Existem duas maneiras de encarar O Pêndulo de Foucault. A primeira é como um dos piores livros ficcionais que você já leu, e a outra é como uma gigantesca e arrastada auto-afirmação de um intelectual, que em alguns momentos se permite descer do trono criado por ele próprio para ele próprio e ter umas sacadas geniais. Infelizmente, sob nenhum dos dois ângulos, a leitura é satisfatória o bastante para encher os olhos.

Pra quem conheceu Umberto Eco – um semiólogo, filólogo e um monte de outros ólogos, tido como um dos três maiores intelectuais vivos – em O Nome da Rosa, apesar da qualidade notável do livro, percebeu alguns pontos dos mais incômodos na escrita dele. O cara simplesmente descreve tudo com uma carga tão densa de detalhes inúteis que incomodaria até Tolkien sob efeito de psicodélicos. Até porque gastar 10 PÁGINAS para descrever o portal de um mosteiro não é missão pra qualquer escritor, e Umberto Eco faz isso com uma mão nas costas e fazendo embaixadinha com um livro de Semiótica Avançada.

Em O Pêndulo de Foucault essa máxima é levada às últimas consequências. Últimas de verdade. Ao ponto do livro servir de mera muleta para Eco mostrar o quanto é fodão e manja de ocultismo e sociedades secretas. São mais de 500 páginas com ideias, referências, inserções de textos antigos, conspirações sobre conspirações sobre conspirações e um monte de coisas que levariam Dan Brown a cometer harakiri se ele tivesse o mínimo de vergonha na cara. O problema é que Umberto tropeça na própria regra criada por ele: o livro é pornográfico.

Não pornográfico no sentido estético, de nudez, mas sim narrativo. No livro Seis Passeios pelo Bosque da Ficção, Umberto define o que é uma narrativa pornográfica. Segundo ele, é aquela que não corta o que é desimportante, justamente para não cansar o público com cenas de sexo demais, e nem cansar os atores por atuarem somente trepando. Essa alternância de sexo e vida real seria o âmago da pornografia legítima. Assim, são gravadas cenas inúteis, como um motoboy indo entregar uma pizza, um limpador de piscina que realmente limpa toda a piscina… tudo mostrado em tempo real, para preencher os momentos entre o sexo desenfreado e mal encenado.

É isso que é O Pêndulo de Foucault, pura pornografia narrativa no pior dos sentidos.

A ideia do livro é excelente. Um trio de colaboradores – Belbo, Diotallevi e Casaubon – de uma editora italiana especializada em livros espiritualistas trabalha na criação de uma coleção mística, e acaba por desenvolver o que eles denominaram O Plano, que seria a Conspiração Final, o Grande Segredo, que envolve todas as sociedades secretas do mundo e a reescrita de séculos de história mundial desde as primeiras cruzadas e a ascensão do poder dos Cavaleiros Templários. Porém, como todos os apitos de clichês anunciam, o Plano se mostra real e a vida de todos corre perigo. O ano em que rola a história toda, os revolucionários anos 1960, dá margem para uma série de reflexões e inserções interessantes, mas o autor faz questão de passar por cima disso sem dó, se fixando unicamente na missão de pegar na mão do leitor e traçar linhas entre a existência da Maçonaria e dos Assassinos – entre milhares de outras coisas.

É basicamente isso. Os personagens são mais rasos que uma piscina infantil, com motivações bestas e conflitos tão divertidos quanto ser acordado por uma Testemunha de Jeová às oito da manhã de um domingo.

Mas se os personagens, a narrativa e o ritmo parecem saídos de um romance barato de Sidney Sheldon, o livro ganha força quando as descrições históricas entram em cena. Umberto não cansou de dizer aos quatro ventos que estudou cerca de mil livros para compor a hiper-teoria-da-conspiração de O Pêndulo de Foucault, e lá pela página 300 não é muito difícil concordar com isso. São tantos fatos, encontros, teorias e organizações secretas que a certo momento o Plano começa a fazer sentido dentro da cabeça de quem está lendo. Principalmente se o leitor tiver a mínima curiosidade de pesquisar ao menos por alto a profundidade e o contexto histórico dos fatos descritos no livro.

Referências a livros extremamente raros também permeiam diversos bons capítulos, mas se perdem no meio de uma zona descritiva extremamente enfadonha que afoga qualquer tentativa de tudo se tornar verossímil. As boas sacadas – como a genial relação entre a Kabbalah e o funcionamento de um carro – também somem ante a estupidez de Eco de construir qualquer fluxo narrativo minimamente decente.

