TheHobbit

Assistir a trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas foi uma das experiências mais divertidas que eu já tive com filmes. Os cenários (filmados nas belas paisagens da Nova Zelândia) conseguiam transmitir todo aquele clima épico que a história pedia. Além disso, apesar da conclusão chegar apenas no terceiro filme, os outros dois conseguiam terminar de forma satisfatória, encerrando algumas questões e deixando público ansioso para o que viria a seguir. Aí o Peter Jackson resolveu dirigir a adaptação de O Hobbit, um livro BEM menor que Senhor dos Anéis e com uma história muito menos épica. A primeira coisa que pensei foi “vai ser uma aventura divertida e vai ser legal voltar à Terra-Média”. O problema é que o cara decidiu que faria não um, mas três filmes para adaptar a obra.

Eu nunca li O Hobbit (e acho Senhor dos Anéis um saco), mas conheço a história. Sinceramente, é difícil imaginar a simples história de um grupo indo enfrentar um dragão se estendendo para três filmes. A introdução do filme, que mostra os anões perdendo seu reino para o dragão Smaug, é divertida, mas quando vamos para o Condado, é que a coisa começa a ficar um pouco arrastada. Tratando logo de fazer uma ligação com O Senhor dos Anéis, a adaptação de O Hobbit começa pra valer no Condado, com Bilbo Bolseiro começando a escrever suas aventuras. Temos até a participação do Frodo e percebemos que tudo se passa pouco antes de Bilbo desaparecer e deixar o Um Anel para o sobrinho. São vários minutos que mostram Bilbo pensando se deve ou não escrever a história e Frodo repetindo falas de O Senhor dos Anéis.

Quando finalmente vamos para o passado (60 anos para ser mais exato), acontece uma longa sequência que mostra Gandalf convidando Bilbo para uma aventura e a chegada dos anões na casa do hobbit. Leva-se muito tempo até que finalmente seja revelado o motivo pelo qual os anões precisam de Bilbo e mais algum tempo até que ele decida partir junto. Tudo bem que O Senhor dos Anéis também tinha um começo longo, mas a diferença é que tudo naquele filme era novidade, algo que não acontece em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada já que conhecemos o cenário. As tomadas aéreas mostrando a belíssima Terra-Média já não causam mais o mesmo impacto de anos atrás. A ação é divertida, mas também não é nada que já não tenhamos visto. Além disso, elas são um pouco menos violentas, já que O Hobbit possui uma história mais infantil e com mais humor.

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O humor, aliás, parece ser a principal função dos anões, que discutem entre si, tropeçam uns nos outros, esse tipo de coisa. Dos 13 anões da história, eu só consegui guardar o nome e aparência de Throrin Escudo de Carvalho, se morresse algum dos outros, eu nem iria me dar conta. Pelo menos a quantidade de anões rende boas cenas com Gandalf que, a cada nova fuga, sempre aparece contando o número de seus companheiros pra ver se ninguém ficou para trás. Falando em Gandalf, ele está muito mais atuante aqui do que em Senhor dos Anéis, utilizando sua magia mais vezes. O único problema disso é que ele sempre acaba surgindo com um truque mirabolante quando a coisa parece perdida e é impossível não perguntar “por que ele não fez isso antes?”.

Já o protagonista, Bilbo Bolseiro, fica totalmente sem função com a divisão da história em três filmes. Os anões não teriam motivo algum para levar o hobbit com eles, já que ele pouco ajuda. A única função dele até o momento é estar destinado a encontrar o Um Anel, que será o foco no futuro. Aliás, a disputa de adivinhações entre Bilbo e Gollum foi a melhor coisa do filme, trazendo de volta um dos melhores personagens da trilogia. As cenas em que Gollum conversa sozinho bem na frente de Bilbo, tentando decidir o que fazer com o pequeno hobbit são hilárias. Sem contar que o visual da criatura, totalmente criada em computação gráfica, está ainda mais sensacional do que em Senhor dos Anéis. Esse trecho do filme agrada também no quesito tensão. Apesar de sabermos que Bilbo está vivo no futuro, é difícil não prender a respiração quando Gollum começa sua caçada pela caverna.

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O Hobbit conta ainda com trechos que vão fazer a alegria dos fãs da trilogia original, como a visita do grupo à Valfenda e as aparições de Elrond e Saruman. O problema, mais uma vez, é que muitas dessas conversas são arrastadas, tudo com o intuito de esticar ao máximo a história. Por falar em esticar, um dos maiores acertos de O Senhor dos Anéis foi justamente cortar os trechos de cantoria, já em O Hobbit elas estão presentes. Talvez o corte dessas cenas já fosse o suficiente para deixar o filme menos cansativo. Como ainda temos mais dois filmes pela frente, o final d’O Hobbit: Uma Jornada Inesperada também não resolve nenhum dos arcos criados, deixando tudo para as continuações. No final das contas, o filme foi um bom passatempo, uma aventura legalzinha, mas nada além disso. Bem longe da jornada épica de O Senhor dos Anéis.

