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Não sei se isso costuma acontecer com vocês, mas de vez em quando me ocorre de indicarem algo bacana para ler, assistir ou jogar e eu acabo deixando passar sem nenhum motivo aparente. Livros, filmes, séries, quadrinhos ou jogos que são excelentes, talvez até mesmo importantes para seu respectivo meio artístico e que certamente eu iria gostar pra caramba de conhecer, mas que, sabe-se lá por quê, eu nunca me lembro de parar pra conhecê-los…

Por exemplo: nunca em toda minha vida eu tinha assistido O Planeta dos Macacos, o clássico filme de 1968, protagonizado por Charlton Heston. Nem mesmo as duas novas reimaginações (2011 e 2014), que eu assisti e gostei pra caramba, me despertaram o interesse de ir atrás do filme original. Não é por não gostar, não é por ser antigo, não é por motivo nenhum… e sinceramente se houvesse algum motivo pra isso eu nem saberia dizer. Apenas não assisti mesmo!

Talvez venha daí o meu espanto por 3 coisas: pelo fato de o filme de 68 ser baseado em um livro (coisa que eu sinceramente não sabia), o fato de a Editora Aleph estar trazendo uma nova edição desse livro para o Brasil e o fato de eu, do nada, ter me interessado tanto por ler a obra que deu origem a uma franquia tão icônica para a sétima arte, mas cujo primeiro filme não me despertava interesse algum.

Após terminar de ler a riquíssima obra do escritor francês Pierre Boulle (autor do romance A Ponte do Rio Kwai) , apesar de eu sempre afirmar meu gosto por ficção científica, me pergunto como eu passei tanto tempo sem ter lido algo tão fascinante!

O início do livro é um verdadeiro convite para a imaginação: em uma nave espacial o casal de astronautas Jinn e Phyllis se surpreendem ao encontrar um curioso objeto flutuando perdido no espaço: uma garrafa! Após coletá-la, eles descobrem e retiram de seu interior um calhamaço de papéis manuscritos, uma mensagem de muito longe. Jinn começa a ler tal mensagem para a sua amada e é através desse manuscrito que o enredo do livro se desenrola.

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A partir daí o leitor é conduzido pelos relatos do cientista Ulysse Mérou, que conta toda sua insólita experiência ao chegar com sua nave espacial, juntamente com seus dois colegas Hector e Antelle, a um estranho planeta que orbitava a estrela Betelgeuse, que Mérou batiza com o nome de Soror. Um planeta que a primeira vista é bastante parecido com a Terra, a despeito da coloração mais avermelhada de seu sol alienígena, mas que guarda surpresas fascinantes e terríveis! Após serem surpreendidos com a existência de seres humanos e a infeliz constatação de que tais humanos são praticamente tão bestiais e selvagens quanto os homens das cavernas da nossa Terra, Ulysse e seus amigos são recepcionados por macacos vestindo trajes estranhamente parecidos com os de humanos e tento um comportamento semelhante ao mais vil caçador. Sem ter tempo de assimilar uma visão tão surreal, os cientistas terráqueos acabam envolvidos em uma verdadeira chacina, com a morte de muitos dos humanos e a prisão dos poucos que restaram vivos para servirem como cobaias de laboratório – incluindo o próprio Ulysse!

É a partir dessa etapa da história que o livro vai te prendendo cada vez mais! É impressionante a maneira como o personagem de Pierre Boulle cativa o leitor demonstrando sagacidade e astúcia para manter sua sanidade em meio a uma situação tão brutalmente incomum, aprendendo o idioma dos macacos, desafiando suas ordens mesmo preso em uma jaula e conquistando a confiança da cientista chimpanzé Zira, que liderara os experimentos com humanos naquele laboratório. Assim que consegue um fragmento de liberdade, Mérou consegue aprender mais sobre aquela estranha civilização onde macaco era gente e gente era bicho. Ele aprende, entre muitas outras coisas, sobre como são organizadas política, econômica e socialmente as três castas que formam a civilização símia – os gorilas, os orangotangos e os chimpanzés – e principalmente consegue aliados para provar em um julgamento que não é uma mera besta selvagem nativa de Soror e que realmente veio de outro planeta.

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Sem dúvida, essa parte intermediária de conhecimento dos macacos e preparação para conquistar definitivamente sua liberdade foi o que mais me fascinou no livro inteiro. E assim o enredo segue, conduzindo o leitor a um final realmente surpreendente! A editora Aleph realmente não falou da boca pra fora: se você ficou embasbacado ao ver a deteriorada Estátua da Liberdade pela primeira vez no filme, vai encontrar nas páginas finais de O Planeta dos Macacos uma revelação realmente fantástica!

O Planeta dos Macacos é uma obra sensacional! Talvez uma das mais importantes da ficção científica, creio eu! Este com certeza é um daqueles livros que se permite atravessar timidamente a linha entre a rigidez e precisão dos conceitos científicos e o puramente fantástico, estimulando e massageando nossa imaginação ao nos fazer acreditar em um mundo tão díspar e em seus tão exóticos habitantes.

[quote_box_center]Esse livro foi-nos enviado pela Editora Aleph por conta de nossa parceria.[/quote_box_center]

planetadosmacacosO Planeta dos Macacos (La Planète des singes)

Autor: Pierre Boulle

Páginas: 216

Editora: Aleph

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  1. […] Há muito tempo um livro não me fazia realmente viajar e explorar com a minha mente um universo tão exótico, cheio de particularidades, com personagens e situações tão marcantes e cativantes. Se quiser saber mais sobre este livro e sobre o que eu achei dele, não deixe de conferir a minha resenha! […]

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