas ou não, que estão circulando DE GRAÇA. Quando nos damos conta de que existem energias disponíveis, que podem simplesmente circular, adentramos em uma outra lógica: chegamos ao mundo da Banca de Graça.

A Banca da Graça é um entreposto de doações. Qualquer pessoa pode doar ou pegar para si qualquer coisa. A idéia subverte a lógica do mercado e vai além do processo que o mundo alternativo aprendeu e chama de Economia Solidária, redes e feiras de troca ou escambo. Na Economia Solidária, é preciso ter alguma coisa para realizar a troca, seja uma moeda social ou um produto comprado no supermercado. A troca ainda é condicionada. Não é mercantilizada como no capitalismo selvagem, mas ainda assim ela é obrigatoriamente bilateral. Na Banca de Graça não é preciso trazer nada e não há obrigação de levar nada. Pode-se, inclusive, realizar apenas uma troca energética, não material. É um exemplo perfeito da Economia da Dávida do MAUSS!

A palavra GRAÇA tem um duplo significado: em termos econômicos, GRAÇA tem o sentido de gratuito, aquilo que dispensa o desembolso de dinheiro. Por outro lado, quando utilizada de maneira transcendental, a palavra GRAÇA significa benevolência divina em favor de alguém ou de algo. Assim, realizar uma banca DE GRAÇA é uma atitude simultaneamente econômica e espiritual.

O que a Banca de Graça propõe é simplesmente retomar aquilo que diversos mestres do passado deixaram para nós. Nem todos falam sobre dinheiro, mas muitos colocaram a questão energética: dedica, serve e doa para todos, incondicionalmente.

“Quem guarda em casa aquilo que a outros é necessário, esse é um ladrão”.
Mahatma Gandhi

Como surgiu a Banca de Graça

GYUW – que prefere não se identificar para não inflar seu ego – foi o “canalizador” da iniciativa. Segundo ele, a Banca de Graça não é sua criação, mas uma crê-ação – o que ressalta o caráter espiritual da ação, ao implicar que basta ter fé e agir de acordo. Em 2009, ele estava em uma comunidade na Chapada Diamantina (BA) realizando um retiro de silêncio quando recebeu a inspiração para contribuir com mais uma luz para o caminho da organização humana. Num esforço de humildade, GYUW ressalta que provavelmente existem outras iniciativas semelhantes: “Quando a gente recebe as coisas em um nível interno, isso não é comunicado apenas a um ser, mas a diversos seres para ajudar a ressoar para a humanidade. Cada um vai passar de um jeito”.

Em sua dissertação de mestrado em Pedagogia, defendida em 2005 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), GYUW já falava sobre compartilhar incondicionalmente. O prof. Armando Lisboa, um dos maiores nomes da Economia Solidária do Brasil, fez parte da banca de defesa. Na ocasião, ele afirmou: “Acho maravilhoso, mas não tenho como defender isso na academia porque está além do que a ciência econômica estuda”.

Após o retiro que trouxe a inspiração para realizar a Banca de Graça, GYUW se dirigiu para São Roque, próximo à capital paulista, onde a ideia se tornou realidade. Lá ele se juntou a um grupo que atuou como núcleo gestor da 1ª Banca de Graça, que aconteceu na praça central da cidade.

Por influência ou participação direta de GYUW, a Banca da Graça já aconteceu nas cidades de São Roque (SP), Curitiba (PR), Águas Mornas, Palhoça e Florianópolis (SC). Algumas experiências foram realizadas em praças públicas, outras em espaços fechados e eventos.

Reação do público

Desde o início, a preocupação dos núcleos organizadores esteve focada na orientação espiritual, considerada por GYUW pré-requisito indispensável para realizar uma Banca de Graça. “Percebemos que, se não houver uma preparação espiritual interna, corre-se o risco de criar uma confusão” – afirma GYUW. “Imagine você colocando em praça pública uma banca e oferecendo gratuitamente várias doações. Neste mundo maluco que esta aí, pode virar uma briga para ver quem leva primeiro o quê. Eu sabia que tinha que ter um trabalho interno para que não fôssemos nós, para que a Energia Maior conduzisse, para que fôssemos só os instrumentos.”

