Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [ARTE DA VITRINE]: Thiago Chaves (@chavespapel) Dos bons escritores, o que menos consigo aceitar que seja desconhecido pela maioria dos brasileiros, é o romancista e poeta Edgar Allan Poe. Seu legado literário está em ter inspirado Júlio Verne, precursor da ficção científica, a escrever Cinco Semanas em um Balão; Herman Melville a escrever seu clássico Moby Dick; inspirar Conan Doyle a criar o personagem Sherlock Holmes, o detetive mais famoso da literatura; transformar o horror em gênero literário de alto nível; marcar o início da verdadeira literatura americana e revitalizar a literatura européia. Ou seja, ele foi tão importante para a literatura, que desconhecê-lo deveria ser considerado crime! Sua obra é tão rica que merece ser lida tanto por fãs de terror, de histórias de mistério e de ficção científica, quanto os fãs de uma boa e, por vezes, perturbadora leitura. Seus temas apoiavam-se no desconhecido e no que existe de mais estranho na natureza humana. Alucinações mais convincentes do que a própria realidade, personagens solitários e neuróticos, a catalepsia, contradições, entre outros. Os leitores avançam a história sabendo tão pouco quanto o protagonista, sentindo o que ele sente e tendo seus pensamentos enquanto percorre cenários sombrios que passam a mensagem de morte em cada detalhe seu. E quando o conto se encerra, é como se partilhássemos do mesmo destino do protagonista. Edgar Allan Poe acreditava que antes de se sentar para escrever um conto ou poema, o escritor tinha que saber bem as emoções que a obra deveria causar nos leitores. Desta ideia vinha sua força literária, no elemento efeito. Enquanto os autores se preocupavam mais com a criação dos personagens e dos cenários, ele desenvolveu o elemento do efeito. A cada frase, página virada, ampliam-se os efeitos, num crescente impacto no leitor até chegar no grande final. Aliás, são os finais uma das principais qualidades dele, com todo o texto conduzindo a um desfecho inevitável. Apesar de ter sido um grande poeta dedicou-se pouco a este gênero literário. Mas o pouco que produziu influenciou vários poetas e até músicos ao redor do mundo. O poema O Corvo é até hoje o melhor que eu já li. Seus versos tecnicamente perfeitos, são trágicos e lúgubres, transmitindo uma tristeza avassaladora. Graças a O Corvo Poe ficou famoso em todo os Estados Unidos e uma maior atenção foi dada à sua obra. Quem quiser conhecer o poema pode ler uma tradução excelente feita por Fernando Pessoa AQUI e AQUI. Na prosa, Poe se dedicou se dedicou especialmente aos contos. Sob a pena dele, o horror ganhou ares de alta literatura e permitiu que diversos autores surgissem posteriormente. No gênero do terror, alguns dos seus melhores contos são Metzengerstein, A Máscara da Morte Rubra, O Gato Preto, O Coração Denunciador e O Caso do Sr. Valdemar. Nestas obras, encontra-se uma fantasia tão ligada à realidade, que muitos autores célebres beberam dela, como Franz Kafka e até autores consagrados da ficção científica, onde marcou seu criador Júlio Verne, e seu maior rival, H. G. Wells. Mas Edgar Allan Poe, por sempre ter sido interessado em mistérios, criptografia e jogos matemáticos, não ficou só nisso. Surgiu assim seu personagem mais famoso: Auguste Dupin. Ele era dono de uma capacidade analítica espantável. Não havia homem na Terra em que não pudesse captar os pensamentos. Graças a esta habilidade colaborava com o trabalho da polícia, sendo mais competente do que ela. Dele surgiu Sherlock Holmes e, a partir do personagem de Conan Doyle, inúmeros detetives nas mais variadas mídias foram criadas, de livros a filmes, de games a séries, como O Mentalista. Encontro poucas pessoas que admirem o trabalho de Poe. Muitos com quem conversei sequer sabiam da existência do escritor. Embora seus livros sejam fáceis de encontrar em bibliotecas ou em livrarias, nas baratas edições de bolso, e seus textos possam ser lidos na internet legalmente, por já pertencerem ao domínio público, o desconhecimento é quase total. Até existe um site excelente especializado nele, o Poe Brasil, porém não sei dizer se ele se encontra atualizado. Por isso escrevi este post. Para divulgar e homenagear um dos autores mais importantes do século XIX. Uma das poucas chances desta situação ser revertida é com a cinebiografia que Sylvester Stallone planeja fazer de Edgar Allan Poe. Aí talvez o mestre seja reconhecido no Brasil. * Nota do editor: Quando esse texto foi publicado originalmente ainda não tinha sido anunciado o filme O Corvo (The Raven), que mostra Edgar Alla Poe colaborando numa busca a um serial killer.