Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [ARTE DA VITRINE]: Thiago Chaves (@chavespapel) Texto publicado originalmente em 09/06/2009 Domingo à noite Eu fui a uma igreja evangélica. Não por necessidade, ou mesmo vontade de obter uma experiência espiritual – sei que ali será o último lugar onde terei uma – mas sim para ter mais certeza do que estava falando antes de escrever sobre uma igreja evangélica. Ironicamente não bastaram mais 20 minutos para confirmar que Eu havia ido ao lugar certo para comprovar minhas teorias a respeito delas. Era o momento do culto dedicado às crianças. Lá na frente uma “professora” muito carismática, aparentando uns cinquenta anos, falava com um grupo de crianças que ouvia tudo atentamente. Ela não ensinava geografia ou história, para tornar as crianças seres um pouco mais pensantes; basicamente ela contava uma história que envolvia uma criança da idade delas, roubos e punições. Ao final, com as crianças assustadas e admiradas ao mesmo tempo, ela começou a proferir o mantra que é a máxima das instituições escravizadores: “Obediência!”. Ao ouvirem a palavra, as crianças a repetiram seguidamente. Esse não é um caso isolado, a Igreja Católica e a multidão de igrejas evangélicas existentes só visa uma única coisa: te deixar de joelhos, e não é para orar. Eles querem seguidores, querem dinheiro, querem o poder, alguns deles mais desavergonhados até mesmo querem sua mulher. A religião é só um instrumento de controle, uma engrenagem do sistema que os poderosos construíram para castrar as suas forças. Tá chocado? Me achou um maluco? Analise bem antes de abandonar a leitura desse texto: em que sua vida melhora com suas idas a uma igreja (se é que você vai; não estou escrevendo esse texto somente para religiosos)? O que o pastor/padre da sua igreja faz com os dízimos que são doados? Eles não se parecem com impostos cobrados? Eles retornam para você de alguma forma, ou são gastos de forma obscura? A base da religião cristã (não vou escrever sobre as que não conheço) é o amor de Cristo que se sacrificou na cruz para lhe salvar da morte. A Bíblia descreve esse amor como incompreensível, muitíssimo maior do que o amor da sua mãe. Então, já que é assim, vou usar minha mãe como paralelo para Cristo e os outros que compõe a Trindade. Minha mãe me ama. Ela deixa de comprar coisas pra ela para me dar presentes, quando assim se fez necessário (hoje tenho minha própria grana). Minha mãe lava, passa, cozinha todo o dia, varre a casa, faz compras e às vezes me ajuda a escolher roupas na hora que preciso compra-las. Minha mãe nunca exigiu nada em troca ou fez qualquer reclamação quanto a minha conduta, jamais me ameaçou ou teve vontade de me queimar. Já me corrigiu algumas vezes quando Eu ainda estava na época de formação de caráter, mas após meus 15 anos já tinha consciência que pouco mudaria ensinamentos novos. O amor dela não exige dinheiro em troca (pense no que você falaria se sua namorada exigisse 10% do seus ganhos como prova de amor e fidelidade) e é por isso que é amor (Eu também a amo, e não exijo todas essas coisas em troca). Olhe para Cristo agora, ou a imagem que criaram e usam dele. Ele te dá a vida, te dá a saúde, te dá forças e te dá seu dinheiro. Mas o amor dele não parece tão grande assim quando analisamos o que basicamente torna as pessoas cristãs: salvação. A religião cristã fundamenta a fé de seus seguidores no mais antigo sistema de aprisionamento, que é a garantia de um prêmio, cuja a variante consiste em fazer ameaças. Sem a vida eterna, ou sua contraparte sinistra, o fogo eterno (e seja lá como você interpreta isso), a religião ficaria esvaziada de seguidores. É preciso colocar alguma espécie de destino inesperado para quem a segue, e deixar que a fé faça o resto. Dificilmente alguém iria a igreja duas, três ou sete vezes por semana, gastando horas preciosas da sua vida para não ganhar nada. Igreja não te dá