Na cabeça dele deve ter vindo a “brilhante” ideia de fazer literatura com o mesmo estilo caudaloso e enfadonho que Eliphas Levi escreveu livros de Magia – porém, Levi tinha um objetivo bem claro: espantar qualquer curioso que estava ali para aprender a ficar invisível facilmente, ou seja, o público que tornou as obras de São Cipriano um sucesso. Já Eco aparentemente só queria mostrar somente a distância a que vai o próprio conhecimento dele – vasto pra cacete, só pra acrescentar.

Para os brasileiros existe o atrativo do livro ter diversos trechos passados no Brasil, com referências ao Candomblé e outras religiões afro, xamanismo e o estado de possessão, características bem presentes nas nossas religiões mais mágicas. Mas o interessante é notar que esses respiros narrativos – uns 70% do livro corresponde ao trio de personagens discorrendo sobre teorias, lembranças distantes ou falando sobre amores perdidos – somente servem para dar voltas e fazerem com que Eco descanse da queima de fosfato que foi elaborar a série de teorias e correspondências histórico-conspiracionais que são a estrela do livro.

UMBERTO ECO

Mas vamos lá: supomos que você é um cara com sede de aprender e encontre no livro o tipo de mensagem que pode transmitir um pouco de conhecimento secreto e a História Não-Escrita. O livro será uma aventura, principalmente depois da página 300 (quem disse que a vida é fácil?), quando os três conspiradores iniciam a jornada para escrever o Plano. É fácil ficar grudado no livro para querer saber os próximos passos e por alguns instantes chamar Eco de gênio ao vê-lo incluir nazistas, os Assassinos – sim, aqueles matadores furtivos de Assassin’s Creed, em um belo dia escrevo um texto sobre eles -, os Rosa Cruzes no mesmo balaio, tudo com humor absoluto e desprendimento o bastante para dizer que a criação da Maçonaria não passou de um chamariz para atrair parte dos protagonistas do Plano.

Mas mesmo para essas pessoas – meu caso – o livro ainda guarda um pouco do rancor e pedantismo de Umberto Eco. O final é extremamente tosco, vê-se que Eco não segue o exemplo de autores clássicos como Mircea Eliade e trata a Magia “simplesmente” como Magia, mas como uma sub-ciência que deve ser tratada com desdém. Como um mero artifício literário, e esse tom por demais afastado termina com qualquer tentativa de apreciar o livro.

É justamente o inverso de Dan Brown, que passa a impressão que acredita estar mudando o mundo a cada página, cada revelação e cada nova roupagem pop a teorias antigas que ele enfia nos livros dele. Enquanto um parece querer cuspir na sua cara o que sabe, com certo desdém e com uma tonalidade que parece gritar “Puta merda, camarada, você acredita nessas coisas?”, o outro diz em nas entrelinhas “Amigo, você é louco de não enfiar na sua cabeça que a linhagem de Jesus está por aí e que Leonardo Da Vinci escondeu dezenas de mensagens secretas nas obras dele”. Sinceramente, não sei quem é pior.

Para não dizer que o livro não tem nenhuma proposta literária, é possível extrair a lição de que “criações mentais podem tomar vida”. É preciso manter a desconfiança até mesmo no próprio Inconsciente, pois é possível ser engolido pelas próprias crenças, por mais absurdas que sejam ou pareçam.

Mas O Pêndulo de Foucault não é um livro, não possui narrativa, personagens ou outra coisa básica que qualquer livro possui. Como um caudaloso livro cético sobre teorias conspiracionais e sociedades secretas se sairia muito melhor.

Mas, como Eu não ouço meus próprios conselhos, comprei o mais novo livro de Umberto Eco: O Cemitério de Praga, vamos dar uma última chance ao pedante italiano. Quem sabe com uma história que envolve espionagem e a criação do Protocolo dos Sábios de Sião (citados em O Pêndulo), Eco não acerte em cheio de novo?!

 

Livro: O Pêndulo de Foucault (1997)

Editora: Record

Autor: Umberto Eco

Páginas: 613

Nota: 4

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No Comments

  1. Beto Mafra

    16 de março de 2012 at 10:05

    Pô! Filipe cruel!
    Li o Pêndulo faz vinte anos e agora vou reler, pois não vi tanto delírio assim.
    Dei o desconto para a vaidade do nosso grande intelectual e fui em frente.
    Tem razão em muita coisa e depois de reler volto a comentar.

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  2. Zé da Fiel

    16 de março de 2012 at 11:35

    Eu li o livro tambem a uns 15 anos e tenho que dizer que só entendi de verdade a estoria quando a re-li numa versão com o Pato Donald, Peninha e Gastão que saiu num Almanaque Disney.

