Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr A Editora Draco investe há algum tempo em escritores nacionais. Uma das principais provas disso é a coleção “Imaginários”, que publica a cada edição contos de diversos escritores, entre consagrados e estreantes. São histórias da fantasia, ficção científica, terror e até mesmo humor. Pois agora, a Draco vai ampliar um pouco seus horizontes ao lançar a coletânea “Imaginários em Quadrinhos”. Assim como sua “irmã”, talentos consagrados e novos irão apresentar histórias em quadrinhos fechadas, em 120 páginas de histórias adultas inéditas. Organizada por Raphael Fernandes (“Mad, “Ditadura no ar”, “Ida e volta”), “Imaginários em Quadrinhos” ainda conta com Raphael Salimena, Jaum, Dalton Dalts, Zé Wellington, Marcus Rosado, Camaleão, Alex Mir e Alex Genaro. Tivemos um bate-papo direto e reto com Raphael Fernandes e ele nos falou um pouco mais sobre esta novidade, que promete agitar o já fervilhante cenário da HQ nacional. – Como surgiu a coletânea “Imaginários em quadrinhos”? O primeiro título da Editora Draco foi a coletânea de contos fantásticos “Imaginários”, que é organizada pelo publisher Erick Santos. Com seu crescente interesse de expandir os horizontes para o mercado de HQ, foi natural a migração para uma versão do título pros quadrinhos. O próprio Erick desenvolveu o conceito de que cada autor teria um espaço de 20 páginas, semelhante ao dos títulos mensais norte-americanos, e teríamos 6 autores por edição. A regra geral é que as duplas de autores não se repitam. Entrei no projeto depois dele estar formatado. Minha vontade inicial era participar como roteirista e ter uma história publicada por volume, mas depois de mandar três histórias aprovadas, fui convidado a editar o projeto e o que mais eu tivesse de ideias para novas publicações de quadrinhos. Aceitei sem pestanejar. – Foi difícil selecionar os trabalhos a serem publicados? Quais os critérios utilizados? Quando assumi o projeto, decidimos lançar o livro durante o Gibicon de Curitiba, porém, houve uma mudança inesperada que nos levou a adiar o lançamento até março. Por conta disso, duas histórias com roteiros meus acabaram ficando nesse primeiro volume. Não é algo que considero ideal ou justo, mas foi assim que aconteceu e assim será. Esse atraso foi benéfico, pois pudemos formatar com mais carinho cada uma das histórias e preparar os próximos dois volumes. Tem hora que a gente precisa usar a sabedoria pra aproveitar as oportunidades que surgem das adversidades. A seleção é sempre algo complicado, pois demanda uma série de fatores. Escolher uma história do Raphael Salimena é moleza, já que suas HQs são no mínimo espetaculares, mas tentamos fazer uma seleção equilibrada com diversos estilos (do humor involuntário do terror trash à ficção científica com tons poéticos e psicológicos). Algumas histórias já estavam prontas e perfeitas para publicação, mas outras ainda estavam sendo lapidadas e exigiam um rigoroso trabalho editorial. Estou me divertindo horrores com os dois próximos volumes, pois tem histórias que acompanho desde a primeira linha de roteiro, outras que formei parcerias entre dois autores talentosos que não se conheciam e até algumas que pedi pra caras conhecidos por um gênero específico se arriscassem por outros caminhos. É um trabalho que envolve dedicação, bons contatos, senso de liderança e muita imersão na linguagem dos quadrinhos. Estou me divertindo pra caralho! – Qual o papel de uma coletânea como esta dentro do atual cenário do mercado de HQs nacional? Especular esse tipo de coisa é algo meio arrogante, mas torço com todo o coração para que a coletânea possa se tornar um novo espaço de publicação para a impressionante e volumosa produção atual de histórias em quadrinhos nacionais. Tem espaço pra publicar adaptações literárias, quadrinhos de humor, obras sobre a natureza humana, humor, etc, mas ainda não havia uma editora brasileira totalmente focada em HQs de ação, suspense e aventura. Só de publicar este primeiro livro, já me sinto muito grato e feliz. Tenho muito amor pelos quadrinhos e por todo o pessoal que chega em casa depois de um dia duro de trabalho e gasta uma