Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Se tem uma parada dos games modernos que não me pegou foi o multiplayer online. Não que isso seja algo novo, mas antes ele era restrito aos games de pc. E como sempre gostei muito mais de consoles do que de pc, eu vivia feliz jogando minhas partidas solo ou desafiando amigos pessoalmente no Street Fighter ou no PES (muito melhor que Fifa. Nota do editor:”Fifa é pra maricas!!”). Aí chegaram o Xbox 360 e o PlayStation 3, com suas placas de rede wifi e suas excelentes redes de multiplayer: Xbox Live e PSN. Apesar de achar divertido jogar uma partida ou outra online, continuei me concentrando apenas nas campanhas offline. Até que, infelizmente, o multiplayer começou a invadir o meu espaço. Primeiro começaram a colocar multiplayer em tudo quanto é jogo, até aqueles que nem combinam com essa modalidade. Os melhores jogos para esse tipo de coisa são os de tiro em primeira pessoa que, geralmente, possuem uma história envolvendo duas facções rivais. Cada jogador escolhe um lado, formam-se as equipes e começa a matança. Beleza. Além deles, temos os jogos de corrida, que ficam muito mais divertidos com a possibilidade de se enfrentar adversários ao redor do mundo. Mais recentemente, até os jogos de futebol entraram nessa onda, sendo possível partidas online onde cada participante controla um único jogador do time. Tudo muito legal, tudo muito bacana, mas e quando isso começa a afetar o jogo principal? Esses dias eu estava conversando com dois amigos a respeito do novo Fifa 13, aí um deles comentou que não gostou do fato do jogo ter poucas comemorações diferentes por parte dos jogadores. E o outro cara, que possui o jogo há mais tempo, respondeu “é que você precisa jogar o multiplayer pra abrir mais coisas”. Pera aí né, como assim eu sou obrigado a jogar online pra ter um jogo mais completo? Eu não tenho Fifa 13, mas pelo que eles disseram, o game vem com pouquíssimas comemorações em sua forma bruta. Mas o pior mesmo acontece nos jogos de ação/aventura/whatever, que estão empurrando opções multiplayer muitas vezes mal acabadas e que não tem nada a ver com o clima do jogo. Então temos disputas entre Isaac Clarkes e Necromorphs, em Dead Space 2, vários Nathan Drake atirando uns nos outros em Uncharted, ou disputas para agradar aos deuses no vindouro God of War: Ascension. Mas beleza, ninguém é obrigado a jogar esses modos, estão ali mais como um “brinde” para os que curtem. O grande problema é quando a preocupação com o multiplayer acaba afetando a experiência principal do jogo, quando o multiplayer se torna a verdadeira função do jogo existir. Um dos grandes exemplos desse tipo de coisa é a franquia Resident Evil. Tudo começou no quinto jogo da série, quando criaram aquele sistema de parceria colocando a inexpressiva Sheva Alomar para atuar ao lado do Chris. Tudo bem que os personagens de Resident Evil não possuem muita profundidade, mas ela simplesmente surge do nada como grande amiga do Chris e não faria falta alguma se não estivesse presente no jogo. E apesar de ainda não ter jogado Resident Evil 6 completo, pela demo me pareceu que ele vai pelo mesmo caminho. Uma história principal fraca e pouco desafiadora, com foco no multiplayer e personagens secundários que estão ali apenas para proporcionar a partida com dois jogadores. Outro que está indo nessa onda errada é Dead Space. A série que começou tão bem, trazendo de volta aquele horror de gelar a espinha, inventou de colocar modo cooperativo no terceiro game. A graça de um survival horror é justamente jogar sozinho, com medo do que possa surgir na sua frente. É muito mais fácil você levar um susto sozinho e concentrado do que jogando com um amigo. Alguém pode argumentar “mas se você quer jogar sozinho, ainda vai poder fazer isso”. Sim, é verdade, mas com os roteiros cada vez mais elaborados que os games possuem, o maldito parceiro do Isaac Clarke ainda vai estar lá me acompanhando mesmo que eu jogue sozinho. Da mesma forma que vem acontecendo em Resident Evil. O interessante é notar como a indústria dos games, que há anos se tornou um lugar com histórias muito mais interessantes que o cinema de Hollywood, começa agora a passar pelo mesmo processo que a indústria cinematográfica. Antigamente, quando os filmes tinham algum efeito especial os diretores precisavam quebrar a cabeça até conseguir algo satisfatório. E sempre saíam coisas muito criativas. Depois que ficou fácil criar cenas em computação gráfica, os roteiros passaram a servir apenas como desculpa para cenas malucas. Basta assistir os Transformers do Michael Bay. E agora vemos isso começar a acontecer com os games, que acabam tendo seus roteiros adaptados para suportar um modo cooperativo que muitas vezes não combina com o clima do jogo. Até mesmo a dificuldade nos games vem diminuindo cada vez mais, priorizando a experiência do jogo online. Afinal, fica difícil colocar puzzles muito elaborados que vão fazer os jogadores ficarem parados por alguns minutos. Enquanto isso, jogos que prometiam ser verdadeiras obras de arte, como The Last Guardian, ficam eternamente aguardando o lançamento. Não é a toa que grande parte dos gamers tem se voltado cada vez mais para o mercado de jogos indies, onde surgem coisas sensacionais como Limbo, Hell Yeah! Wrath of the Dead Rabbit, I Am Alive e Journey.