Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Quem é que nunca levou porrada ou presenciou uma grande injustiça/sacanagem/safadeza nessa vida e desejou fortemente ter super poderes, nem que fosse “super coragem”, para poder fazer alguma coisa a respeito? Não tão longe: quem nunca vestiu uma máscara do Batman e uma capa quando criança e ficou se achando o tal? A simples presença de super heróis fictícios destituídos de super poderes representou um grande incentivo para a cabeça do homem comum, seja na prática como no surgimento de novas obras de ficção baseadas na “fantasia”. A prática vale, para alguns, tanto para fazer justiça como para se vingar ou simplesmente ser o herói admirado, respeitado e, quem sabe, pegador. O último tópico foi especialmente atraente para Dave Lizewski, protagonista de Kick-Ass, HQ de Mark Millar e John Romita Jr., que resolveu comprar uma roupa de mergulho no eBay e sair provocando delinquentes pelas ruas, levando muita porrada e se ferrando bastante no processo. As consequências por si só provavelmente já respondem a pergunta do referido personagem em dada página da HQ: “Por que todo mundo quer ser a Paris Hilton e ninguém quer ser o Homem-Aranha?“ “Ninguém” seria um exagero compreensível. Mas eles existem. E não apenas existem, como se unem, se organizam e até mesmo se registram. Organizações como a Iniciativa New York, praticamente uma Liga da Justiça, sem falar nas constantes aparições na mídia desses heróis da vida real estão aí para provar que esses caras fantasiados, que lutam pelo amor e pela justiça, ou por seja lá o que for, de fato existem. O documentário de Michael Barnett, Superheroes, mostrou alguns desses heróis mais de perto. Lançado em 2011 pela HBO, com direito a exibição na San Diego Comic-Con, o filme apresenta alguns dos heróis da vida real dos Estados Unidos e do Canadá. Ao acompanhar um pouco da rotina de patrulha deles, mostrando o modo como eles pensam e o que os motivou, escolha do nome, da fantasia, treinamento, entre outras coisas, o documentário dá um vislumbre dessa realidade ainda excêntrica de pessoas que encontram coragem para saírem pelas ruas fantasiadas e bancarem os heróis. Alguns, infelizmente, só tem o super poder de fazer as pessoas rirem. Ou, quem sabe, a super vergonha. Como em qualquer outro setor de ocupação dominado por seres humanos, é lógico que há aqueles que se destacam por se desempenharem excepcionalmente mal, proporcionando nada mais que vergonha alheia (muita). Nisso o filme peca e logo no começo, colocando na introdução justo um dos heróis que serve no máximo como o super piada. Em alguns momentos, inclusive, enfatiza pontos especialmente vergonhosos, como o fato de não terem vida social ou namorada, terem possíveis problemas com álcool e pouca ou nenhuma habilidade física, sem falar na inteligência duvidosa. Se fosse esse o objetivo até não seria tão ruim (o objetivo é que seria), mas intercalar partes apresentando caras dignos de pena, em tom de deboche, com histórias tratadas com mais respeito e seriedade, de pessoas realmente dignas do título de herói é um pouco confuso. Especialmente no que se refere ao objetivo do documentário, que não fica muito claro. Não há, tampouco, uma conclusão. Muitos deles levantam uma bandeira e apresentam razões para fazer o que fazem. Mas uma história que coincide nos relatos é a de Kitty Genovese, moça que foi esfaqueada até a morte em Nova York, nos anos 60, com cerca de 30 testemunhas, que preferiram fechar as janelas e ignorar os gritos dela. A indiferença das pessoas nas ruas quanto a outras em situação de perigo e moradores de rua também é motivação para muitos deles, em especial Thanatos, herói de 62 anos do Canadá. Em geral as histórias são bonitas, pra quem consegue ver além do começo sarrista e superar o primeiro impacto que impregna a coisa toda com uma sensação de que todos os envolvidos são um tanto ridículos. Mas não são. Não todos. Alguns servem como fonte de inspiração, mas só aqueles que estão além das idéias e motivações iniciais de Dave Lizewski. Trailer: