Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Voltamos com a segunda parte do especial Os 50 anos do Demolidor! Vamos acompanhar agora da década de 90 em diante, onde o herói passou por fases tristes, voltou ao topo, ganhou prêmios e MUITA coisa rolou. Quer saber mais? Leia logo abaixo! Já leu a primeira parte do especial? Os 50 anos do Demolidor – Parte 1 PEQUENO INTERLÚDIO: A VOLTA DA VOLTA DE FRANK MILLER Em 1993, a Marvel estava preparando terreno para comemorar os 30 anos do personagem, e para isso trouxe de volta Frank Miller. O roteirista na época já era um superstar da indústria das HQs com obras do nível Batman: O Cavaleiro das Trevas, Batman: Ano Um e Sin City no currículo, além de estar envolvido no mundo do cinema com o roteiro de RoboCop 2. Só que dessa vez ele voltou para contar a origem do personagem em Demolidor: O Homem Sem Medo, minissérie em 5 partes com desenhos de John Romita Jr. Miller criou um grande retcon e mexeu em toda a mitologia do herói, como, por exemplo, mostrar que Murdock era um pequeno trombadinha quando criança, foi responsável pela morte de uma prostituta, alguns detalhes do treinamento dele com Stick e talvez a mudança mais radical: a origem de Elektra. Antes uma jovem “normal”, agora Elektra Natchios era uma psicopata desvairada desde a adolescência. Outro ponto legal é a origem do Rei do Crime e como, desde o início, Murdock e Fisk estavam ligados mesmo sem saber. Embora não seja um trabalho tão brilhante quanto os anteriores de Miller, essa origem vale muito a pena ler graças a brilhante arte de Romita Jr. ONDE SAIU ISSO? Saiu no formato mini pela Abril, além de encadernados pela própria Abril e uma edição luxuosa da Panini Comics. SAIU NOCENTI, OS TEMPOS DIFÍCEIS VOLTARAM D.G.Chichester assumiu os roteiros após a saída de Nocenti e já fez uma sequência meio que indireta de A Queda de Murdock, “A Queda do Rei do Crime“, com o Demolidor jogando sujo contra Wilson Fisk e acabando com os seus poderes no submundo e recuperando tudo aquilo que ele perdeu ainda na fase Miller: a amizade de Foggy Nelson e o direito de advogar. Chichester procurou sair do clima que Nocenti tinha estabelecido e criou histórias mais policiais, além de fazer escolhas polêmicas no título: trouxe de volta Elektra (que não aparecia desde a sua ressurreição), revelou a identidade do Demolidor obrigando o herói a forjar a morte de Matt Murdock e criou um novo uniforme controverso. A fase que começou bem sofreu diversas críticas dos leitores e uma pesada interferência editorial, que fez com que Chichester saísse do título. O escritor J.M. DeMatteis assumiu o título por sete edições com uma pegada mais dark e psicológica, mas não foi nada bem e também saiu do gibi. Com o título jogado a escanteio novamente, coube ao escritor Karl Kesel (e depois Joe Kelly) ao lado de Cary Nord trazer o tom mais humorístico característico do início do personagem em uma fase que foi até elogiada pela crítica e pelos leitores, mas que eram apenas engraçadinha e não acrescentava em nada. Após 380 edições a revista foi cancelada. MARVEL KNIGHTS: JOE QUESADA E KEVIN SMITH E O DIABO DA GUARDA Em 1998 a Marvel estava se reestruturando após uma série de decisões erradas e histórias ruins. A editora lançou o selo Marvel Knights sob a liderança de Joe Quesada e Jimmy Palmiotti, e o primeiro lançamento do selo na verdade foi o relançamento da revista solo do Demolidor. Quesada precisava de um nome forte para atrair novos leitores e então resolveu chamar Kevin Smith, famoso diretor responsável por filmes aclamados pela mídia e pelo público como O Balconista e Procura-se Amy. Smith é um nerd assumido e grande fã do Demolidor, e logo de cara criou uma trama em oito partes envolvendo o nascimento de uma criança que simbolizava o Anti-Cristo, mas também o Messias. O herói precisa lidar com a partida de Karen Page e também com o redescobrimento da sua fé quando um bebê é abandonado na porta do seu escritório. Aí começa uma série de acontecimentos como a volta da mãe de Murdock, além da volta de Karen Page com uma notícia bombástica: ela tem AIDS! O final do arco que ficou conhecido como O Diabo da Guarda é surpreendente, com a morte de um importante personagem do elenco do herói, um confronto brutal contra o Mercenário e um inimigo inesperado. Essa história fez com que o personagem voltasse a aparecer no Top 10 de vendas e fez com que o herói voltasse aos holofotes. O roteirista Kevin Smith saiu no número #8, mas a edição seguinte veio um roteirista ainda melhor: David Mack. Mack, que era grande amigo de Quesada, além dos roteiros também assumiu a arte e introduziu mais uma personagem feminina de característica forte na vida do Demolidor: Eco. Maya Lopez, assim como Matt Murdock, também é deficiente e também conta com todos os outros sentidos muito aguçados. A única diferença é que ao invés de cega, ela é surda. Sem saber, Maya é envolvida em uma trama onde se encontra apenas como uma marionete nas mãos de Wilson Fisk, o Rei do Crime, que está de volta. Fisk contrata a jovem Eco para seduzir Murdock e novamente tentar derrubar o seu inimigo. Com uma arte belíssima, tanto de Mack quanto de Quesada, e um roteiro consistente, o arco Partes do Todo manteve o personagem em alta. Mas o melhor ainda estava por vir. ONDE SAIU ISSO? Diabo da Guarda saiu na extinta Marvel 2000 da Editora Abril, em encadernado pela Panini Comics e na linha Marvel Graphic Novel pela Editora Salvat. Já o arco Partes do Todo saiu na Grandes Heróis Marvel Premium da Abril. BRIAN MICHAEL BENDIS MUDA TUDO Vindo do cenário underground e das editoras menores, Brian Michael Bendis chegou na Marvel em 2000 onde começou a sua longa e lendária fase em Ultimate Spider-Man que chamou a atenção dos fãs e da crítica especializada ao recontar a origem de Peter Parker nos anos 2000. Bendis assumiu o título do Demolidor à pedido de Joe Quesada na edição #16, imediatamente após a saída de David Mack dos roteiros (que permaneceu na arte). No arco em quatro partes, Despertar, Bendis já mostrou as suas características próprias: diálogos com um pé na realidade com forte influência de filmes e séries, verborragia e um pouco de enrolação. Esse arco foi o passaporte para que o roteirista assumisse de vez a série na edição #26 ao lado de Alex Maleev. Logo de cara o escritor já chuta o pau da barraca no arco O Segundo Homem, capangas do Rei do Crime descobrem a informação de que o Rei sabia a identidade do Demolidor esse tempo todo e não fez muita coisa. Inconformados, eles esfaqueiam o Rei (quase) até a morte e soltam a informação de que Murdock é o Demolidor nas ruas. O final do arco é o pior possível para todos os envolvidos: a mulher de Fisk descobre que foi o seu filho quem vazou a informação nas ruas e que planejou o assassinato do pai. Então, ela o mata e a identidade de Matt Murdock é entregue ao FBI que vaza tudo pra imprensa. A vida de Murdock acabou. A imprensa não sai da frente de sua casa, vilões aparecem para desafiá-lo a todo momento e Murdock é obrigado a desmentir qualquer ligação com o Demolidor toda vez que é questionado sobre o fato. Tentando voltar com a sua vida normal, Matt assume um arriscado caso nos tribunais envolvendo um herói aposentado, o Tigre Branco. Sedentos pelo julgamento e por descobrir informações da vida pessoal de Murdock, a imprensa acompanha tudo feito abutres loucos por uma desgraça (que acontece): Tigre Branco é considerado culpado no caso e acaba sendo morto nas mãos de Matt Murdock, que nada pôde fazer. Nesse meio tempo o herói conhece aquela que seria sua vindoura esposa, Milla Donovan, vê o Coruja tentar assumir o posto de Rei do Crime, o FBI perseguindo ele em todos os momentos, quando o pior acontece (mais uma vez!): Wilson Fisk, ressurgido das cinzas, está de volta e junto com ele está Mary Tyfoid. Pior: a Yakuza está tentando conquistar a Cozinha do Inferno e ainda temos a volta do Mercenário! O final desse arco conta um confronto brutal contra o Rei do Crime onde o impensável para um herói acontece: Murdock declara-se o Rei da Cozinha do Inferno! O título dá um salto de um ano onde vemos a Cozinha do Inferno virar um grande paraíso e Murdock se casar com Milla. Mas agora o herói está desaparecido graças a uma grande luta com a Yakuza. Depois disso o Demolidor é obrigado a lidar com a volta do PRIMEIRO Rei do Crime da década de 20 e com um velho amigo voltando a ser vilão. Aí o escritor fecha a sua fase com dois arcos maravilhosos: Decálogo mostrando um grupo de pessoas tendo lidar com um estranho caso envolvendo o Demolidor (onde o personagem dificilmente aparece), e O Dossiê Murdock onde todas as pontas são fechadas e o impensável acontece: Murdock é preso junto com todos os seus inimigos na Ryker. Após 55 edições, Brian Bendis mudou completamente o universo do herói com consequências que duram até hoje na vida do Demolidor. O trabalho do escritor no título para muitos