Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Por entre acertos e pecados Em 2004, o lançamento de Sin City: A Cidade do Pecado foi algo transcendental. Vimos com olhos enfeitiçados o nascimento de um clássico sangrento de nossa cultura pop, que ainda hoje é uma forte influência visual e conceitual. Agora, a diferença notável entre A Cidade do Pecado e A Dama Fatal é a falta do elemento surpresa para os fãs. Fora isso, tudo parece exatamente o mesmo. Praticamente um certificado de garantia, não é? Sin City: A Dama Fatal foi dirigido por Robert Rodriguez em parceria com Frank Miller, o respeitado autor da HQ homônima que o filme adapta. Percebemos vividamente no roteiro de Miller a valorização necessária de todos os elementos que fizeram de seu trabalho nos quadrinhos algo cultuado, e que obviamente funcionaram perfeitamente no primeiro filme: o amor e sexo como ferramentas de construção moral e psicológica, a vingança e honra como motivações terminais destes mesmos valores, e a violência servindo de expressão artística para a loucura dos personagens. Uma válvula de escape. As histórias atemporais apresentadas em A Dama Fatal, que se misturam cronologicamente com as de Cidade do Pecado, são guiadas por ações exacerbadas, que chegam a ser caricatas de tão honestas. Temos uma deusa capaz de levar qualquer homem a ruína, um jogador que aposta a própria vida no esforço de ser lembrado, e uma mulher à beira da loucura, guiada apenas por sua sede de vingança. Estas três linhas narrativas são quase sempre conduzidas por um poético, eloquente e funesto voice-over. O texto de Frank Miller explora o lado mais sombrio do ser humano, mas também se preocupa em revelar fraquezas e sensibilidade. Estes já conhecidos argumentos do autor traduzem com perfeição a sensação de que, em nível molecular, estamos vendo na tela uma adaptação de sua HQ.