Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Tudo ao redor era uma névoa sufocante e triste. Vemos espelhos, milhares deles, flutuando por esta vastidão sem fim. Poucos sabem, mas cada espelho em nosso mundo pode nos levar a este local. Toda vez que nossa esperança se esvai e, sozinho, olhamos desolados nossos reflexos em um espelho, na verdade olhamos para ela. Pois, neste momento, estamos sendo observados por Desespero. Ela estava sentada no chão de seu reino, acariciando uma enorme ratazana. Algumas outras corriam ao redor dela em busca de atenção, mas eram ignoradas. Desespero refletia. Havia sentido a manifestação do poder de sua mais nova irmã. O momento dela despertar aproximava-se cada vez mais e não sabia o que fazer. Então sentiu que um de seus irmãos segurava seu símbolo de poder e a chamava. Animando-se, levantou com a possibilidade da busca pela sua irmã ter avançado. Mas quem surgiu para conversar foi seu/sua irmão(ã)-gêmeo(a) Desejo. Ao ver seu sorriso, a animação de Desespero esvaiu-se. – Olá, irmã-gêmea. – O que faz aqui, irmã? – Você sentiu isso, não? – Sim… – Então sabe que o poder de nosso irmão está despertando e ele não está sabendo controlar seu poder. – E o que eu posso fazer? Desejo delicadamente pousou sua mão sobre o ombro de sua irmã: – Você não. Nós. Todos os ratos saíram correndo e foram tragados pelas névoas sem fim. Desespero balbuciou: – Como assim? – Ora, querida irmã. Você ficou até o fim do conclave de nossa querida Família. Deve saber de coisas que não sei… – Aonde… Aonde você quer chegar? – Minha querida irmã, nós sempre trabalhamos juntas, não? Por que agora seria diferente? – Eu sei, mas… – Sem isso de “mas”. – interrompeu Desejo – Comecemos. O que você sabe que eu não sei? Vamos lá. Entre nós não existem segredos. Com o gancho de seu anel, Desespero abriu um corte profundo no próprio peito. Enquanto o sangue jorrava, ela começou a contar tudo o que sabia… ************************* Nova Iorque. Em um enorme arranha-céu no centro da cidade, dois homens e uma mulher se reuniram. Os três sentaram-se em uma mesa triangular. Havia um enorme olho entalhado em cada ponta do triângulo. Esta sala era a sede da Sociedade da Terceira Visão. Estas três pessoas eram seus grão-mestres. E um momento há muito esperado por eles finalmente aconteceu. Um deles disse: – Um Perpétuo despertou. Ele será muito útil sob nosso controle. Outro ponderou: – Não devemos cometer o mesmo erro de Roderick Burgess anos atrás. Teve Morpheus em suas mãos e o perdeu. O terceiro deles se manifestou: – Temos de aproveitar agora, enquanto ainda está fraco. Depois será tarde demais. Um de nossos sensitivos descobriu aproximadamente onde o novo Perpétuo se encontra. Um deles se alterou: – Como assim? Por que não nos disse antes? – Porque esta informação me foi passada a caminho desta reunião. – E qual a localização aproximada dele? – Brasil. Mais especificamente, a cidade de São Paulo. Presumo que nosso agente para capturá-lo já foi escolhido? – Sim. É um de nossos mais antigos e poderosos membros: Santyago Paternon. Um riso sinistro e confiante tomou conta da sala. ************************* Londres. Timothy parou bruscamente seu skate em frente a um antigo edifício no centro de Londres. Correndo, subiu alguns lances de escadas e parou em frente a um apartamento para tomar fôlego. Quando se preparou para bater na porta, ela abriu-se. – Olá, Tim. Bom te ver. Quem observava o garoto era um homem na casa dos 50 anos, loiro barba por fazer e trazendo um cigarro no canto da boca. Vestia um surrado sobretudo bege por cima de roupas sociais. John Constantine não parecia surpreso de ver o garoto em seu apartamento àquela hora da manhã. Timothy também achou isso estranho, mas estava aqui por uma questão mais urgente. – O ovo dos mundos, John! – começou a explicar. – Ele quebrou! Quer dizer que um mundo novo nasceu! Com um ar aborrecido, Constantine deu uma baforada: – Era de se esperar… – Como assim? – o garoto cada vez entendia menos. – Dê uma olhada aqui dentro… Constantine escancara a porta de seu lar e finalmente Timothy percebe que o homem não estava sozinho. Mais dois sujeitos encontravam-se em pé, de sobretudo e chapéu, no meio da sala. Um deles aparentava ser um pouco mais novo que John, mas seus olhos transbordavam uma sabedoria infinita. Olhos estes que sorriram ao ver o menino. O outro tinha uma idade indefinida, mas era mais velho que qualquer coisa ou pessoa presente ali. Saudou o garoto com um pequeno maneio de cabeça, mas não era possível saber o que sentia. John Constantine. Doutor Oculto. Vingador Fantasma. Três dos maiores magos do mundo reunidos na sua frente. O queixo de Timothy caiu. – Alguma coisa muito grave aconteceu… Constantine tentou acalmá-lo: – Nem tanto. E então, que tal viajar para o Brasil? ************************* No palácio do Sonhar, Sonho convocou mais uma vez Caim e Abel para uma audiência. No ombro do Lorde Sonho, vemos um corvo. O pássaro ainda usava seu nome de quando era humano, Mathew. Sonho olhou para todos profundamente então concluiu: – Essa é a situação. Compreenderam? Caim adiantou-se em responder: – Correto, milorde. Mas, se me permite, por que o senhor mesmo não vai realizar a busca? Se o questionamento de alguma forma perturbou Sonho, ele não demonstrou: – Tenho inúmeros afazeres enquanto Perpétuo dos sonhos e não posso abandoná-los. Agora, partirão para o mundo desperto para ir em busca de minha irmã. Mathew será o contato de vocês comigo. O corvo pareceu aborrecido. Sonho levantou-se: – Desejo-lhes sorte. Abriu-se um portal e o três adentraram-no, desaparecendo. 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