é até melhor que a fase Frank Miller e virou uma bíblia fundamental para qualquer escritor, principalmente para o Ed Brubaker, o próximo roteirista da série. ONDE SAIU ISSO? O primeiro arco, Despertar, você encontra em Paladinos Marvel, enquanto o restante da fase você encontra em Hulk & Demolidor e posteriormente em Demolidor – O Homem sem Medo, todas revistas da Panini Comics. O DEMÔNIO DO BLOCO D, A VOLTA DE VELHOS INIMIGOS E UM NOVO STATUS QUO Assumindo a difícil missão de manter o nível e qualidade da revista no alto, Ed Brubaker não decepcionou. No primeiro arco com a chegada de Murdock à mesma prisão que outros vilões o resultado não poderia ser outro: muita confusão, pancadaria, rebeliões e Matt fugindo da prisão. O escritor ainda “mata” Foggy Nelson (na verdade o governo só esconde ele), faz o Demolidor viajar pela Europa, reencontrar o Rei do Crime, enfrentar um enlouquecido Gladiador, tornar Milla Donovan uma louca sem cura graças ao Sr. Medo, traz de volta antigos vilões, introduz Mestre Izo que é o MESTRE de Stick e ainda transforma Matt Murdock no novo líder do Tentáculo! A fase Brubaker no título é um grande complemento da fase anterior, só que faz o Demolidor enfrentar velhos inimigos com uma nova e atualizada roupagem (Sr. Medo, Executores entre outros), além de introduzir novos personagens coadjuvantes como o Tarântula Negra, Dakota North, Lily Lucca e o Mestre Izo. Brubaker conseguiu criar uma fase tão boa (e até em alguns momentos superior) quanto a passagem de Bendis pelo título. Mas aí Brubaker resolveu sair do título. O que veio a seguir tinha chances de ser sensacional, mas não foi… ONDE SAIU ISSO? Aqui no Brasil essa fase saiu nas revistas Marvel Action e Universo Marvel, ambas da Panini Comics. LÍDER DO TENTÁCULO E TUDO DEU ERRADO Quem assumiu o título logo em seguida foi o escritor Andy Diggle e o personagem tinha um plot interessante: um herói católico sendo responsável por ser o líder de um grupo de assassinos. Diggle não soube aproveitar (e também não teve tempo) tão bem esse gancho, já envolvendo o personagem na saga Terra das Sombras, onde descobrimos que o Demolidor está possuído por… um espírito demoníaco. Na saga o Demolidor mata o Mercenário e é detido pelos seus amigos heróis (Homem-Aranha, Elektra, Luke Cage entre outros) e consegue tirar o demônio em seu corpo. Essa saga deixa claro que as últimas ações do herói (virar líder do Tentáculo entre outras ações) deveram-se a essa possessão. No final, Murdock ainda desiste de ser o Demolidor e resolve sair pelo mundão. Uma fase fraquíssima que fechou de maneira melancólica o título do personagem que vinha de uma fase incrível desde 1998. A fase dark do personagem chegou ao fim, e era necessária uma roupagem mais leve e descontraída. E ela estava por vir. ONDE SAIU ISSO? Saiu em Universo Marvel pela Panini Comics, mas nem leia. RELANÇADO COM NOVA EQUIPE E SORRINDO PARA O SOL Depois de mais de 10 anos em histórias sombrias com o personagem chorando no telhado e lidando com mortes, ninjas e demônios, eis que chega Mark Waid (velho conhecido dos leitores do Flash, Liga da Justiça e Quarteto Fantástico) e traz de volta o tom mais leve e divertido para o personagem. A nova fase mostra um Murdock voltando do seu exílio disposto a deixar a vibe ruim no passado enfrentando vilões com bom humor, sorrindo e voltando a paquerar mulheres. Waid ainda envolveu outros vilões do Universo Marvel no título, introduziu novos vilões e ainda repaginou alguns antigos. Essa “nova” versão do personagem foi tão bem aceita pelos fãs e crítica que ganhou diversos prêmios Eisner (o Oscar dos quadrinhos), comprovando a qualidade da série. A fase durou 36 edições e recentemente o título foi relançado (de novo) nos EUA, só que com a mesma equipe criativa graças aos eventos ocorridos no volume anterior (um GRANDE evento por sinal). ONDE SAIU ISSO? Essa fase está saindo pela Panini Comics em encadernados trimestrais simplesmente intitulados Demolidor. Até o momento foram lançados 5 volumes. Me despeço aqui deixando dicas de outros materiais do personagem que valem a pena ler: Demolidor Amarelo de Jeph Loeb e Tim Sale, Daredevil: End of Days por Brian Michael Bendis, David Mack, Klaus Janson, Bill Sienkwiecz e Alex Maleev, Demolidor: Amor e Guerra de Frank Miller e Bill Sienkiewicz , Demolidor: Redenção de David Hine e Michael Gaydos e Demolidor: Pai de Joe Quesada. Que venham mais 50 anos para o herói da Cozinha do Inferno!