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    • Walter Junior

      11 de janeiro de 2013 at 13:18

      Zé, qual é o número desse Almanaque Disney? Ou, pelo menos, a data.
      Abraço

      Reply

  3. Zé da Fiel

    16 de março de 2012 at 11:38

    Im adendo. O melhor livro do Umberto Eco é “A Ilha do Dia Anterior”. A descrição que ele faz de um “computador medieval ” é fodastica …e a enumeração e descrição de suas funcionalidades ocupa pelo menos umas 40 paginas do livro.

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  4. Galileu

    16 de março de 2012 at 21:16

    Discordo da sua análise. Apesar do exagero nas descrições, que é uma característica do autor, o livro é intrigante, principalmente o personagem Jacopo Belbo e sua facilidade em promover uma “ficção” e incapacidade de fazer o mesmo com sua própria vida.
    E comparar Humberto Eco com Dan Brown também é sacanagem.

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    • Filipe Siqueira

      16 de março de 2012 at 21:38

      Belbo é o único personagem com um arremedo de criação e de conflito – graças ao seu amor não-correspondido e o triângulo amoroso com Agliè, que faz o papel de um Saint Geirman mala. Até o passado dele na guerra não melhora a situação, e só está na trama porque Eco disse

      Toda a criação da trama não gira em torno dos personagens, eles e as situações em que se envolvem são basicamente inúteis. O que importa é o Plano, ele é o único personagem.

      A comparação com Dan Brown vem do próprio Umberto Eco, ao dizer “Eu inventei Dan Brown”, o que não discordo. Eco é muito mais intelectual, muito mais culto… mas é menos escritor que Dan Brown. O segundo faz uma obra rasa, com leitura popular e de metrô, enquanto o primeiro faz algo extremamente chato, quase intragável, cheio de citações inúteis (nem a ligação dos capítulos com as sephira da Kabbalah fazem sentido, se tornando um mero artifício).

      Por isso disse que se fosse um ensaio ou livro de não-ficção sobre teorias da conspiração e ocultismo, seria praticamente perfeito. Mas como romance, é uma lástima completa.

      Reply

      • Galileu

        16 de março de 2012 at 22:42

        Pô Filipe, Agliè também é um bom personagem, não tem como ficar indiferente a ele, antipatia na certa. E Casaubon, através de quem nós acompanhamos a história, pode-se dizer que é um bom guia. Quanto ao nome dos capítulos, já li três vezes esse livro e não consegui descobrir sentido neles.
        Não conhecia essa declaração do Humberto Eco, mas na época que li o Código da Vinci, O Pêndulo de Foucault me vei logo na memória.

        Reply

  5. Filipe Siqueira

    16 de março de 2012 at 21:37

    Belbo é o único personagem com um arremedo de criação e de conflito – graças ao seu amor não-correspondido e o triângulo amoroso com Agliè, que faz o papel de um Saint Geirman mala. Até o passado dele na guerra não melhora a situação, e só está na trama porque Eco disse

    Toda a criação da trama não gira em torno dos personagens, eles e as situações em que se envolvem são basicamente inúteis. O que importa é o Plano, ele é o único personagem.

    A comparação com Dan Brown vem do próprio Umberto Eco, ao dizer “Eu inventei Dan Brown”, o que não discordo. Eco é muito mais intelectual, muito mais culto… mas é menos escritor que Dan Brown. O segundo faz uma obra rasa, com leitura popular e de metrô, enquanto o primeiro faz algo extremamente chato, quase intragável, cheio de citações inúteis (nem a ligação dos capítulos com as sephira da Kabbalah fazem sentido, se tornando um mero artifício).

    Por isso disse que se fosse um ensaio ou livro de não-ficção sobre teorias da conspiração e ocultismo, seria praticamente perfeito. Mas como romance, é uma lástima completa.

    Reply

  6. Lucas

    17 de março de 2012 at 23:42

    Discordo da sua análise, Felipe. Para mim, esse livro trata da capacidade do ser humano de criar sentido ao mundo. O modo como os três pesquisadores ajustam a lógica da história do ocidente ao Plano, primeiro divertindo-se, depois realmente acreditando no que escrevem, é uma demonstração do quão longe essa capacidade pode ir.

    Você chama o Eco de pedante, mas acredito que as toneladas de informação servem para mostrar que vários grupos também tentam imprimir sentido ao mundo e se esforçam consideravelmente para incluir todos os fatores imagináveis na lógica que defendem.

    Se aceitarmos o ditado de que “quanto maior a altura, maior a queda”, a montanha e de informações que Casaubon e Cia. reúnem serve, em grande medida, para aumentar o impacto destruidor dos argumentos da esposa de Casaubon, lá pelo último quarto do livro, além da reflexão final do livro, que é belíssima.

    Sei não, cara. Talvez você tenha lido o livro na hora errada. Eu mesmo odiei Baudolino quando tentei ler pela primeira vez, mas hoje em dia esse livro está no meu Top 5 of all time!

