Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [ARTE DA VITRINE]: Thiago Chaves (@chavespapel) “– Amigo, me vê aquela empadinha ali. – Aqui está. São R$2,00. Uma mordida depois… – PORRA!! Cadê o recheio dessa empadinha?!? – Então, se o senhor quiser o recheio de frango, pode comprar essa expansão por apenas R$0,50. Mas temos a versão Carne Humana ou Sorvete de Jiló, mais exclusivo e interessante e custam apenas R$ 3,00 cada. Qual o senhor irá querer? – Cara, mas é mais caro que a empadinha em si. – Mas o senhor tem que entender que a personalização e o conteúdo diferenciado é o nosso foco. Por que o senhor vai comprar uma empadinha com recheio, se existe a possibilidade de decidir isso depois? – Hum…Ok.” É praticamente assim que te convencem a comprar um DLC. Sei que o exemplo dado é meio besta, mas é assim que me sinto e tenho certeza que muitos sentem a mesma coisa. Lógico que não com as empadinhas ou qualquer outro salgado, até porque as companhias que reinam no mundo dos games ainda não resolveram ampliar seu ramo de atuação para o campo das lanchonetes, atualmente dominada por chineses. Mas você, brasileiro que não tem acesso a games vindos de fora do país – muito mais baratos que os vendidos por aqui –, paga 199 dinheiros por um game como Batman: Arkham City ou Battlefield 3, no lançamento – muitos meses depois você ainda pagará esse preço –, o coloca em seu videogame e recebe uma enxurrada de avisos sobre DLCs legais e que você DEVE comprar. Isso não é legal. Gente, eu acabei de gastar praticamente 200 reais em um jogo e logo que ligo meu Ps3/Xbox 360, coloco o disco do jogo e inicio o mesmo, claro que não sem antes passar por todo o ritual de instalação do jogo, procurar por atualizações, instalação das atualizações, criação de savegame e, por fim, menu principal, ainda sou obrigado a ver mensagens do tipo “Compre uma roupagem nova para o seu Batman, Skins Pack por apenas $4,99 obamas!”. Amigo, acabei de entregar meu rim a loja onde comprei o game e você, produtora não satisfeita com a grana já tomada de minha carteira, ainda quer levar um pedaço da minha alma de brinde? Como assim meu povo?!? Não sei nem qual é a roupa do morcegão durante o jogo original e eles querem que eu compre outras? Qualé a dessa porra?!? Bom, alguns vão se perguntar “o que é um DLC?”, então, seu noob, dono de videogame desbloqueado, darei uma explicação breve agora. Vamos lá, DLC é a sigla para Downloadable Content ou, traduzido porcamente no Google Tradutor, Conteúdo para Download – ou Baixar, depende de você – e que todas as produtoras de jogos estão vendo como o novo pote de ouro no fim do arco íris com um gnomo sentado em cima. Esse conteúdo seria o equivalente a um pacote de expansão, muito conhecido durante os primórdios dos anos 2000 e que levou muitas empresas a ganharem oceanos – porque rios é para os fracos – de dinheiro com a revitalização de seus jogos obsoletos. Mas existe uma diferença entre pacote de expansão e DLC. O primeiro agregava uma nova perspectiva ou modalidade e, normalmente, todo um novo contexto ao jogo, enquanto o segundo apenas trás alguns mapas, armas, roupas, etc. – todos vendidos individualmente, diga-se de passagem. Uma expansão era quase como um jogo novo, uma continuação, enquanto o DLC é algo muito mais simplório e, às vezes, besta e inútil – não generalizando, pois os DLCs de Alan Wake, por exemplo, possuem a função de dar continuidade ao jogo original – deixando você com aquele sensação de “para que preciso disso?”, mas que, no fim, você acaba comprando. É como você começar a pensar na real utilidade do Facebook. Ele não tem muita serventia, mas você o acessa todo o santo dia e fica feliz por isso, mesmo sabendo – ou não – que você é só um gado demarcado prestes a ser vendido para algum anunciante, aumentando a riqueza do Mark Zuckerberg. Eu me sinto como se pagasse duas vezes pelo mesmo jogo, a cada nova DLC eu penso “por que isso já não veio no jogo? Me motivaria ainda mais a compra-lo.“, mas, como sou escravo do sistema, acabo comprando o jogo mesmo sabendo dos infinitos DLCs que serão lançados posteriormente. Meu amigo Felipe Storino apresentou um pouco sobre o problema dos DLCs em sua resenha sobre Batman: Arkham City, pois existem partes do jogo que fica quase impossível de dar prosseguimento sem a DLC da Mulher Gato, mas isso é apenas UM exemplo. Ou então o com a polêmica acerca do final do Mass Effect 3 e que desagradou aos fãs e gerou um DLC com outro final apenas para agradar. Caramba, um DLC para mudar o final do jogo?!? Não sei se isso é pago ou não, mas é um grande absurdo, assumam o erro do final de merda que fizeram, mas não enfiem goela abaixo dos jogadores uma nova versão apenas para agradar. Até porque sempre existe a possibilidade disso ter sido proposital e que no futuro eles lançariam de qualquer forma uma outra versão do final, mas provavelmente não esperavam tanta insatisfação do público. Mass Effect Spoiler Fudido!! Mas ainda acho que o pior caso é o da Capcom, que manda seus DLCs já no disco do jogo – DLC = Downloadable Content – e te cobra para destrava-los. Cara, eles te MANDAM as DLCs, mas você não pode usa-las porque estão bloqueadas, cadê o downloadable nessa coisa?!? Essa foi a maior piada contada hoje para minha pessoa. O próximo passo será te obrigar a comprar um DLC para poder lutar contra o último chefe ou para poder assistir ao final do game. Quem sabe compraremos DLCs para sairmos da tela inicial ou toda vez que salvarmos o jogo e quisermos continuar mais tarde, precisaremos de uma DLC para carregar o savegame. Quem sabe não evoluímos até esse ponto? Por isso eu digo, bons tempos aqueles das fitas que assoprávamos quando davam problemas e levava apenas 30 segundos para chegarmos ao menu principal do do jogo e não existia conexão com internet nem nada. Nós éramos felizes e não sabíamos.