Nas praças públicas, o contato com o público acontecia de maneira generalizada, envolvendo os transeuntes de todas as faixas etárias e classes sociais. Alguns simplesmente ficavam em silêncio, tentando compreender o que estava acontecendo. Outros conversavam bastante, se interessavam e concordavam com a iniciativa. Muitos desconfiavam: “Banca de graça, como assim? Computadores, livros, roupas, tudo de graça?”

Não é coerente restringir a Banca de Graça a alguns tipos de produtos; se a pessoa traz 5 pacotes de soja transgênica e alguém quiser pegar, que pegue. É incondicional.”
GYUK, canalizador da Banca de Graça

GYUW relata que “ocorriam verdadeiros choques de alma, em que as pessoas ficavam perguntando: ‘Como pode ser de graça?’ Não ficavam perguntando tanto pra nós, mas pra elas mesmas. Estávamos colocando praticamente o avesso do que é normal neste mundo, que é utilizar a moeda para comprar a vida – até na hora de morrer”.

Em alguns casos, a reação verbal ou corporal era permeada de medo e angústias, conforme conta GYUW: “Em São Roque um senhor idoso estava passando e falamos ‘Pode chegar que está tudo de graça, fique à vontade’. Aquele senhor demonstrou como o ser humano está travado, robotizado e abobado neste mundo. Ele reagiu gritando: ‘O quê? De graça? Cês tão me enganando! Lorota!’. Saiu revoltado, achando que estava sofrendo alguma espécie de golpe. As pessoas estão tão sedimentadas no mundo cristalizado da compra e venda que uma pessoa de mais idade reage desta maneira agressiva e assustada.

Se você prepara isso apenas materialmente, você corre risco de receber socos, foices e pontapés como resposta. Se você prepara isso alinhado com suas forças interiores e as forças e hierarquias maiores, o risco é menor.”
GYUW

Chegou-se à conclusão que a melhor maneira de sensibilizar as pessoas era ficar em silêncio. “Se alguém pergunta, nós respondemos, mas não podemos ficar induzindo ou provocando algo, mesmo que seja com intenção pura. Cada um vai tomar o contato, chegar da maneira que pode. Isso é um momento espiritual: deixar que cada um entenda. Se eu percebo que a pessoa anseia por respostas, eu ajudo, mas não existe uma verdade única. Não adianta ficar explicando muito, cada um tem seu processo” – esclarece GYUW “Cada pessoa que chegar terá seu entendimento próprio. Não tem como unificar este entendimento. Muitos acreditam que as coisas têm que ser entendidas por todos, que deve haver uma uniformidade de pensamento. Isso é um equívoco pedagógico desta ciência que não entende que nós não temos que uniformizar nada. Apenas coloca-se aquilo que é essencial e cada um entende como pode. Isto vai servir para cada um de uma maneira diferente”.

Pode chegar alguém com uma caminhonete, levar tudo embora e abrir uma banca para vender as coisas. Nós não questionamos isso, estamos aí para servir a uma força maior. Se alguém fizer isso, o carma é dele, não é nosso”.
GYUW

Em outra ocasião, um pedestre viu a Banca de Graça e perguntou se poderia doar um computador que estava em pleno funcionamento. A doação não durou nem 5 minutos parada em cima da banca. Quem levou foi uma pessoa que estava passando de carro na rua. Ela viu, fez a volta de carro, parou no estacionamento do supermercado, atravessou a rua, veio à banca e perguntou: “É verdade que aqui tá tudo de graça? Então eu vou levar este computador”. GYUW retrucou simplesmente dizendo “Bom caminho”. Alguns questionaram a atitude de GYUW, dizendo: “Mas essa pessoa nem interagiu com a idéia da banca, não quis saber a filosofia. Ela foi utilitária, pegou porque precisava.” GYUW respondeu que entende isso da seguinte maneira: “O humano tem a capacidade de julgamento da justiça maior? Alguns se iludem que tem. Mas quem sabe o que é justiça num nível cósmico sabe que não temos esta capacidade. Trabalhamos com a idéia de que tudo será ofertado, tudo vai ser compartilhado. Não cabe a nós fazer este julgamento”.

