Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Na década de 80, os X-Men já eram o grande destaque da Marvel, sem sombra de dúvida. A reformulação iniciada por Len Wein, em Giant Sized X-Men #1, e que Chris Claremont deu prosseguimento, revolucionou o universo mutante de tal forma que os efeitos são sentidos até hoje. Em 1982, a Marvel resolveu inaugurar a série Marvel Graphic Novel, na qual os autores poderiam ter mais liberdade para criar histórias sem amarras da cronologia e que funcionassem como porta de entrada para futuros leitores. Claro que a editora não iria perder a oportunidade de utilizar seus personagens mais famosos na nova linha, e por isso foi pedido uma história para Claremont. O escritor já tinha feito The New Mutants para o selo, então não seria novidade. O projeto, que originalmente contaria com a arte de Neal Adams, acabou não indo para frente por conta de divergências do desenhista com a editora. Com isso, o projeto foi parar nas mãos de Brent Eric Anderson, que já havia trabalhado com os mutantes anteriormente. Capa original: X-Men God Loves, Man Kills Conforme Claremont revela na introdução do encadernado de X-Men: Deus Ama, o Homem Mata (Panini,2014), ele estudou com afinco a bíblia para criar a base da história: um fanático religioso se apoia nas palavras do livro sagrado do cristianismo para propagar palavras de ódio e preconceito contra os mutantes. E claro que sua mensagem irá encontrar adeptos por todo os EUA. O escritor prova que o estudo valeu a pena e criou um vilão extremamente carismático na figura de William Stryker, um ex-soldado que após uma tragédia envolvendo a sua família encontra na religião um porto seguro. E também um lugar perfeito para espalhar ideias erradas. Stryker é um personagem tão real que ele poderia facilmente existir na vida real, o que se você parar pra pensar já existe. Principalmente aqui no Brasil! Magneto é outro personagem que ganhou um devido destaque aqui. O que dizer da cena inicial com as crianças sendo mortas e o então adversário dos mutantes jurando que tal situação não seria repetida novamente? É de deixar o leitor empolgado com o quê virá a seguir. Essa cena em si já mostra que o grande inimigo dos mutantes não são os Sentinelas ou outros vilões com poderes. O grande inimigo deles é a humanidade, com o medo e preconceito arraigados no ser humano. Aliás, uma frase do antagonista mais famoso dos X-Men é o que sintetiza a obra: “Uma história tão antiga quanto a humanidade, o homem matando em nome de Deus” Impactante até o talo, sem sombra de dúvida. Claremont não deixa a peteca cair e trabalha muito bem todo o drama, preconceito e violência que cerca a espécie humana e principalmente os mutantes no universo Marvel. Logo em seguida temos outro petardo com Kitty Pryde discutindo com Stevie Hunter, ao criar um paralelo do preconceito dos humanos com os mutantes e entre brancos e negros. Outro ponto positivo dessa história é que o escritor fugiu de exageros e criou uma trama extremamente pé no chão. Aqui não tem alienígenas, vilões com poderes, realidades paralelas ou algo parecido. É a realidade nua e crua. Os X-Men também brilham na história com momentos individuais: Noturno mostrando que é um demônio com sentimentos ao não matar Stryker quando podia, Wolverine concordando com as ideias de Magneto, Xavier hesitando no último segundo em matar seus alunos, Ciclope com seu belo preleção no final e o ápice do gibi que é o discurso final de Kitty Pryde em rede nacional. Na arte temos um Brent Anderson correto e que em nenhum momento prejudica a trama. Muitos fãs torcem o nariz para o traço do cara, mas cenas como Stryker acusando o Noturno, Colossus parando o carro no Central Park e principalmente a cena que abre o gibi com a morte das crianças prova que a escolha do artista foi acertada. Embora Claremont tenha escrito histórias melhores sobre o preconceito que os mutantes sofrem (lembra do caso do Larry Bodine?) apenas essa merece todos os louros possíveis. Não é a toa que ela serviu como base para X-Men 2, um dos melhores filme de HQs da história. E que posteriormente acabou entrando até para cronologia (e gerando uma continuação lamentável, mas isso é papo pra outro texto). [quote_box_center]Leia também: [Especial] Franquia X-Men e Dias de Um Futuro Esquecido[/quote_box_center] A edição da Panini é muito boa, ainda mais por contar com o formato original e com deliciosos extras como a entrevista com os autores que participaram (e com quem não participou, no caso de Neal Adams) e muito mais. O preço de capa é muito justo, principalmente por conta da qualidade gráfica da edição. Quem é fã de quadrinhos necessita ter essa história na sua coleção. De preferência com essa segunda edição lançada pela Panini Comics em 2014, não a primeira lançada em 2003. Obs: A história já foi lançada por aqui anteriormente pela Abril em 1988 com o título O Conflito de Uma Raça. X-Men – Deus Ama, o Homem Mata Roteiro: Chris Claremont Arte: Brent Anderson Editora: Panini (2014) Licenciador: Marvel Comics (1982) Número de páginas: 104 Formato: (20,5 x 27,5 cm) Colorido/Capa dura Preço de capa: R$ 22,90 Compre aqui na Comix! HQ gentilmente cedida pela nossa loja parceira Comix Book Shop.