Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Se O Espetacular Homem-Aranha tivesse sido lançado há alguns anos, eu provavelmente diria que ele é uma excelente adaptação dos quadrinhos, apesar de algumas diferenças com relação à obra original. Porém, apesar de ser um filme bastante divertido, durante a primeira hora do filme é impossível não pensar se realmente era necessário contar novamente a origem do herói. O primeiro filme do aracnídeo, dirigido por Sam Raimi, tem apenas 10 anos e nesse meio tempo ainda tivemos algumas animações na tv. Então acho meio difícil que alguém ainda não conheça a origem dos poderes do herói. Essa nova versão do Aranha, dirigida por Marc Webb, traz até mesmo Peter Parker (Andrew Garfield) se divertindo ao descobrir os poderes, exatamente como o Parker interpretado por Tobey Maguire. A primeira parte da produção foi como um grande déjà vu do filme de 2002, não deixando de lado nem mesmo as trapalhadas de alguém que está usando os poderes pela primeira vez. Pelo menos algumas dessas cenas ficaram até mais interessantes do que no filme do Sam Raimi, como a que mostra a dificuldade que uma pessoa teria para controlar a própria força se do dia para noite ficasse super forte. E já que era para mostrar a origem toda novamente, é uma pena que não tenham aproveitado para dar ênfase em algo que não vimos no primeiro filme: os lançadores de teia. A criação deles nesta nova aventura é extremamente rápida e quase nem conseguimos ver os malditos. Mas mesmo que seja um pouco sacal ter que assistir Peter Parker sendo mordido novamente por uma aranha geneticamente modificada (radiação é coisa da década de 60), O Espetacular Homem-Aranha é um filme bastante divertido, embora tenha algumas forçadas de barra no roteiro. Os fãs do Homem-Aranha clássico dos anos 70 e daquele Peter Parker tímido provavelmente vão odiar a nova encarnação. Ao contrário do Aranha de Tobey Maguire, o personagem interpretado por Andrew Garfiled é um nerd atual, daqueles que gostam de ciências, curtem tecnologia, mas não deixam de praticar esportes (aqui o skate) e nem são tímidos ao extremo (Nota da edição: É o famoso geek). Claro que Peter ainda é tímido, mas não ao ponto de ficar apenas fazendo cara de paisagem quando fala com uma garota. Na verdade, aqui o personagem é muito mais sem jeito de falar com as garotas do que tímido. Sem falar que ele é mais confiante, chegando até a enfrentar Flash Thompson na escola mesmo antes de ganhar seus poderes. O Homem-Aranha em si está muito mais ágil, com movimentos que lembram bastante os quadrinhos desenhados por Todd McFarlane. Interessante também foi ver o herói utilizando seus recursos da mesma forma que uma aranha usaria, como na cena em que ele tenta localizar o Lagarto espalhando suas teias por todo o esgoto e esperando algum sinal de vibração. O modo como ele se movimenta nas lutas contra os bandidos, ou contra o Lagarto, também está muito mais natural, com o personagem usando todo o ambiente a seu favor. O filme acerta em cheio também na personalidade de Parker quando ele coloca o uniforme azul e vermelho. O Homem-Aranha de Garfield faz piadinhas o tempo todo, não cala a boca um segundo e fica perturbando bandidos e policiais com a mesma intensidade. Exatamente como o Aranha dos quadrinhos, algo que faltou nos filmes do Sam Raimi. E o que falar da Gwen Stacy de Emma Stone? Esqueça a Gwen do terceiro filme (esqueça logo o filme inteiro), a personagem apresentada em Espetacular Homem-Aranha é a Gwen dos quadrinhos e pronto. Tanto no seu figurino quanto no seu jeito cativante. Aliás, com esse filme nós entendemos porque ela sempre será o grande amor da vida de Peter Parker, é simplesmente impossível não se apaixonar pela senhorita Stacy interpretada pela já apaixonante Emma Stone. Como eu havia comentado mais acima, um dos problemas do filme está em algumas forçadas de barra do roteiro. Gwen Stacy, por exemplo, apesar de ter no máximos uns 17 anos, é assistente do Dr. Curt Connors e responsável por guiar futuros estagiários pelos laboratórios da Oscorp. Tudo para que numa dessas visitas, ela e Peter possam se encontrar. Outro exemplo é um garoto que o Aranha resgata na primeira aparição do Lagarto e mais pra frente no filme essa ação é “recompensada” de tal forma que faz parecer que Nova Iorque é uma cidade minúscula. Para completar, Marc Webb parece não confiar muito na inteligência do espectador e faz questão de repetir algumas situações para ter certeza de que nós entendemos. A mais marcante é o fato do assassino do tio Ben ter uma tatuagem. O diretor chega a mostrar a cena do braço tatuado umas três vezes. Só faltou uma narração em off dizendo “olha, pessoal, é por isso que o Aranha verifica o braço de todos os bandidos que ele captura”. Apesar desses pequenos defeitos, O Espetacular Homem-Aranha ainda consegue divertir bastante e apresentar o herói para uma nova geração que talvez não tenha assistido os filmes de Sam Raimi [Nota da edição: Impossível isso. A Globo vive passando os filmes]. E apesar da personalidade diferente dos quadrinhos, o Peter Parker do Andrew Garfield é muito mais carismático do que Tobey Maguire. Sem contar que a interpretação dele para o Homem-Aranha está praticamente perfeita. Se os pequenos problemas de roteiro forem consertados para os próximos filmes, esta nova leva tem tudo para ser uma bela trilogia. PS: A ponta do Stan Lee nesse filme é simplesmente sensacional The Amazing Spider-Man (EUA, 2012) Direção: Marc Webb Duração: 136 min. Nota: 8