Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Invocação do Mal consegue, de maneira surpreendente, causar extrema tensão em sua audiência, além de desafiar – mesmo que por um breve momento – o bom senso dos céticos. Os primeiros minutos de Invocação do Mal parecem destoantes do resto da trama. Quando uma boneca de aspecto assustador surge na tela, logo nos lembramos de certos clichês do cinema de horror. Provavelmente, boa parte do público irá questionar as qualidades do longa e formular prematuramente que dali nada de bom sairá. Ledo engano. Após esta pequena introdução – que tem seu valor oportunista simbólico inerente (explico isso mais adiante) – o filme engrena de forma surpreendente. O terror toma conta da sala de projeção. Os roteiristas Chad Hayes e Carey Hayes (até então pouco relevantes no ofício) recontam, com muita liberdade criativa, a “história real” da família Perron, que após se mudar para uma fazenda em Harrisville (Rhode Island), se vê assombrada por entidades demoníacas. Preocupados com o bem-estar de suas cinco filhas, Carolyn e Roger Perron recorrem aos famosos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, que, ao visitarem o local, percebem rapidamente que o mesmo precisa de um exorcismo (sim, locais também são exorcizados, não só pessoas). No entanto, ao desafiarem esta força do mal nunca antes enfrentada, os profissionais acabam se envolvendo perigosamente no caso. O diretor James Wan (nascido na Malásia) possui um currículo voltado exclusivamente para obras de horror. Seu primeiro trabalho foi o sucesso de bilheteria Jogos Mortais (lembra da boneca que falei?), produção independente que se transformou em uma rentável franquia genérica. Depois vieram ainda Gritos Mortais (outro boneco) e Sobrenatural. Estes filmes, que exemplificam a carreira de Wan, são no máximo medianos, e na época que foram filmados esbarraram na falta de experiência do realizador. Mas com Invocação do Mal, o cara demonstra que amadureceu, na verdade ele prova por A + B que se tornou um ótimo diretor, capaz de montar cenas elaboradas, narrar com detalhismo situações assustadoras, e tirar de seu elenco interpretações impactantes. É realmente impressionante a tensão que Invocação do Mal proporciona. É algo arrepiante, que não se prende apenas a surpresa do susto, muito pelo contrário, a sensação de terror é crescente, dominante. Apesar de no terceiro ato este sentimento se diluir um pouco em meio ao frenético e dramático desfecho (também muito eficiente), é possível dizer que esta fita de horror trabalha a emoção do público de forma única e infinitamente superior a maioria das produções do gênero lançadas nos últimos anos. A excelente trilha sonora, composta por clássicos setentistas, colabora com a cenografia e figurinos na hora de remontar o ano de 1971. A trilha incidental de Joseph Bisara, por sua vez, se torna parte fundamental na composição das cenas, provendo a manutenção do ritmo, e alicerçando a sensação de tensão. A fotografia de John R. Leonetti é competente, assim como os efeitos sonoros e maquiagem. No geral, o que vemos é uma equipe de produção dedicada, empenhada em realizar um trabalho digno de ser lembrado. O elenco reúne bons atores que, mesmo não sendo tão reconhecidos pelo grande público, entregam um trabalho satisfatório. Entre os destaques estão as atuações dos casais Vera Farmiga e Patrick Wilson (como Lorraine e Ed Warren, os investigadores paranormais), eRon Livingston e Lili Taylor (como Carolyn e Roger Perron, os pais da família atacada pelos espíritos) . A equipe de coadjuvantes conta ainda com cinco encantadoras garotas, que tiram de letra a missão de parecerem mortalmente assustadas. No final, Invocação do Mal se revela uma obra eletrizante, horripilante e, novamente, cheia de tensão. O fato de a história ser baseada em um acontecimento supostamente real, definitivamente torna a experiência ainda mais intrigante – o casal Ed e Lorraine Warren é muito famoso no meio paranormal, eles estão por trás do caso Amityville e já apareceram em vários programas da Discovery, por exemplo. No entanto, deixando de lado a crença ou descrença nas forças sobrenaturais, é realmente maneiro assistir um filme que faz você lembrar que, por vezes, o escuro pode ser um lugar incômodo. PS: Veja abaixo o interessante trailer que contém depoimentos reais dos membros da família Perron. The Conjuring (2013/ EUA) Direção: James Wan Duração: 112 min Mais críticas como essa você encontra no Crítica Daquele Filme