Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr A primeira vez que vemos na tela o protagonista de Moonlight: Sob a Luz do Luar, ele está correndo desesperado, fugindo de alguns garotos que o perseguem ferozmente. Assustado, ele se esconde em uma casa abandonada e é ajudado por Juan (interpretado por Mahershala Ali), um chefe do tráfico local. Essa introdução do personagem serve como indicação do clima que vai permear todo o filme, já que o jovem Chiron parece estar sempre fugindo de algo, seja dos valentões da escola ou das suas próprias vontades. Crescendo sem ter conhecido o pai e com uma mãe que se preocupa apenas em se drogar, Chiron é uma figura trágica, ficando confuso até com demonstrações de afeto. Assim, acompanhamos o garoto desde a sua infância até o seu destino final já na fase adulta. Moonlight possui uma história dividida em três fases: infância, adolescência e vida adulta de Chiron, que é interpretado respectivamente por Alex R. Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes. Aqui vale destacar o excelente trabalho dos três, que realmente nos fazem acreditar que estamos sempre diante da mesma pessoa, mesmo quando muda o ator. Chiron está sempre calado, triste e com um olhar distante. Se comunica muito mais com movimentos corporais do que com palavras. Essa caracterização é vital para que uma atitude mais violenta dele, no final do segundo capítulo, acabe deixando o espectador perplexo com o que acontece na tela. Porém, é interessante que essa atitude até chega a ser previsível, já que segundos antes Chiron adota uma postura reta e com um olhar confiante que o personagem não havia apresentado até o momento. Em diversos aspectos o filme lembra um documentário sobre a vida do protagonista, sensação ressaltada pelo diretor Barry Jenkins ao filmar tudo com a câmera na mão. Isso acaba passando a sensação de que estamos ali do lado, vendo de perto tudo o que ele passou. Além disso, a câmera passa grande parte do tempo atrás de Chiron, na altura dos ombros. É como se estivéssemos seguindo o garoto e até nos intrometendo na vida dele. Para aumentar ainda mais esta sensação de que fazemos parte daquele mundo, Jenkins demonstra habilidade ao manter a câmera um pouco mais afastada quando o protagonista está prestes a cometer seu primeiro ato de violência, quase como se estivesse com medo dele. Além disso, pela primeira vez ele filma a cena de um ângulo mais baixo do que Chiron, o que acaba deixando o personagem mais ameaçador. https://www.youtube.com/watch?v=6TTizmpoa-U O mais interessante do filme é acompanhar Chiron na sua tentativa de se manter sempre a mesma pessoa, mesmo que o ambiente ao redor dele não seja dos mais favoráveis. Além da ausência do pai e da mãe viciada, ele ainda precisa lidar com o fato de ser diferente dos garotos da periferia onde mora. Ele é estudioso e não gosta de brincadeiras violentas, sendo sempre perseguido pelos outros meninos que não aceitam alguém diferente. Assim, o filme explora a questão se uma pessoa consegue sempre ser ela mesma ou se inevitavelmente vai acabar se tornando simplesmente um produto do meio em que vive. Achando espaço ainda para abordar temas como dúvidas sobre a sexualidade, Moonlight: Sob a Luz do Luar é, acima de tudo, um filme sobre crescimento, sobre se encontrar e se aceitar como você é. [quote_box_center]Moonlight: Sob a Luz do Luar (EUA/2016) Direção: Barry Jenkins Duração: 1h 51min Elenco: Mahershala Ali, Shariff Earp, Duan Sanderson, Naomie Harris, Trevante Rhodes.[/quote_box_center]