Agora o super banner (cliquem para ampliar):

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The Hobbit: An Unexpected Journey (EUA, 2012)

Direção: Peter Jackson

Duração: 169 min

Nota: 7,5

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No Comments

  1. Bianca

    17 de dezembro de 2012 at 13:54

    Bom, não li “O Hobbit” e fui assistir sem ao menos saber do que se tratava, apenas que era um história antes de “O Senhor dos Anéis”. Eu não sou grande fã da trilogia, mas tenho vontade de ler um dia. Achei o filme muito bom, e como me contaram depois, há partes em que existe cantoria dos anões, pois parece ser um tradição deles. Quando soube que haveria três filmes, pensei “huum, parede demais” mas acho que é uma boa forma de mostrar os detalhes que podem ter passados despercebidos no caso de “O Senhor dos Anéis”. Vamos ver o que vai dar depois que a trilogia acabar, acho muito cedo para falar que ficou sem graça.

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  2. Tio Chocomalk

    17 de dezembro de 2012 at 14:04

    Acho que a primeira vez que digo isso aqui ( desde o tempo de NSN ) mas discordo de você cara.
    Achei o filme muito bom, talvez tu ache isso por não curtir Senhor dos Anéis e não ter lido O Hobbit.

    Como disse as cantorias foram retiradas de SdA mas elas lá num tinham tanta importancia, já em O Hobbit ( se tivesse lido saberia ) que a música na casa do Bilbo foi um dos fatores a “convence-lo”.

    Não pagar uma de Ultimate Fã aqui… mas acho que a adaptação de certa forma ta um pouco melhor do que SdA. Como disse no post do livro por serem três filmes ele pode por o texto integral. Fora que ainda aproveitou e juntou umas pontas ( como a cena do concelho em Valfenda )

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    • Felipe Storino

      17 de dezembro de 2012 at 14:12

      Eu gosto dos filmes do Senhor dos Anéis, apenas acho os livros chatos. E sou da opinião de que um filme tem que funcionar mesmo para quem não leu o livro, como é o caso de Senhor dos Anéis. Já nesse filme sinceramente eu achei apenas ok, filminho de aventura com algumas partes bem arrastadas.

      Tem muita coisa que poderia ter sido cortada sem estragar a história. Espero que melhorem isso nos próximos filmes.

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      • Tio Chocomalk

        17 de dezembro de 2012 at 14:26

        Po num sei cara, pode ser por eu estivesse meio empolgado na hora mas não achei o filme longo. Acho até mais “curto” que A Sociedade do Anel
        que tem várias partes que parecem que acaba mas continua.
        E essa questão de achar o Bilbo inútil é por enquanto, pois se lesse saberia que ele é o personagem mais importante da comitiva ( o mago mesmo diz isso ), quanto ao Gandalf agir, geralmente nem junto com o grupo ele está quando a merda fede.

        Mas acho que essa quetão de adaptação vai ser pra sempre…porque conheço MUITA gente que reclama de muita coisa que ele num colocou no Senhor dos Anéis, que eu acho que seria enfadonho e atrasaria a história.

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        • Felipe Storino

          17 de dezembro de 2012 at 14:39

          Repito: a minha opinião é de que o filme deve funcionar sozinho, sem a necessidade de leitura do livro. Assim como o primeiro filme deve ser julgado sem os outros dois. Senão todo mundo só poderia escrever sobre a história depois que os três filmes fossem lançados.

          Eu estou julgando o filme pelo que eu vi no cinema e não achei tudo isso que todos estão falando. Apenas isso.

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          • Tio Chocomalk

            18 de dezembro de 2012 at 07:41

            Bom ainda discordo quanto ao filme ser longo mas enfim né…
            Tava aqui devaneando e lembrei que quando vi Senhor dos Anéis a primeira vez ainda num tinha lido os livros e meio que tinha a mesma opinião que você. Achei o primeiro meio enfadonho mas isso muda em conjunto com os outros ( até minha mãe é fã agora ).

            Devia ter lembrado disso antes. Como eu li, tava com dificuldade de me por no seu lugar. Mas lembrando disso realmente, mas bem é esperar os outros talvez goste mais das sequencias ( ou do conjunto completo né ^^ )

  3. Rafael Martins

    19 de dezembro de 2012 at 00:25

    Bom, muita coisa que o Felipe disse realmente é fato.
    À primeira vista, também achei o filme um pouco arrastado demais.

