Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Lembro quando o game Spore foi lançado pela EA com o maldito sistema DRM, que só permitia que o jogo fosse autenticado no máximo três vezes. A cada vez que a pessoa precisasse formatar o computador, uma autenticação seria gasta. Se o computador fosse formatado mais de três vezes, o comprador que gastou dinheiro com um produto original teria que entrar em contato com a EA, explicar a situação e torcer para ganhar um novo código de ativação. Nos piores casos, você terminava com um belo peso de papel de R$ 100,00. Ou seja, um sistema onde o verdadeiro prejudicado é quem compra o jogo original. Na época, isso gerou uma revolta na comunidade gamer, fazendo com que surgissem até campanhas para que se baixasse o jogo pirata. E agora, infelizmente, parece que essa praga chegou com força total nos consoles, utilizando principalmente de passes online, que permitem que apenas um usuário possa utilizar o conteúdo multiplayer do game. A RockSteady foi mais longe e lançou uma boa parte de Batman Arkham City (as partes jogáveis da Mulher-Gato) como DLC. E nem adianta dizer que jogar com ela é apenas um bônus, pois quem jogou sabe muito bem que os trechos com a ladra fazem falta na história principal. Não é possível que as produtoras não percebam que esses sistemas incentivam ainda mais a pirataria, afinal, quem é que vai querer pagar por algo que não é totalmente seu, uma vez que você não tem nem o direito de emprestar alguns jogos. Mas, ao que tudo indica, as grande empresas de games não conseguem enxergar o óbvio, já que a cada dia que passa elas inventam sistemas ainda mais complexos e absurdos na esperança de lucrar ainda mais. O mais recente boato é de que, “cansada” de combater apenas a pirataria, a Microsoft agora vai lutar contra a indústria dos jogos usados. De acordo com uma notícia que saiu no site Kotaku, é possível que o próximo Xbox venha com uma trava contra jogos usados. Se esse boato se confirmar, você vai pagar por um jogo que não será totalmente seu. E nem estou falando do direito de revender o game, mas simplesmente de poder emprestá-lo ou trocá-lo com algum amigo. Uma coisa é você bloquear o console para jogos pelos quais o usuário não pagou, mas a partir do momento que eu compro um jogo ele é meu. Se estamos pagando por um produto, devemos ter o direito de fazer o que quiser com ele. Imagina você reunindo uma galera pra jogar videogame e cada um tendo que levar o seu próprio console porque os jogos não vão rodar em qualquer um. Para não ficar apenas na minha opinião de merda, eu conversei com o programador de jogos Valério Dallapicula, que já trabalhou no desenvolvimento de games para celular e redes sociais. “Sinceramente, eu não sei se as grandes produtoras vão ganhar mais dinheiro com esse tipo de atitude. Pra mim, como desenvolvedor, o importante é que as pessoas joguem os meus jogos, seja emprestado ou comprando usado. O importante é ter um retorno da qualidade do meu trabalho, que mais pessoas conheçam a minha marca”. Outro ponto interessante levantado por Valério é que a diminuição dos jogos usados não significa, necessariamente, o aumento nas vendas de jogos novos. “Antes de comprar um game, eu pego emprestado com alguém para testar e ver se vale à pena. Além disso, só compro jogo novo se for realmente muito bom, caso contrário prefiro comprar usado e pagar mais barato. Acabar com essas opções não significa que eu vá comprar qualquer game novo que sair, significa apenas que vou escolher melhor o que comprar”, explicou Valério. Claro que tudo isso ainda está no campo da boataria. A Microsoft não confirmou o lançamento do novo Xbox, muito menos que esse sistema anti-usados será realmente implementado. Mas caso tudo se confirme, essa me parece uma decisão precipitada e que só tende a incentivar a pirataria, afinal, vai ser muito mais fácil usar um game pirata que vai rodar em qualquer console. Aconteceu isso na época do lançamento de Spore. E nem adianta falarem que o sistema é seguro e que nunca será quebrado. A Sony dizia isso do PS3 e hoje em dia já tem gente jogando sem pagar pelos games. Ao invés de criar sistemas que prejudicam apenas o jogador honesto, a indústria de games deveria pensar em novas maneiras de incentivar as pessoas a comprarem os games originais e novos. Uma ótima iniciativa (que já deveria ter sido tomada há muito tempo) é vender jogos via download por um preço menor do que a mídia física. Além de um possível aumento nas vendas, isso diminuiria a compra e venda de jogos usados, uma vez que o preço do game novo valeria à pena. E quem prefere a mídia física acabaria comprando o jogo novo por não ter muitas opções de usados no mercado.