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Confira a quinta parte do especial Magia e Ocultismo para Iniciantes.

Apesar de ainda ser cedo pra isso, e os exercícios e conceitos que passei provavelmente manterem vocês ocupados por pelo menos mais uns quatro meses, caso os levem a sério, já tiveram o cuidado de reler o primeiro texto e refazer o questionamento central dele: por que vocês estão fazendo isso? Por que se interessam por Magia? Por que querem se tornar um Mago (se é que querem)?

Façam isso antes de prosseguirem. Não precisam obter uma reposta definitiva, mas façam. Existe a porção Vontade no processo, principalmente nos que se proporem a praticar Feitiçaria, irem além da Filosofia e caírem de cabeça na prática. Se você não sabe o que quer, vai ser como ter um carro, carteira de motorista e não ter destino na sua cabeça. Não é exatamente ter um objetivo físico – “Estou querendo comprar um carro!!!” -, mas sim um motivo que o tenha levado a iniciar e um alvo a alcançar, por mais abstrato que ele seja, como contatar os Elementais da Maconha, por exemplo. Na verdade, você tem um destino, mas pode não saber que tem. Creio que ninguém está na Terra para passear e ver a vida passar, embora esse seja o consenso geral por aí. Pense nisso, abordaremos melhor o assunto futuramente.

Após dominarem os Sigilos e obterem resultados desejados – o item mais importante na Magia -, fazerem anotações em vossos Diários Mágicos, é hora do aviso: você cruzou a Porta e não tem mais volta. Você começou a vislumbrar o funcionamento das Engrenagens do Universo, tocou a música conforme a sua partitura. É como uma célula da sua perna direita fazer seu olho piscar. Parece impossível, mas não é. Somos todos um, lembra. Todas as moléculas são responsáveis por todos os atos do Universo… e é melhor Eu calar minha boca que isso está ficando bizarro.

Deixemos as explicações de lado, elas virão adiante. Após ter adentrado ao mundo da Magia, é hora de se proteger e organizar a casa. Não deixe mais de praticar banimentos – faça pelo menos uma vez ao dia, no lugar que você habitualmente realiza seus exercícios e rituais – e meditar, ou praticar outra forma de Gnose. Caso não queira entrar para alguma Ordem (Rosa Cruz, Astrum Argentum, várias outras), e não estou dizendo que isso depende só da sua Vontade, recomendo frequentar um Centro Kardecista, de Umbanda ou de Candomblé. Já recebi dicas valiosas de Entidades e Espíritos desses lugares, que são de contato um pouco mais fácil do que o povo de ordens esotéricas, que exigem iniciação, pagamentos, e assim por diante –   conta também que essas Entidades têm por missão a caridade e ajuda espiritual, e por isso o contato é mais facilitado… embora conversar de verdade com uma não seja tão simples assim.

Recomendo também, se tiver tempo e disposição, praticar Yoga, Tai Chi Chuan, ou alguma arte marcial que goste, para trabalhar a relação corpo-mente. Como fala o Pai Nosso, “Assim na terra como no céu”, ou que o corpo é o Templo do Espírito Santo, nosso corpo é um microcosmo que representa o Universo. Se nós não o dominarmos, jamais conseguiremos passar do primeiro degrau.

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Com as defesas devidamente prontas – não que você saiba exatamente quando precisará delas – é hora de aumentar o alcance da sua magia. O método mais importante é o Servidor. Servidor é como um Sigilo, mas que ao invés de ser banido, deve ser alimentado, ganhar força e continuamente realizar seu trabalho mágico em uma situação ou área específica. Assim como os Sigilos, não há limites para Servidores.

Da mesma forma que você pode criar um Servidor para te ajudar a comprar um carro ou chegar ao posto de diretor da empresa onde trabalha, pode ter um Servidor para te ajudar como Oráculo, a lembrar de sonhos, na cura e em outros aspectos da sua vida. Ué, mas um Sigilo não dá conta de tudo? Bom, não! Não existe regra ou matemática exata envolvida, mas um intento mais trabalhoso e com efeitos de longo prazo exige mais energia para ser realizado. Como tratamos de micro e macrocosmo, pensemos em termos de corpo humano: para pegar o controle remoto no sofá ao lado você não utiliza a mesma energia que usaria para correr uma maratona ou o esforço energético mental de resolver exercícios complexos de álgebra linear. É simples de entender.

Então, Sigilos como método em si, são eficientes, mas existem inúmeros intentos que nem a energia de uma orgia tantra hindu podem ser resolvidos com sigilização. Por isso existem Servidores. Se com Sigilo existe uma metodologia bastante difundida e usada, com Servidores a Magia começa a ficar subjetiva, justamente por se incorporar no dia-a-dia e não simplesmente estar inserida no Teatro da Magia.

O primeiro passo para criar um Servidor é estabelecer o nome dele. Geralmente o nome é um mantra que lembra ou é derivado do amplo intento que você busca com ele. CURIANTO pode ser uma palavra de poder para denominar um Sigilo de cura, nome que nada mais é do que uma derivação de “cura no ato”. FAUNDY para um Sigilo que o ajude a achar coisas perdidas pelo mundo – desde suas chaves a tesouros de piratas africanos -, entre outros nomes. Enfim, fica a sua escolha, deixei a criatividade entrar na jogada.

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A chave é criar Correspondências entre o seu Servidor e as Energias que você busca alcançar e direcionar. A essa altura, manjar um pouco de Kabbalah, Astrologia e Mitologia ajudará para criar um servidor fortão e pronto pro trabalho, o consagrando nas janelas de proximidade de cada planeta e constelação, e utilizando metais e outros itens correspondentes ao que você deseja. É uma questão de ter conhecimento.

Agora é hora do momento RPG: se quiser, crie uma personalidade para ele, uma história e trabalhe nas correspondências. Cores e símbolos que o fortalecem e estabeleça a ritualização correta para acessar os resultados do trabalho dele. Isso é MUITO importante para tê-lo forte. Já jogou Black e White 2 e fortaleceu a sua besta até ela querer devorar todos os habitantes da aldeia?! É mais ou menos isso.

Pode ser o que você quiser, desde técnicas clássicas como falar o nome dele em frente ao espelho três vezes com a luz apagada, até simplesmente desenhar o símbolo da molécula de hidrogênio no dedão do seu pé esquerdo e olhar para ela continuamente. O importante é ter um pequeno ritual sacralizado para canalizar a energia dele. Daí pra frente pise no acelerador: crie um Sigilo Pictórico e o carregue com as técnicas do texto anterior, estabeleça dias específicos para energizar o Servidor de acordo com o objetivo dele – a Estrela Setenária e suas correspondências por dia da semana e horário do dia para cada signo ou planeta tornará a tarefa mais fácil. Por exemplo: se é um Servidor de Comunicação ou de ajuda com a sua Consciência Mágica, o melhor dia é o de Mercúrio, ou Terça-Feira, cor laranja e assim vai.

Um fator de suma importância: crie um ponto fraco pro seu servidor e o anote com todas as letras. Como disse anteriormente, os caminhos da Magia nem sempre são os mais fáceis e por isso talvez você desejará abortar o trabalho do seu Servidor. Por isso, se o seu Servidor começar a te prejudicar, não tenha medo de puxar a descarga e transforma-lo em poeira Astral. É importante ser um ato simples de se fazer e lembrar, mas mesmo assim, que você não o faça corriqueiramente para não destruir o Servidor em um momento que não queira.

Outra coisa importante é ficar sempre atento ao trabalho dele. Alguns magos já relataram, por exemplo, que criaram um Servidor de inspiração e boas ideias – nesse caso recomendo criar uma personificação de uma Musa, mas isso é outro capítulo – e acabaram por se tornar dependentes dele, o que é sempre perigoso. Por isso o ponto fraco. Pode ser a queima do papel onde está desenhado o Sigilo dele, falar o nome dele invertido duas vezes, é só escolher algo que faça sentido para você mesmo.

Finalmente, Eu recomendo o uso de um objeto físico que tenha relação com seu Intento para representar o Servidor. Se for um Sigilo para lhe dar “sorte”, pode ser um dado de RPG de 20 lados, ou uma moeda com grande significado para você. Pode até ser algo antropomórfico esculpido por você, com barro, ou com pedaços de sucata. Criatividade, amigo. Você a tem e é pra isso.

