Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Assistir a trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas foi uma das experiências mais divertidas que eu já tive com filmes. Os cenários (filmados nas belas paisagens da Nova Zelândia) conseguiam transmitir todo aquele clima épico que a história pedia. Além disso, apesar da conclusão chegar apenas no terceiro filme, os outros dois conseguiam terminar de forma satisfatória, encerrando algumas questões e deixando público ansioso para o que viria a seguir. Aí o Peter Jackson resolveu dirigir a adaptação de O Hobbit, um livro BEM menor que Senhor dos Anéis e com uma história muito menos épica. A primeira coisa que pensei foi “vai ser uma aventura divertida e vai ser legal voltar à Terra-Média”. O problema é que o cara decidiu que faria não um, mas três filmes para adaptar a obra. Eu nunca li O Hobbit (e acho Senhor dos Anéis um saco), mas conheço a história. Sinceramente, é difícil imaginar a simples história de um grupo indo enfrentar um dragão se estendendo para três filmes. A introdução do filme, que mostra os anões perdendo seu reino para o dragão Smaug, é divertida, mas quando vamos para o Condado, é que a coisa começa a ficar um pouco arrastada. Tratando logo de fazer uma ligação com O Senhor dos Anéis, a adaptação de O Hobbit começa pra valer no Condado, com Bilbo Bolseiro começando a escrever suas aventuras. Temos até a participação do Frodo e percebemos que tudo se passa pouco antes de Bilbo desaparecer e deixar o Um Anel para o sobrinho. São vários minutos que mostram Bilbo pensando se deve ou não escrever a história e Frodo repetindo falas de O Senhor dos Anéis. Quando finalmente vamos para o passado (60 anos para ser mais exato), acontece uma longa sequência que mostra Gandalf convidando Bilbo para uma aventura e a chegada dos anões na casa do hobbit. Leva-se muito tempo até que finalmente seja revelado o motivo pelo qual os anões precisam de Bilbo e mais algum tempo até que ele decida partir junto. Tudo bem que O Senhor dos Anéis também tinha um começo longo, mas a diferença é que tudo naquele filme era novidade, algo que não acontece em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada já que conhecemos o cenário. As tomadas aéreas mostrando a belíssima Terra-Média já não causam mais o mesmo impacto de anos atrás. A ação é divertida, mas também não é nada que já não tenhamos visto. Além disso, elas são um pouco menos violentas, já que O Hobbit possui uma história mais infantil e com mais humor. O humor, aliás, parece ser a principal função dos anões, que discutem entre si, tropeçam uns nos outros, esse tipo de coisa. Dos 13 anões da história, eu só consegui guardar o nome e aparência de Throrin Escudo de Carvalho, se morresse algum dos outros, eu nem iria me dar conta. Pelo menos a quantidade de anões rende boas cenas com Gandalf que, a cada nova fuga, sempre aparece contando o número de seus companheiros pra ver se ninguém ficou para trás. Falando em Gandalf, ele está muito mais atuante aqui do que em Senhor dos Anéis, utilizando sua magia mais vezes. O único problema disso é que ele sempre acaba surgindo com um truque mirabolante quando a coisa parece perdida e é impossível não perguntar “por que ele não fez isso antes?”. Já o protagonista, Bilbo Bolseiro, fica totalmente sem função com a divisão da história em três filmes. Os anões não teriam motivo algum para levar o hobbit com eles, já que ele pouco ajuda. A única função dele até o momento é estar destinado a encontrar o Um Anel, que será o foco no futuro. Aliás, a disputa de adivinhações entre Bilbo e Gollum foi a melhor coisa do filme, trazendo de volta um dos melhores personagens da trilogia. As cenas em que Gollum conversa sozinho bem na frente de Bilbo, tentando decidir o que fazer com o pequeno hobbit são hilárias. Sem contar que o visual da criatura, totalmente criada em computação gráfica, está ainda mais sensacional do que em Senhor dos Anéis. Esse trecho do filme agrada também no quesito tensão. Apesar de sabermos que Bilbo está vivo no futuro, é difícil não prender a respiração quando Gollum começa sua caçada pela caverna. O Hobbit conta ainda com trechos que vão fazer a alegria dos fãs da trilogia original, como a visita do grupo à Valfenda e as aparições de Elrond e Saruman. O problema, mais uma vez, é que muitas dessas conversas são arrastadas, tudo com o intuito de esticar ao máximo a história. Por falar em esticar, um dos maiores acertos de O Senhor dos Anéis foi justamente cortar os trechos de cantoria, já em O Hobbit elas estão presentes. Talvez o corte dessas cenas já fosse o suficiente para deixar o filme menos cansativo. Como ainda temos mais dois filmes pela frente, o final d’O Hobbit: Uma Jornada Inesperada também não resolve nenhum dos arcos criados, deixando tudo para as continuações. No final das contas, o filme foi um bom passatempo, uma aventura legalzinha, mas nada além disso. Bem longe da jornada épica de O Senhor dos Anéis. Agora o super banner (cliquem para ampliar): The Hobbit: An Unexpected Journey (EUA, 2012) Direção: Peter Jackson Duração: 169 min Nota: 7,5