Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr O início de Guardiões da Galáxia Vol. 2 já apresenta a equipe tendo que enfrentar uma mega batalha contra um monstro gigante. Enquanto esperam a criatura que está prestes a atacar o planeta, Rocky (voz de Bradley Cooper) está consertando a caixa de som do Senhor das Estrelas, Peter Quill (Chris Pratt), e começa uma discussão com Drax (Dave Bautista) sobre aquilo ser ou não importante naquele momento. Quando finalmente a criatura chega para o combate e o grupo parte para a pancadaria, a câmera do diretor James Gunn foca no pequeno Groot (voz de Vin Diesel) que começa a dançar uma das músicas da lista de Quill. Durante alguns minutos só conseguimos ver alguns trechos da batalha, que se desenrola meio desfocada em segundo plano na tela. O que poderia ser frustrante acaba se tornando extremamente divertido e James Gunn já deixa claro que esse não é um filme apenas de ação desenfreada, mas é também uma história intimista. As pequenas coisas da vida, como a felicidade do Groot dançando, são tão importantes quanto as grandes coisas. Ao contrário dos Vingadores, que até o momento só enfrentaram ameaças à Terra, os Guardiões da Galáxia enfrentam desafios que podem destruir o universo inteiro. Em um cenário onde tudo é grandioso demais, James Gunn acerta em cheio ao nos mostrar que são as pequenas coisas que realmente fazem a diferença no final das contas. O melhor exemplo disso é Groot, que parecia ter perdido sua utilidade para equipe depois de virar um graveto no final do primeiro filme, mas que aqui se mostra bastante importante em diversos momentos cruciais para os amigos. Não é à toa também que pequenos objetos, como o walkman de Peter Quill e outros tocadores de música, tenham tanta importância durante o filme, se transformando em verdadeiros personagens. Assim, o diretor consegue utilizar um filme de ação e comédia para contar uma história que trata principalmente sobre família. Não se espante se você perceber que está emocionado com Peter Quill descobrindo a verdade sobre sua origem ou com o reencontro entre Gamora (Zoë Saldaña) e sua irmã Nebula (Karen Gillan). E é impossível não ficar com os olhos marejados quando Drax, com um olhar sereno, relembra os bons momentos que viveu com a filha. Mas calma, apesar do tema principal de Guardiões da Galáxia Vol. 2 ser a família, é claro que o filme ainda conta com muita ação. E do melhor tipo. Até o combate inicial, mesmo acontecendo principalmente em segundo plano, é empolgante o suficiente para fazer o espectador vibrar com os heróis. Nesta luta, aliás, o filme aproveita para fazer piada com um dos maiores clichês dos filmes de fantasia: o personagem que decide ser engolido pelo monstro gigante para derrotá-lo de dentro pra fora. Os combates espaciais também estão fantásticos, com destaque para uma perseguição em um campo de asteroides quânticos. A criatividade no design das naves envolvidas nos combates ajuda a deixar a coisa toda ainda mais divertida, maluca e grandiosa, como pede o universo habitado por esses heróis. Um dos combates do filme ainda é coroado por uma participação inusitada de um famoso personagem da cultura pop, deixando tudo ainda mais absurdo. Com um protagonista que foi embora da Terra na década de 1980, é como se James Gunn decidisse abraçar de vez a maluquice que foi aquela década e fizesse um filme que poderia facilmente ter sido lançado naquele período. E isso inclui doses cavalares de humor, muitas vezes humor negro, piadas adultas, violência e até um pouco de sadismo. Apesar de não mostrar uma gota de sangue sequer, não deixa de ser aterrorizante (embora também seja divertido) ver Rocket Racoon gargalhar enquanto metralha dezenas de inimigos. O personagem realmente se diverte ao infligir dor nas pessoas, algo que fica ainda mais claro em uma cena na qual ele aciona diversas armadilhas. Para dar uma amenizada nessa violência, vários inimigos enfrentados pela equipe utilizam naves não tripuladas, o que permite bastante destruição sem que nenhuma vida seja perdida. Mesmo com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e muitos personagens na tela, é impressionante como todos eles são bem trabalhados pelo roteiro escrito por James Gunn. Praticamente todos os personagens possuem seus pequenos arcos de história e se encerram de maneira satisfatória. Desde o pequeno Groot e suas trapalhadas até Yondu (Michael Rooker) e Peter Quill, que precisam aprender da maneira mais difícil o que realmente significa ter uma família. A única exceção fica por conta de Drax, que acaba servindo muito mais como alívio cômico junto com Mantis (Pom Klementieff), a nova personagem da franquia. Porém, mesmo eles dois possuem bons momentos de tela e oportunidades para brilhar na história. A cena em que Drax comenta sobre a beleza de Mantis ou sobre as habilidades dela é hilário. O único ponto fraco do roteiro fica por conta de uma fala de Ego, O Planeta Vivo (Kurt Russel), na qual ele revela algo importante para os personagens sem ter a necessidade de fazer isso. Mas talvez isso tenha sido apenas mais uma homenagem à década de 1980, quando os vilões precisavam revelar completamente seus planos ao achar que já tinham vencido, dando uma oportunidade para os mocinhos saírem vitoriosos. Enquanto todos os atuais filmes da Marvel se preocupam em preparar o terreno para Vingadores Guerra Infinita, Guardiões da Galáxia Vol. 2 segue o caminho totalmente oposto. Com a liberdade de não precisar se preocupar com todo um universo compartilhado por outras produções, James Gunn entrega um filme redondinho, com muita ação, humor e emoção na medida certa e que não depende de nenhum outro filme para ser apreciado. É possível se divertir com este segundo filme até sem ter assistido ao primeiro. E tudo isso sem deixar de referenciar o resto do Universo Marvel com participações que vão fazer os fãs pirarem. Com a possibilidade de explorar todo o universo cósmico da Casa das Ideias, a participação de Stan Lee neste filme está com certeza entre as melhores dele em todos os filmes. Guardiões da Galáxia Vol. 2 ainda possui o mérito de ser o tipo de filme que consegue agradar tanto o público que está interessado apenas na ação desenfreada, quanto o público que se importa com o drama daqueles personagens. Mesmo habitando um universo de coisas absurdas, os personagens são tão críveis que é possível para o espectador se identificar com todos eles. Todo mundo já brigou com um irmão, já perdeu alguém querido ou deixou de dizer o quanto alguém foi importante na sua vida. Assim, é difícil não se emocionar quando Peter Quill finalmente percebe que teve um bom pai afinal de contas, em uma das cenas mais bonitas que o Universo Marvel já produziu nos cinemas. Resta torcer para que James Gunn continue tendo esta liberdade criativa mesmo depois de Guerra Infinita, quando finalmente os Guardiões da Galáxia vão se encontrar com o resto do Universo Cinematográfico da Marvel. [quote_box_center]Guardiões da Galáxia Vol. 2 Direção: James Gunn Duração: 2h 16min Elenco: Chris Pratt, Bradley Cooper, Michael Rooker, Vin Diesel, Zoe Saldana, Dave Bautista, Sylvester Stallone, Kurt Russell, Elizabeth Debicki, Karen Gillan, Pom Klementieff, Sean Gunn, Chris Sullivan, Tommy Flanagan.[/quote_box_center]