Com o Servidor devidamente construído, com personalidades, símbolos e tudo o mais criados, é hora de usa-lo. Eu geralmente crio um Ritual específico para dar vida a ele. Um bom ritual pode ser feito com incenso, a defumação do objeto físico – se não tiver, pode ser uma folha de papel com o Sigilo do Servidor -, para após levanta-lo junto a testa e proclamar seu nome, o nome dele, junto com seu Intento. Deixe o incenso queimar até o fim e fique em meditação enquanto isso. Dá pra incrementar isso com perfumes, óleos e até fluídos corporais – se for entrar nessa, recomendo usar os próprios fluídos, uma técnica bastante efetiva, devo acrescentar.

Mentalize o Sigilo dele, acenda umas velas para ele com as técnicas que ensinei anteriormente, coloque eles pra trabalhar e veja o resultado. Lembre-se: encha-os de energia, e isso exige preparação, é como correr uma maratona. Anote tudo em um livro separado, nome do Servidor, simbologia, rituais, resultados… TUDO. Esse é seu Grimório, o Livro dos Espíritos.

No próximo capítulo: Templo Astral, Sonhos, Armas Mágicas, o que representam e por que são importantes.

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No Comments

  1. camila

    20 de abril de 2012 at 19:14

    Só não vale demorar muito pra postar a próxima parte!

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  2. João Gabriel

    21 de abril de 2012 at 17:08

    é inteligente (ou mesmo “ético”) uma celula do pé querer fazer um olho piscar ?
    E consenso que as coisas e o universo segue seu curso e seu equilibrio, buscar modificar coisas que voce nao tem total ciencia é um ato inteligente ?

    Reply

    • Filipe Siqueira

      24 de abril de 2012 at 00:15

      Inteligente é, pois você não sabe os desígnios do Universo, não sabe se a sua ação dentro do contexto do “funcionamento” dele depende de você. Ou seja: talvez aquele movimento que você considera anti-natural seja justamente o que o Universo espera/necessite. Então, saia dessa caixa de ser ético ou não, do ponto de vista de ações mágicas. Sistemas de moralidade só existem na sua cabeça, o Universo como um todo é amoral, é um corpo evolutivo, em sua magnitude não pode ser afetado pelas nossas ações individuais.

      Ao menos essa é minha visão de mundo, que vou explanar melhor no fechamento dessa série.

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      • João Gabriel

        24 de abril de 2012 at 10:32

        Então fica claro o maior desafio do mago, responsabilidade! Fico imaginando aqui a magia como um cheat que pode acabar com a graça do jogo. Como você mesmo citou exemplos desastrosos do uso de um servidor, e neste caso, o guarda chuvas (como diria Delleuze) moral e linguístico que nos protege da loucura do universo, nos o fechamos.
        Minha reticência em trabalhar com personalidades ainda é grande. Mas vamos continuar os estudos e ver como isso vai parecer no final pra mim. Continuo super empolgado e satisfeito com as matérias, de novo, parabéns.

        Reply

  3. Mandos Fëantur

    30 de abril de 2012 at 11:47

    Filipe, gostaria de parabenizá-lo por essa série. Embora meu próprio caminho mágico seja substancialmente diferente, ligado integralmente ao meu caminho religioso no druidismo, é impressionante como os pontos de partida para o estudo podem se alinhar no conteúdo, ainda que variem na forma. É claro, no trabalho diário o druidismo é muito mais voltado a práticas xamânicas (ao menos na tradição insular) e no contato com os deuses celtas. Mas não há como ensinar magia sem trabalhar antes de mais nada expansão da consciência, defesa e trabalhos de respiração e sensibilidade energética. Só fico um pouco receoso pelo fato de ser muito difícil demonstrar todas as implicações de algo como um Servidor (algo que não faz parte da minha tradição diga-se de passagem) em um texto de internet. Por isso eu sugeriria que a lista de livros fosse passada por você aos interessados o quanto antes (é claro, os realmente interessados já estaram buscando fontes próprias, mas no começo é sempre difícil separar o útil do inútil ou do perigoso).