Algumas pessoas começaram a querer colocar critérios. Mas qual o sentido de fazer uma Banca de Graça com limites? A Graça não tem limites nem regras. Ela é infinita. Buscamos ser coerentes com isso”.
GYUW

Desapego gera abundância

A filosofia típica de quem faz a doação é assistencialista e segue a lógica de “limpar as prateleiras e tirar o lixo de casa”. Mas a Banca de Graça busca ir além desta proposta, inspirada por mestres espirituais que afirmam: “doe aquilo que você usa e exerça o desapego”. Fundamentada na prática da renúncia consciente, a Banca de Graça propõe a doação do que é útil, e não daquilo que não se usa mais e entulha a casa – pois isso nem deveria existir! A Banca de Graça nos desafia a aprender como fazer a energia circular e abrir mão. “Solicitamos que só seja doado o que estiver em boas condições de uso”, explica GYUW.

Dentro de um entendimento utilitarista de mundo, a Banca de Graça seria um empreendimento fadado ao fracasso: mais cedo ou mais tarde todas as doações acabariam e não haveria mais o que oferecer.

Mas a prática demonstrou o contrário. A orientação filosófica da Banca de Graça agia sobre as pessoas. A energia do desapego se manifestava. Sempre havia mais doações sendo trazidas para a banca do que sendo levadas. Quando se encerravam as atividades, sempre havia novas oferendas.

Tem que colocar na roda e deixar a energia fluir. A idéia do compar-trilhar é justamente que esse compartilhamento é uma trilha, um caminho evolutivo da humanidade. O infinito caminho na trilha compartilhando.”
GYUW

Monge protestando contra Guerra do Vietnã

Fogueiras públicas

No núcleo gestor surgiu um problema: o que fazer com o excesso de doações gerado pelo desapego e compartilhamento? O grupo fez um levantamento de possibilidades para solucionar o impasse: conseguir um espaço para estocar as doações, fazer parcerias com comunidades mais pobres, ou ainda procurar uma tribo indígena próxima à cidade. Mas quando se trabalha com a consciência do desapego, faz sentido levar bugigangas a outras localidades? Por coerência, os organizadores da Banca de Graça decidiram oferecer a estas comunidades a opção de aceitar ou não as doações.

Mas inevitavelmente, o problema do espaço para armazenar tantas doações voltaria a afligir o núcleo gestor. A saída proposta por GYUW foi “fazer fogueiras públicas nas esquinas das grandes cidades. Queimar as bugigangas que esta sociedade desenvolvimentista producionista consumista capitalista economicista fez da Terra e das nossas vidas. Estamos tão atolados de tantas coisas… Mesmo os que são chamados de favelados e pobres. Quem trabalha em comunidades menos favorecidas já observou que a casa destas pessoas também está atolada de bugigangas. O que fizemos do planeta, da nossa vida? Criamos um amontoado de quinquilharias. E todo mundo quis isso. Todo mundo comprando sempre e achando que vai comprar mais. Estas fogueiras poderiam simbolizar que nós estamos repensando em direção ao simples”.

Para que isso ocorresse de forma sustentável, não seriam queimados plásticos ou produtos tóxicos. A permacultura traria a solução para este impasse: reaproveitar essas coisas, utilizando-as como parte interna de paredes e cobrindo tudo com barro ou superadobe. Existem, por exemplo, bioconstrutores e permacultores que fazem casas inteiras reaproveitando garrafas pet, pneus, embalagens tetrapak e fraldas descartáveis.