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  7. Guga

    19 de março de 2012 at 12:57

    Vou com o restante dos comentários. Na minha opinião livro é muito interessante. Eco é pedante? Sim. O livro é arrastado e pretensioso? Não.
    Eu digo que o livro não é pretensioso exatamente pela tonelada de informações que o autor despeja sobre o leitor incauto, que precisa tomar fôlego quando percebe que a coisa é séria, o fato de parte do livro ser ambientada no Brasil serve mais ainda para sedimentar isso, afinal, o Brasil não é para iniciantes…
    Acredito ser impossível comparar a maestria com que Eco mistura todas as referências ao ocultismo e sociedades secretas com a abordagem rasa de Dan Brown em seus livros.
    Vai me desculpar mas comparar Brown com Eco é como comparar um bom bordeaux com uma coca-cola, diet. Tem horas que eu prefiro uma coca bem gelada tem horas que não.

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  8. Rodrigo

    20 de março de 2012 at 02:13

    Foda essa crítica. O lance é ficar vendo pipoca com naquim mesmo. Esse livro é fantástico e nem tudo na vida é diversão Big Bang Theory. Eco é uma benção a todos nós. Descrever é demais, criar as imagens…construi-las com palavra. Isso é uma das coisas bacanas, não é ser pedante…é ser preciso.

    Reply

  9. Isadora

    30 de maio de 2012 at 14:26

    Que pena que existem poucos autores “pedantes” como o Umberto Eco.

    Reply

  10. Manoel Almeida

    3 de setembro de 2012 at 16:05

    Nome da Rosa é um baita livro…

    Mas o Pendulo é uma coisa meio difícil de tragar… E padece daquele defeito crônico a livros ruins: pode-se pular dezenas de páginas e ler o que prende que o fio da meada não se perde.

    De fato, um escritor menos pretensioso teria feito mais do mesmo material sem tanta empulhação.

    Mas o livro tem bons momentos. Pena que descontínuos. A impressão que dá é que Eco ficou cheio de si demais pelo Nome da Rosa. Acreditou no próprio mito. Um defeito pesaroso para qualquer escritor.

    Reply

  11. Nilson Brito

    25 de novembro de 2012 at 01:43

    Recomendo que você leia de novo. Aconteceu comigo. A primeira vez que li, não entendi nada. Nada fazia sentido. Resolvi reler e entendi tudo e achei maravilhoso. Fiquei arrebatado e decidi ler pela terceira vez. Tudo está muito bem costurado. A narrativa vai te envolvendo de um jeito. Nada é gratuito. O livro realmente não foi escrito para leitores aventureiros que querem uma leitura de fácil digestão. Umberto Eco me ensinou muito com este livro.
    Um abraço,
    Nilson Brito

    Reply

  12. Richard

    11 de dezembro de 2012 at 15:38

    Filipe,

    Leu o Cemitério de Praga? Sai alguma resenha dele? Acabei de terminá-lo e gostei bastante.

    Abs,

    Reply

  13. Casagrande

    27 de dezembro de 2012 at 15:09

    “Guerrilheiro Ontológico conhecedor das técnicas filosóficas sofistas. Anarquista individualista sem nenhuma preocupação de mudar o mundo! Mago do Caos! Dissidente da Verdade pronto para dar nós em todos os cérebros! Libertário! Jornalista especializado em games, quadrinhos, ocultismo e mind hacks”???? E ainda chama o Eco de pedante???

    Reply

  14. ROBSON RODRIGUES

    1 de dezembro de 2013 at 23:19

    Ainda não li mas ,pelos comentários de vcs deve ser interesante,preciso ler p entender várias coisa que me dizem respeito,obriGADU

    Reply

  15. Kk

    15 de dezembro de 2013 at 11:52

    A descrição que o amigo faz de si mesmo no início do blog não da moral pra falar que Eco eh ou não pedante .O livro eh incrível e o referido autor o máximo.

    Reply

  16. Cuco

    17 de maio de 2015 at 17:34

    O livro é realmente cheio de referências. Ainda estou lendo. Não se trata de um livro fácil, mas é muito interessante. Não me surpreende que Umberto Eco tenha lido centenas de livros para compor as inúmeras referências presentes no O Pendulo de Foucault.

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  17. Sylvia

    28 de maio de 2015 at 13:46

    Li no início dos 90, a leitura é densa mas interessante. Intelectuais em geral tem um ego muito maior do que a capacidade intelectual e HE está mais além nesta escala.. maturidade emocional é must.

    Reply

  18. Theo Tollendal

    2 de junho de 2015 at 16:10

    Crítica ridícula, só pode ser inveja. Ler Umberto Eco procurando Dan Brown é demais.

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