    Reply

  4. Guilherme

    11 de maio de 2012 at 02:28

    A alguns anos atrás mesmo antes de ter um diário ou memso trabalhar com algu sigilo, criei um servidor enquanto enchia a cara de cachaça numa tarde de chuva, fiz todos os passos quase que inconscientemente, e no fim cai dormindo. Ainda tenho o desenho do rosto dele que fiz com o sigilo (fiquei bem orgulhoso do estilo AOSpare que ficou no final) e ele funciona muito bem até hoje, apesar de ser bem temperamental e se alimentar de alcool (?). Você acha que quando servidores começam a ter muita “personalidade” é porque algo está indo errado ?
    Por exemplo, ja me peguei conversando com uma vozinha na minha cabeça que corresponde exatamente ao que seria este servidor. O que você acha ?

    Reply

    • Filipe Siqueira

      11 de maio de 2012 at 02:38

      Não tem nada errado, Guilherme, pelo contrário: tá muito certo! É muito por aí, muitas vezes fazemos essas criações quase que por instinto, já que Servidores nada mais são (na minha linguagem) do que símbolos que representam acúmulos de energia psíquica dirigida a um objetivo nem sempre tão específico assim.

      Se ele te serve muito bem, isso é ótimo. Mas o intento inicial foi alcançado? Porque quando chegamos nesse estágio a opinião dos autores divergem: Phil Hine, por exemplo, manda conserva-los e alimenta-los para usos futuros, enquanto Peter Caroll orienta que eles sejam destruídos, justamente para evitar comportamentos temperamentais e atitudes que o levem a só querer ser alimentado.

      Por exemplo: um servidor feito para achar coisas poderá efetivamente te fazer perder as coisas para que você necessite dele.

      É por aí, então a decisão é sua. Eu mesmo opto por destruí-lo, e no máximo mantenho um amuleto com a “essência” simbólica dele em algum lugar específico para isso.

      Reply

      • Guilherme S

        16 de maio de 2012 at 00:42

        O que aconteceu com esse servidor é que ele foi feito sem muito intento inicial, foi praticamente como se eu estivesse colocando uma parte de mim em separado (de um jeito parecido com aquela coisa de nova goetia do morte subita), só que por ter sido feito de um jeito todo improvisado e com uma boa quantidade de emoções ~~negativas~~ , fiquei meio receoso com ele, mas ao mesmo tempo não quis destrui-lo porque é como se eu estivesse negando uma parte de mim, isso é coisa que ainda tenho que lidar melhor

        Reply

        • jimmy

          2 de junho de 2012 at 12:00

          bola um jeito de re-absorve-lo pra ti.

          sabe, estilo sandman qaundo destroem o talismã dele?

          Reply

  5. Jovem Rapaz

    16 de agosto de 2012 at 09:11

    Oi, vc parece saber bem do que diz a respeito de servidores, queria saber o que vc acha da seguinte situaçao:
    Eu criei um servidor, sempre busco alimentalo, porem a terefa dele é mais doque simples inspiraçao ou influencia lei da atraçao etc….
    eu o programei para uma funçao quase comparada a uma cirugia espiritual em mim, isso envolve que ele busque em mim(registros do passado) informaçoes necessarias para o desbloqueio de capacidades que foram travadas, tudo a nivel extrafisico.
    A minha duvida é se os servidores podem ser mesmos poderosos, nao em energia, me refiro a especializaçao dos mesmos,por exemplo no meu caso a tarefa dele é a captaçao e movimentaçao de informaçoes das quais eu nao sou capaz de ter consciencia, assim como a tecnologia criou dispositivos para gerenciar dados com mais praticidade doque escrever cartas e sinais de fumaça.
    E preciso de dicas, porque sinto que ele é presente quando chamo(um pequno ritual de evocaçao) como devo aguardar pelos resultados?

    Reply

  6. Jovem Rapaz

    17 de agosto de 2012 at 10:14

    Corrigindo, sei que é um espirito funcional.

    Reply

  7. Ricardo

    2 de fevereiro de 2013 at 02:31

    Todos os textos da série são ótimos. Esse Felipe Siqueira escreve muito bem… e tem conhecimento de causa… parabéns mesmo!

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