O necessário e o supérfluo

Aterro Sanitário
Destino típico das bugigangas da Sociedade de Consumo

A simplicidade é a chave para que possamos nos relacionar apenas com aquilo que é necessário, e não com o supérfluo. Paradoxalmente, o mais difícil é justamente discernir entre um e outro.

Cada pessoa é uma alma que está vibrando em um nível evolutivo de consciência”, explica GYUW. “Para algumas pessoas, bens como freezer, secador de cabelo, máquina de lavar louça e geladeira são necessários. Para outras não. Essa discussão tem parâmetros sagrados e espirituais para determinar o que é necessário para cada ser humano. Há mestres que dizem que, estando firmado em uma consciência espiritual, nada é necessário. Você não precisa de nada porque tudo está dado. O que eu tenho agora é o que eu preciso. Só que o que eu tenho é o que está manifestado. Não o que meu ego precisa correr atrás para adquirir. Não por necessidades criadas externamente, mas por contato interno. A busca é por uma vida de simplicidade”.

Minha experiência prática

Em 2006, durante o SABESS (Saberes Bioregionais: Ecodesign Para Sistemas Sustentáveis – Com-Vivência De Trocas), evento organizado em Águas Mornas (SC) por GYUW e amigos, eu tive o primeiro contato com o que seria o embrião da Banca de Graça: uma simples mesa cheia de coisas ofertadas. Eu fiquei meio chocado e não havia nem ao menos com quem interagir, pois na época GYUW ainda não havia refletido sobre a necessidade de mediação humana para facilitar o ato de compartilhar.

Muitas coisas que estavam na mesa me interessavam, mas eu ficava em conflito: pego ou não pego? Será que eu realmente preciso disso? Alguém considerou que isso deve circular. Será meu direito fazer esta energia materializada estagnar? Eu sentia que a responsabilidade era ainda maior por eu estar pegando algo de graça. Eu não tinha o direito de pegar isso se eu não fosse realmente usar. No fim, acabei não pegando nada e ainda deixei alguns objetos na mesa, estimulado pela proposta de desapego.

Em Junho de 2010, durante a elaboração deste artigo, resolvi colocar a mão na massa e realizar eu mesmo uma Banca de Graça. Para simplificar a tarefa, escolhi o “Jeito Simples” (Vide quadro anexo): selecionei utensílios em casa para exercer o desapego e abri uma canga em um encontro de trocas da extinta Rede Viva da Ilha de Floripa.

Os membros da rede de trocas aceitaram minha intervenção de maneira simpática e bem humorada. Feliz ou infelizmente, não consegui doar nada, apesar de muitas pessoas demonstrarem interesse por algum dos objetos que levei. Parece que a proposta do desapego repercutiu nos participantes do evento, talvez porque eles mesmos já estivessem sensibilizados a respeito do excesso de bugigangas que nossa sociedade instituiu e que todos nós acumulamos em casa. O fato é que acabei trazendo minhas doações de volta para casa. Até mesmo aquele livro da saga Crepúsculo que uma adolescente namorou, mas não levou!

Carreguei tudo por várias semanas, oferecendo em diversos lugares, até que consegui doar os artigos eletrônicos – mp3 player, webcam, máquina fotográfica, entre outros – para amigos próximos, livros para a Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e brinquedos de criança para o Serviço de Atendimento Psicológico da UFSC.