noite inteira produzindo histórias nessa linguagem maravilhosa. O grande segredo da Draco é pé no chão, suor na testa e cabeça nas nuvens. – A “Imaginários em Quadrinhos” é a ponta de lança de para mais projetos da Draco envolvendo HQs? Sem modéstia, posso chamar de a ponta do iceberg, pois praticamente toda semana apareço com dois ou três projetos que gostaria de publicar. Nunca recebi um não do Erick Santos. Inicialmente, vamos focar na publicação de histórias em preto e branco, mas temos nossas cartas na manga. Sem falar que estou esperando o inesperado, existem histórias que se desenvolveram tanto que saíram do “Imaginários” e se transformaram em projetos de graphic novels. Em breve, vamos revelar alguns dos projetos que estão sendo encaminhados e que serão lançados este ano. – Atualmente você é editor da “Mad”, do site de cultura pop “Contraversão” e agora edita este projeto da Draco. Como é lidar com trabalhos tão diferentes? São dezenas de emails diários, janelas com pessoas discutindo projetos diferentes, ligações, noites escrevendo roteiros, leituras vorazes, discussões sobre assuntos… Gosto de brincar com os amigos que é como ser o Ozymandias da Cultura Pop, todas essas coisas parecem formar um panorama mais amplo da realidade. Tudo isso sem deixar de ter um emprego como especialista em mídias sociais, ser presente no meu casamento, ter uma vida espiritual, visitar a família, reaprender a tocar guitarra, praticar esportes e tal. A real é que sou uma pessoa criativo compulsiva, com muita energia e cheio de vontade de viver. Se eu parar, não fico vivo uma semana. – Sairão outros volumes desta coletânea? Existe previsão de lançamento? Sim, a ideia é que ela nunca tenha um fim e seja um espaço para construção de novas ideias, carreiras e parcerias. O segundo volume já está bem encaminhado e tenho muita gente trabalhando no terceiro, mas ainda não definimos periodicidade. Tudo vai depender do desempenho do primeiro volume, mas acredito que pelo menos três por ano estão garantidos. – Desde o ano passado, você mergulhou fundo no mundo das HQs como roteirista. De lá para cá foram lançadas, se não me engano, seis histórias com roteiros. A produção continua neste ritmo? Pode nos adiantar algo? Tenho estudado, trabalhado e pesquisado para me tornar um roteirista há 5 anos e a produção é o fruto dessa vontade crescente. Além das HQs da “Imaginários em Quadrinhos 1” (uma com Dalton Dalts e outra com Camaleão), meus últimos trabalhos publicados foram “Ditadura No Ar” #1 e 2 (Rafael “Abel” Vasconcellos), “Ida e Volta” (Pedro Pedrada, Doug Lira e Rafa Louzada), “Zumbis e Outras Criaturas das Trevas” (Rodolfo Zalla) e “Café Espacial” #11 (Victor Freundt). Sem falar nas histórias que escrevi para introduções dos livros de RPG “Abismo Infinito” (Dalton Dalts) e “Space Dragon” (MJ Macedo). Por incrível que pareça, eu já produzi mais este ano do que ano passado todo e tenho preparado muita coisa que será desenhada e publicada até o FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos – Belo Horizonte): as duas últimas partes de “Ditadura No Ar”, um projeto de Crowdfunding, uma coletânea que estou editando e escrevendo em conjunto com ex-alunos de roteiro da Quanta Academia, uma HQ curta pra uma coletânea do pessoal do Quadro a Quadro, duas páginas pro novo Gente Feia na TV do Chico Félix, 6 páginas para o RPG de mafia “Cosa Nostra” e mais uma porrada de histórias curtas para fanzines, discos de vinil, filmes e etc. Não lembro ao certo onde ouvi isso, mas todo mundo tem que colocar pra fora 10 mil páginas ruins até chegar nas boas… decidi me livrar de todas elas em 2013. – E, para finalizar, você acha que no mercado das HQs, seja nacional ou não, ainda cabe rótulos? Não sei bem o que quer dizer com rótulos, mas acredito que, assim como qualquer mídia, os quadrinhos possuem uma diversidade muito grande de gêneros, públicos e estilos. Fico feliz de ver que tem histórias para garotas, jovens revoltados, crianças serelepes e velhos acadêmicos. No entanto, um verdadeiro apaixonado pela linguagem acaba consumindo coisas de todos os tipos e aprendendo a compreender a qualidade que existe em cada um desses universos.