Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr O começo de Mulher-Maravilha me deixou apreensivo. Com uma sequência ambientada no presente e que mostra a personagem recebendo uma encomenda de Bruce Wayne, a impressão que dava é que o filme iria servir apenas de prólogo para Liga da Justiça. Felizmente, essa sequência dura pouco e logo o filme volta no tempo para mostrar o passado da princesa Diana, a futura Mulher-Maravilha (Gal Gadot), quando ainda era uma criança na ilha de Themyscira. E aqui temos um belo exemplo de como deve ser o filme de origem de um super-herói. Apesar de não ocuparem muito tempo da produção, as cenas em Themyscira cumprem de forma extremamente eficiente a função de apresentar todas as características da personagem e o mundo no qual ela vive. Assim, conhecemos uma Diana que, desde a infância, não abaixa a cabeça para ninguém e que sempre teve talento para o combate. Além disso, a diretora Patty Jenkins é eficiente ao apresentar toda a história da criação das amazonas e o combate contra Ares, o deus da guerra, em pouquíssimo tempo, nunca tomando espaço da protagonista. E aqui é interessante notar como o roteiro de Allan Heinberg mistura elementos das histórias escritas por George Perez, na década de 1980, com elementos mais recentes dos quadrinhos vistos na fase do roteirista Brian Azzarello. O mundo das amazonas é muito bem apresentado, mostrando que todas elas passam por um treinamento pesado, mesmo que a função delas seja a busca pela paz. Com todos estes elementos mostrados em poucos minutos, não demora para que vejamos a primeira grande cena de ação do filme e a protagonista logo parta em busca do seu destino. O combate na praia em Themyscira é uma das melhores cenas de ação do filme, com muita gente lutando ao mesmo tempo sem que o espectador fique perdido em relação a onde está cada elemento do combate. Toda a sequência é um espetáculo visual, com as amazonas disparando suas flechas ao pularem das montanhas ou de cima dos seus cavalos. E apesar de não ter uma gota de sangue, o combate é violento (na medida do possível para um filme de herói), com várias mortes acontecendo. O mais curioso é perceber como as cenas de luta ficam diferentes quando Diana finalmente assume a identidade de Mulher-Maravilha. A partir deste ponto, todos os confrontos parecem ter sido dirigidos pelo Zack Snyder, possuindo exatamente a mesma estética de O Homem de Aço e Batman vs Superman. Então é um festival de câmeras lentas, seguidas de câmeras mais aceleradas para dar a impressão de que a personagem se movimenta velozmente. Apesar disso passar a sensação de já termos visto essas lutas em algum lugar, o filme ainda nos brinda com excelentes cenas de ação. Destaque para o combate contra tropas alemãs que estão invadindo um pequeno vilarejo e o momento em que Diana utiliza seu tradicional uniforme pela primeira vez. Aliás, essa cena fica ainda mais bonita e épica devido à fotografia, que fica mais clara e colorida no momento em que a protagonista toma as rédeas da situação. Assim, percebemos toda a esperança que a Mulher-Maravilha traz para as pessoas mais necessitadas. Talvez o grande ponto fraco fique por conta do confronto final da personagem com o vilão. A cena envolve um combate grandioso demais e que lembra muito a luta contra Apocalipse no fim de Batman vs Superman. Eu esperava ver uma solução mais interessante e inteligente por parte da personagem, como George Perez fez, em 1987, no final do seu primeiro arco com a Mulher-Maravilha. Aliás, se a escala de poder continuar aumentando dessa maneira, o filme da Liga da Justiça vai ser nível Dragon Ball Z. Claro que assistir grandes cenas de ação e aventura é sempre divertido, mas o grande mérito de Mulher-Maravilha é ele ser um filme, acima de tudo, muito divertido. Diferente de O Homem de Aço e Batman vs Superman, com seus personagens deprimidos e cheios de dúvidas, aqui temos uma princesa Diana que desde o início sabe exatamente o que deve e o que deseja fazer. Assim, se ela precisa sair da sua terra natal para salvar o mundo da influência de Ares, ela faz isso com determinação e um sorriso no rosto. E graças à atuação de Gal Gadot, a inocência da personagem ao conhecer o mundo dos homens é contagiante. A Mulher-Maravilha desse filme é tão simpática que lembra muito o eterno Superman interpretado por Christopher Reeve, em 1978. Enquanto o Superman de Henry Cavill parece sempre se achar acima da humanidade, a Diana de Gal Gadot cumprimenta as pessoas sempre com um sorriso no rosto. É o tipo de pessoa que fica extremamente agradecida a um vendedor de sorvetes por ele vender algo tão saboroso. Tomara que a personagem não perca essa característica quando interagir com os outros personagens da DC em Liga da Justiça. Com um otimismo que não se via há muito tempo em um filme da DC, Mulher-Maravilha chega para mostrar que o verdadeiro legado de um super-herói é servir como símbolo de esperança e trazer luz para a escuridão, em vez de ser engolido por ela. Já passou da hora dos filmes da DC serem menos como Watchmen do Zack Snyder e mais como a Mulher-Maravilha da Patty Jenkins. [quote_box_center]Mulher-Maravilha // Wonder Woman (EUA, 2017) Direção: Patty Jenkins Duração: 2h 21min Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Robin Wright, Danny Huston, David Thewlis, Saïd Taghmaoui, Ewen Bremner, Eugene Brave Rock.[/quote_box_center]