Subverta-se

Comece a pensar que a vida pode ser diferente. É simples. Basta apenas boa vontade. E organização. “Nós organizamos e está aqui” – diz GYUW –. “Imagine se todas as comunidades e bairros organizassem isso? Está sobrando. Quem não tem energia em casa parada, sobrando? Inclusive coisas úteis. Ficam lá paradas por 5 anos. `Um dia eu posso precisar´. De repente tem outra pessoa precisando agora. É comum pensarmos em uma desgraça ou eventualidade. Isso é o apego. Mas a lógica da fluidez da energia do universo é totalmente compreensível: você vai ter quando precisar, não precisa guardar. Amanhã, se você precisar, você vai ter. Você vai ter porque você precisou.” Cabe a nós facilitarmos este processo. A Banca de Graça vem no sentido de propagar uma mensagem muito simples: circule a energia.

A Banca de Graça é uma transição, um ensaio, uma escolinha. A lição é que você dá forma ao seu mundo. Somos todos co-autores da realidade. Acredite que irá se manifestar. Nessa nova Terra que está surgindo não haverá mais privação. É o que os antigos chamavam de milagre.

A fome existe? Existe como percepção, porque há uma ignorância das massas. Existe a ignorância que leva à fome: as pessoas acham que precisam de moeda para comprar comida. Como existe um contingente de excluídos das melhores oportunidades econômicas, então esta massa fica com fome.

A Banca de Graça traz a seguinte resposta: há fome porque há ignorância. Se a energia estiver circulando, não há fome porque o planeta é abundante. As sagradas e comestíveis ervas daninhas, como a trapoeraba, o trevo, a ora pronobis, estão aí, espontâneas, crescendo em qualquer terreno baldio que resista. Estes alimentos DE GRAÇA não são usados por ignorância. Assim, a Banca de Graça é uma proposta de expansão da consciência que tem a ver com a lógica divina. Ela está manifestada de forma natural em qualquer lugar.

A síntese da Banca de Graça é: desapego visando à circulação de energia. Seja esta energia financeira, material, ou abstrata. Se a energia está circulando, você não está perdendo nada.

Não é a lógica economicista da materialidade, não é o capitalismo que vai resolver os problemas do ser humano, como muitos irmãozinhos materialistas acreditam. Vai continuar na mesma se acharmos que a justiça é apenas distribuição de bens. As bugigangas acumuladas mostram que não é bem assim. O socialismo, comunismo – ou qualquer outro ismo que inventarem – vai continuar mantendo os mesmos bens, talvez um pouquinho pior porque todos teriam direito a todos os bens pela lógica da dignidade humana material, para quem acredita neste mito. Sei que muitos de nossos irmãos materialistas se arrepiam com uma constatação destas, mas temos que refletir sobre estas questões. É por isso que eu volto a bater nesta tecla: a Banca de Graça não é fruto de ranço do materialismo ou da piedade de tentar resolver problemas sociais ou econômicos. É uma questão espiritual: despertar para a lógica da circulação livre da energia e o desapego.
“Não há revolução possível na humanidade com tantos egos democráticos, como querem acreditar nossos irmãos dos partidos políticos. A Banca de Graça traz o questionamento da própria democracia. Ela não é democracia. Não entenda a banca como democratização de bens e serviços. É outro ponto que está além do ego. Democracia é do ego. Num nível energético superior não existe democracia, existe fluidez de energia.”
GYUW

Para saber (e fazer) mais

ALI’nha’MENTO SOLAR-Cristal/ESPIRITUAL – “FRUTOS DE GRAÇA” CÓSMICA : blog do GYUW com textos sobre a Banca de Graça, as sagradas e comestíveis ervas daninhas e muito mais.

Freecycle: uma rede de trocas online com atuação global (Infelizmente ainda opera pelo velho paradigma da troca, não estando completamente alinhado com a proposta da doação incondicional

Faça você mesmo: Banca de Graça

Até hoje, todos os grupos que realizaram Bancas da Graça foram compostos por pessoas livres que optaram por se encontrar e realizar uma ação coletiva desvinculados de qualquer instituição formal.

