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No início da década de 1980, o roteirista Alan Moore não era tão conhecido pelo público americano. Até então, ele só tinha escrito algumas histórias para a 2000 AD e iniciado Miracleman e V de Vingança, obras que já mostravam o potencial do Rouxinol de Northampton.

O autor, que ainda não tinha problemas criativos com a Marvel, resolveu então revolucionar o frágil mundinho do Capitão Britânia no selo inglês da Casa das Ideias. Até aquele momento, o personagem inglês não tinha relevância alguma no Universo Marvel limitando-se a ser, no máximo, um personagem classe B, praticamente C.

Moore se uniu ao desenhista Alan Davis e introduziu um conceito fascinante muito em voga na DC: o Multiverso e as suas terras paralelas. A ideia em si não era nova, mas pelo menos na Marvel, sim. E essa não foi a única novidade: temos o surgimento do vilão Jim Jaspers, a misteriosa Saturnyne, a Tropa dos Capitães Britânia e talvez um dos vilões mais implacáveis da história dos quadrinhos: o temível Fúria. Isso sem falar que o roteirista definiu a numeração da terra principal da Marvel como a 616.

O mais impressionante disso tudo é que todas essas novidades aconteceram em um run curto de apenas dois anos, com cada história tendo poucas páginas (fugindo das tradicionais 22 páginas), o que só mostra as habilidades narrativas da equipe criativa.

Mesmo em início de carreira, Moore já mostrava um talento invejável em prender a atenção do leitor, principalmente na primeira luta do herói contra o Fúria e no renascimento do mesmo. A evolução do roteirista também fica visível quando a trama vai perdendo o tom alegre e ficando mais sombria. É notável que Moore se solta um pouco mais nessa hora e tudo flui melhor.

Embora sua passagem pela Casa das Ideias tenha sido curta, a história desse encadernado influenciou pesadamente a Marvel, principalmente o universo dos X-Men. Chris Claremont (que inclusive é criador do personagem, olhem só) utilizou várias coisas aqui para criar suas histórias – Excalibur e a fase dos mutantes na Austrália que o digam.

Até o roteirista Jonathan Hickman tem influências dessa obra. É só ver o trabalho que ele desenvolveu em Vingadores e Novos Vingadores para criar a sua Guerras Secretas.

E o que dizer da arte? Alan Davis fazendo um belo trabalho, com influências oitentistas no traço, chegando a alguns momentos num lance meio Vertigo. Quando a história pedia um momento mais descontraído, o traço era limpo; quando tudo começa a ficar mais pesado, nota-se a mudança no desenho na hora.

A Panini lançou a saga completa aqui, por isso deixe de lado a edição da Salvat que é mais cara e ainda por cima está incompleta. Serão os melhores R$ 26,90 que você irá gastar neste ano.

Pode acreditar.

CAPITAO BRITANIA001Capitão Britânia – Vol. 01

Este volume 1 reúne histórias retiradas de MARVEL SUPER-HEROES #377 a 388, DAREDEVILS #1 a 11 e THE MIGHTY WORLD OF MARVEL #7 a 13.

Editora: Panini (abril de 2015)
Licenciador: Marvel Comics
Roteiro: Alan Moore
Ilustração: Alan Davis
Número de páginas: 244
Formato: (17 x 26 cm), encadernado, colorido/Lombada quadrada.
Preço de capa: R$ 26,90

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