Após dois meses de temporada de sucesso no Rio de Janeiro, o musical A COR PÚRPURA chega a São Paulo, no Theatro NET, com direção de Tadeu Aguiar e uma superprodução com 17 atores, 8 músicos, 90 figurinos, um palco giratório de 6 metros de diâmetro e uma escada curva com sistema de travelling em volta do cenário.

“A história é universal: fala do ser humano, em especial das mulheres. É imediata a identificação com o momento do país, onde há tantas histórias de opressão às mulheres. A COR PÚRPURA é um grande grito de liberdade” Tadeu Aguiar

Alice Walker foi a primeira escritora negra a ganhar o Pulitzer pelo seu livro A Cor Púrpura (1982) que continua contemporâneo ao retratar relações humanas, de amor, poder, ódio, em um mundo pontuado por estruturais diferenças econômicas, sociais, étnicas e de gênero. Com direção de Steven Spielberg, a obra foi adaptada para o cinema em 1985, recebendo 11 indicações ao Oscar. A transposição para musical ocorreu em 2005, na Broadway. Em 2016, houve uma nova montagem, rendendo à produção 2 prêmios Tony e o Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical.

Escrito há mais de 35 anos, A Cor Púrpura é um musical baseado em uma história passada na primeira metade do século XX, na zona rural do Sul dos Estados Unidos, com personagens típicos dessa região.

“Apesar de ser um musical de época, fala muito de questões atuais, como a participação da mulher na sociedade, o papel da mulher numa relação amorosa, o machismo, o racismo. Não foi preciso adaptação alguma para o musical interessar à plateia brasileira. Ele, naturalmente, fala a qualquer plateia do mundo de hoje” Artur Xexéo (texto e letras).

Foto: Cynthia Salles

O musical apresenta a trajetória e luta de Celie (Letícia Soares) contra as adversidades impostas pela vida a uma mulher negra, na Geórgia, no decorrer da primeira metade do século XX. Na adolescência, a personagem tem dois filhos de seu suposto pai (Jorge Maya), que a oferece a um fazendeiro local para criar seus herdeiros (entre eles, Harpho – Alan Rocha), lavar, passar e trabalhar sem remuneração. Ela é tirada à força do convívio de sua irmã caçula Nettie (Ester Freitas) e passa a morar com o marido Mister (Sérgio Menezes). Enquanto Celie resigna-se ao sofrimento, Sofia (Lilian Valeska) e Shug (Flávia Santana) entram em cena, mostrando que há possibilidade de mudanças e novas perspectivas, esperança e até prazer. A saga de Celie é permeada por questões sociais de extrema relevância até os dias atuais como a desigualdade, abuso de poder, racismo, machismo, sexismo e a violência contra a mulher.

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Completam o elenco: Analu Pimenta (Squeak); Suzana Santana (Jarene); Erika Affonso (Doris); Cláudia Noemi (Darlene); Caio Giovani (Grady Ensemble); Leandro Vieira (Chefe da Tribo Olinka Ensemble); Gabriel Vicente (Bobby Ensemble); Thór Junior (Pastor Ensemble); Renato Caetano (Soldado Ensemble); Nadjane Pierre (Solista da Igreja Ensemble).

“Nos dias de hoje, acho importante falar sobre uma mulher que vence; sobre amor; representatividade negra e feminina. A peça tem muito humor e é emotiva. É um texto de emoção” Tadeu Aguiar

Foto: Cynthia Salles

A direção musical é de Tony Lucchesi. São 32 números musicais, contando com as vinhetas. No espetáculo, os atores precisam ter grande extensão vocal, dando conta de vários ritmos como jazz, blues, música africana e gospel. Logo na abertura da peça, há um número que lança mão de diversas sonoridades, representando o coro de uma igreja entrecruzado ao sermão do pastor. A orquestra é composta por 8 músicos que tocam piano-condutor, teclado, saxofone alto, clarinete, flauta, saxofone barítono, clarinete, clarinete baixo, saxofone tenor, trompete, fliscorne, violões, baixos, bateria e percussão.

Foto: Cynthia Salles

Tanto no livro como no musical, as mudanças de vida da protagonista estão relacionadas ao ambiente no qual ela vive. Cenas no bar de Harpho e Sophia e nas casas do pai, marido e Shug provocam alterações no percurso de Celie. A cenógrafa Natália Lana criou uma casa giratória como elemento central, representando as diferentes facetas da trajetória da vida da personagem. Contornando a casa, uma espécie de escadaria construída ao longo do tempo e de forma não ortogonal, representando a diversidade de ambientes externos e de aprisionamento em certos pontos da história. A estrutura da casa foi baseada nas construções do sul dos Estados Unidos e teve como inspiração as shack, representando o tradicional porch, varanda onde se reúnem famílias americanas.

Foto: Cynthia Salles

O figurino do espetáculo retrata o tempo da costura feita em casa. São 90 figurinos, confeccionados com 350 metros de tecidos, passando por processos de tingimento artesanal e impressão em serigrafia.

Na América, as colchas de retalhos, produzidas desde a colonização, são influenciadas pela estética da África, onde o trabalho de costura de retalhos é prática centenária. Desta forma, o conjunto de figurinos do espetáculo formará um “quilt”, em tons envelhecidos, retratando a Geórgia da primeira metade do século passado. É no trabalho de costura manual que Celie encontra refúgio na dura realidade de seu dia a dia. Nesse contexto, a cantora de jazz Shug Avery é o manifesto de amor e liberdade de Celie e pontua sua trajetória com trajes de tons de cor púrpura saturados”, detalha o figurinista Ney Madeira. A iluminação do espetáculo é do Rogério Wiltgen e as coreografias de Sueli Guerra.

A Cor Púrpura – O Musical fica em cartaz no Theatro NET até 16 de fevereiro de 2020.

A COR PÚRPURA

Duração: 180 minutos

Onde: THEATRO NET (Rua Olimpíadas, 360 – Shopping Vila Olímpia/5° andar) – 800 lugares

Ingressos: R$ 220 (plateia) | R$ 170 (balcão nobre) | R$ 75 (balcão)

Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/62289/d/71862

SESSÕES:

  • Dezembro: Sexta às 20h30 | Sábado às 18h e 21h30 | Domingo às 19h
  • Janeiro e fevereiro: Sexta às 20h30 | Sábado às 17h e 21h | Domingo às 19h

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