Estamos de volta com a nossa coluna que mistura tarot com cultura pop e dessa vez vamos falar um pouco sobre um dos grandes sucessos cinematográficos da Netflix: Aniquilação. Dirigido por Alex Garland, o longa respeita muito a trama desenvolvida no livro, mas faz boas e saudáveis adaptações.

Porém, só fui descobrir que existia uma série de livros ao comentar sobre o filme com alguns amigos, pois havia gostado bastante dos conceitos. Corri pra garantir o primeiro volume e qual não foi minha surpresa… o livro é ainda melhor que o longa.

Aniquilação foi escrito pelo norte-americano Jeff VanderMeer, que é uma das figuras mais populares da literatura New Weird, gênero que mistura scifi, terror e fantasia. O livro faz parte da trilogia Comando Sul, que mostra os resultados de expedições para uma zona afetada por uma espécie de fenômeno capaz de distorcer e misturar seu próprio DNA com e entre os outros organismos a sua volta. Lembra do líquido xenomorfo e dos arquitetos de Prometheus, aquele prequel de Alien? Imagina que esse negócio foi borrifado em uma enorme região e tudo o que está nela é afetado.

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Neste primeiro volume, a protagonista é uma bióloga, interpretada por Natalie Portman na versão da Netflix. Ela faz parte de uma equipe de investigação formada por outras mulheres com conhecimentos diferentes: uma psicóloga (a líder do grupo), uma antropóloga, uma topógrafa e uma linguista. Elas foram fortemente armadas, treinadas e equipadas para entrar nessa zona afetada, que parece ter se formado em torno de um farol. Um detalhe interessante: nenhuma usa o próprio nome durante a missão.

A personagem principal tem todos os elementos de O Eremita (IX) e busca respostas sobre o que aconteceu com seu marido na expedição anterior. A psicóloga podemos colocar como a figura manipuladora de O Diabo (XV), mas a situação toda é uma passagem de O Julgamento (XX) para O Mundo (XXI). O problema é que aqui O Julgamento opera como uma desconhecida força transformadora que cobra um altíssimo preço daqueles que ousarem invadir seu território. Seu marido esconde segredos que só O Carro (VII) pode revelar com a ideia de ser levado para uma viagem. Outra coisa interessante, é que essa missão suicida parece uma metáfora de A Roda da Fortuna (X), que é quando analisamos nossa vida como um todo e entendemos que tudo é movido para a mesma direção, tanto os pontos altos como os baixos.

Não dá para falar muito mais do que isso sem contar alguns spoilers que podem estragar a graça do primeiro contato com a história. No entanto, eu gostei muito do visual do filme e das saídas encontradas para amarrar a trama em um longa redondinho. Já o livro é uma deliciosa leitura em que o autor constrói texturas saborosas de cada ambiente onde a personagem se encontra. Gostei muito da forma como ela pensa e o jeito que a bióloga foi construída, minha parte favorita do livro é o momento em que ela conta sobre a própria infância, quando ficou observando uma piscina abandonada virar um lago cheio de vida.

A trama pode ser vista como uma grande metáfora ficcional para o processo de colonização de um povo por outro. Só trocar o DNA por cultura, do ponto de vista antropológico, que dá pra sacar do que estou falando. Ou mesmo sobre como superar traumas.

Você já viu o filme ou leu o livro? Deixe suas impressões nos comentários!


 

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