    Mas uma coisa que discordo totalmente do Felipe e acredito ser a principal causa de todos os defeitos levantados por ele (que são reais, mas que não comprometem tanto quanto ficou parecendo na crítica):

    “Sinceramente, é difícil imaginar a simples história de um grupo indo enfrentar um dragão se estendendo para três filmes.”

    Não é uma SIMPLES história de enfrentar o dragão.
    Este é o problema.

    O Hobbit acaba por apresentar muitas histórias dentro da própria história.

    Tolkien não primava por apresentar personagens profundos (longe disso, são rasos como pires). Mas a Terra Média era sim seu grande protagonista (a desculpa perfeita para dar uma aplicabilidade aquele monte de línguas criadas pelo nerd Tolkien).

    Em O Hobbit a apresentação deste mundo, seus personagens e criaturas fantásticas é que caracterizam a Terra Média. Muito mais do que enfrentar o dragão ou jogar um anel em um vulcão, toda esta jornada é um passeio por um lugar fantástico. E eu embarquei.

    O uso do 3D deu uma nova perspectiva aquela fotografia impressionante na Nova Zelândia, com uma profundidade magnífica. Se não tem coisas saltando da tela a todo o momento, tem sim um apelo a admiração dos cenários fantásticos.

    Não tem nem comparação entre as cenas que mostram as Minas de Moria e a Montanha Solitária: a realidade do cenário evoluiu e muito.

    A questão é: realmente, achei o filme arrastado e isso é culpa dos produtores em querer fazer uma trilogia, mas o principal ponto do filme, dessa nova trilogia e da outra é a imersão.

    Eu vivi cada pedaço do filme enquanto assistia.
    Achei sim, arrastado.
    Como achei o primeiro SdA quando vi.
    Mas ao final dos filmes, e após revê-los, eu consigo enxergar um trabalho coeso. Um conjunto.
    E me supreendi que mesmo depois de tantos anos, o espírito da saga foi mantido.

    Será divertido ver os seis filmes no futuro.

    Reply

    • Tio Chocomalk

      19 de dezembro de 2012 at 07:37

      Érr… acho que isso simplifica as coisas hehehe
      Eu compliquei tudo XD~
      Valew Rafael é mais ou menos isso que quis dizer também HAHAHHAHA

      Reply

  4. Thiago Chaves

    23 de dezembro de 2012 at 08:05

    Cara,

    Assisti o filme ontem e achei muito bom. Mas concordo com tudo que você disse. O filme acabou ficando arrastado em alguns momentos, mas não por causa das cantorias e sim por alguns diálogos que poderiam ser mais breves.

    Aliás, a principal cantoria (que estava no trailer) deles foi sensacional!

    Eu assisti em 3D e o achei ótimo. Somos imersos completamente dentro dos cenários, até me esqueci que estava com 2 óculos no rosto (o meu mesmo e o do 3D).

    E concordo que o Bilbo ficou sem função clara nesse primeiro filme, aliás, não foi explicada direito a função dele nessa missão. A única coisa clara ali é que o Gandalf queria que ele fosse junto e por isso, os anões estavam levando ele.

    Agora, achei que a computação gráfica no Gollum foi SENSACIONAL. Conseguiram melhorar e muito o que já era foda. E concordo novamente com você, as cenas de adivinhações entre o Bilbo e ele foram a melhor coisa do filme, hilárias.

    Gostei dos anões também, embora eu não lembre o nome da maioria também.

    Ah, uma coisa me incomodou bastante no filme. ELES NÃO MOSTRARAM COM CLAREZA O DRAGÃO. Só mostraram os ataques feitos por ele. O que foi, economizaram uma grana não tendo que fazer isso???

    Enfim, pra concluir, concordo que o filme se arrastou, mas nada que me fizesse ficar cansado. Foi ótimo voltar a esse mundo, acompanhado de uma ótima trilha sonora. Eu diria que a história é uma aventura, dentro de muitas outras aventuras.

    Obs: Continuo achando que três filme é demais. Dois já seriam de bom tamanho, ainda mais com uma duração de quase 3 horas.

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    • Tio Chocomalk

      24 de dezembro de 2012 at 17:35

      O lance do Dragão, acho que foi pra ter “novidade” no restante da saga… se não seria só repetição de tudo que já foi mostrado.
      Como num tem lá tanta coisa pra ser mostrada
      de novidade pra quem já conhece a Terra Média
      então só resta ficar na expectativa pro Smaug ^^

      Reply

      • Thiago Chaves

        24 de dezembro de 2012 at 18:48

        Ah, sei não. Acho que foi mais para economizar grana mesmo. rs

        Reply

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