 O conceito é simples e requer apenas uma pequena dose de boa vontade. Alguns viabilizam doações, outros conseguem uma estrutura e marcam o horário para expor tudo na rua. Qualquer lugar é possível: no calçadão de uma capital, em uma comunidade, na festa de uma igreja. Independente de ser um espaço público ou fechado, se for uma atividade rotineira a coisa se espalha.

 Jeito simples: de um grão de areia forma-se a praia

1- Escolha o local

2- Abra uma canga ou esteira de palha no local escolhido;

3- Coloque uma plaquinha com os dizeres: “Banca de Graça”;

4- Diga: “Aqui é a Banca de Graça. Se quiser deixar alguma coisa aqui, fique a vontade. O próximo que passar e quiser levar, leva”.

Jeito elaborado: o sertão vai virar mar

1- Monte um grupo gestor;

2- Faça uma arrecadação;

3- Defina a data* e periodicidade**;

4- Consiga uma barraca de madeira ou qualquer estrutura para expor as doações;

5- Imprima cartazes com reflexões e orientações para não precisar repetir a mesma coisa diversas vezes;

6- Faça a Banca de Graça conforme decidido em grupo.

*É recomendável não fazer divulgação pública para não gerar expectativas ou confusão.

**Se houver periodicidade, sugere-se que a banca aconteça rotineiramente, mas seu local mude constantemente para evitar excesso de doações ou tumulto.

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4 Comments

  1. Joelma Alves

    19 de março de 2012 at 10:23

    Gabriel,

    Muito interessante seu texto. Como foi dito, o difícil (para mim) não é doar aquilo que não me serve mais, difícil é doar aquilo que a gente usa, que é útil.
    Apesar de não ser uma pessoa muito espiritualizada, sinto quando a energia começa a pesar, por assim dizer, pelo acúmulo de bugigangas lá em casa. Daí junto tudo, jogo fora o que não presta mais (estranho guardar em casa coisas que não prestam mais), dou as roupas e recentemente vendi livros e revistas para um sebo. Tá certo que o texto fala da dádiva, de não exigir nada em troca, mas como foi dito também, não há uma verdade absoluta, talvez eu ainda não esteja preparada para ser tão despreendiada dos bens materias, mas pelo menos fiz a energia circular…

    A legenda da foto do lixão me fez lembrar de uma música que eu gosto muito, e acho que se encaixa muito bem nesse texto:
    ‘A sociedade de consumo e seu sentido sem sentido
    Marginalizam o ócio e a vida contemplativa
    Sufocando almas num deserto criativo’

    Não vou dizer que sairei por aí montando Bancas de Graça, mas ou pensar bem nas minhas próximas compras.
    Ah, confesso que não resitiria ao livro que você estava doando, minha alma não evoluiu ao ponto d’eu recusar um livro de graça. rs

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  2. Iury BAS

    21 de março de 2012 at 10:36

    Interessantíssimo. Assim como a Joelma, não sei se teria todo esse desapego de deixar um bom livro pra trás hahahaha

    O texto é bom para dar uma bela refletida no que consumimos, a quantidade e o porque.

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  3. Filipe Carnage

    25 de abril de 2012 at 13:52

    Esse lance de se desapegar é um problema mesmo. O tanto de coisas que vamos acumulando realmente é muito grande e não se desfaz pois acha que está “perdendo” de não obter lucro ao se desfazer, mas também não ganha nada por ter aquilo em casa.
    A cada dois meses em média eu faço uma geral em casa e encho bem uma sacola grande (estilo Americanas pra colocar edredon) de roupas, calçados, eletrônicos e afins. Geralmente mando pra um pessoal do interior que mora no sítio ou coisa do gênero.
    Apesar disso confesso que é muito complicado aplicar o desapego. É um processo lento onde precisamos ir condicionando o cérebro pra aceitar e aplicar o desapego. Parabéns pelo post e o incentivo à iniciativa! Abraço!

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  4. […] publicado originalmente na MobGround.net. Reproduzido mediante permissão, de acordo com a licença Creative […]

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