prazer ou felicidade, ela te ilude com isso, lhe proporcionando falsas experiências espirituais e promessas de vida eterna. Ela está de olho no seu dinheiro, no seu tempo e nas suas habilidades. E faz ainda mais: restringe seu modo de vida. Tem igrejas que obrigam seus membros a não aceitarem transfusões de sangue (e morrer em consequência disso) pois isso supostamente é errado, segundo a Bíblia. Outras lhe impedem de fazer sexo antes do casamento alegando que isso é pecado (assinar papéis torna isso correto, segundo eles). Outras impõe às mulheres modos de vida draconianos, impedindo-as de se depilarem ou maquiarem, afirmando que isso é vaidade e entristece a Deus (repare como elas falam em nome de Deus). Poderia ir longe nas doutrinas bizarras e castradoras de um séquito de religiões cristãs (veja bem, entenda: não estou dizendo que Cristo é uma mentira, ou que a Bíblia está errada, isso cabe a você definir para você mesmo. Só estou tentando argumentar quanto a forma como essas doutrinas são ensinadas nas igrejas, tendo como expectativa, ter seguidores cegos). Aqui no Brasil a coisa atinge níveis ainda maiores. Temos igrejas para cada camada da população, dando opções a todos de encontrarem a sua. Por aqui (e em qualquer lugar ocidental) igrejas não pagam impostos, e são livres de qualquer fiscalização. Em qualquer país “democrático” igrejas podem nascer e morrer sem qualquer interferência do governo. No Brasil, que posso dizer que conheço um pouco, basta ter uma garagem vazia, um terno surrado e um equipamento de som potente – que pode ser sua garganta – para fundar uma igreja, que com certeza terá seguidores muito em breve. As vezes essas igrejas ultrapassam o campo espiritual a que se propõe e viram comércio, um negócio, política. Creio que nem preciso citar o nome Universal do Reino de Deus para você saber de quem falo. A Igreja que tem o blog mais caro do mundo, pastores que vendem certificados com assinaturas de Jesus, que exigem carros e casas como dízimos (Eu sei, já acontecer), que contratam falsos aleijados e cegos para enganar, visando somente encher os bolsos e obter poder. Tanto poder que já desafia outro poder estabelecido: as Organizações Globo, o quinto maior grupo de mídia do planeta em alcance e influência. Eu mesmo tive um tio (meio idiota, é verdade) que deu um Fiorino novinho que tinha acabado de comprar para um pastor falastrão. Mesmo comigo dando tapas na nuca dele e entregou as chaves quando a cesta passou (tive que ir a pé para casa e ele se arrependeu depois). Todas as religiões são o ópio do povo (como diria Lênin)? Não! Mas não vou apontar qualquer religião aqui que ache correta, pois não creio que as coisas aconteçam assim. Cada um segue o que achar melhor. Se você se sente bem em não poder receber doações de sangue, o FAÇA, mas porque você QUER, não porque tem medo de fogo, ou caiu em chantagens amorosas (amor é incondicional). Quer entregar seu carro, casa, ou rim para o Bispo Macedo, pois ficará mais feliz com isso (mesmo consciente que está alimentando uma organização corrupta)? FAÇA, mas porque você o é livre para faze-lo e não porque um homem que nem completou o primário (caso do pastor que conseguiu as chaves do meu tio) pediu aos berros e lágrimas. Quer tornar a vagina da sua namorada seu deus e adora-la com sessões de sexo que duram horas a fio sem intervalos? Vá lá, se satisfaça (e encha ela de satisfação também), a vida é para ser vivida e não para ser escravo de nada. Adore seu cachorro, suas galinhas, Buda, Krishna, o que você achar que lhe faça bem, e não tenha medo de condenações ou de enxofre. Não tenha medo do diabo, ele não está a solta esperando seus vacilos para lhe tentar. Ele não influi na sua mente, ele não fala ao seu ouvido, ele não mata ninguém. Humanos matam. Diabo é só mais uma desculpa para tirar dos ombros de quem merece a verdadeira culpa. O diabo não faz jogos de videogames, músicas ou filmes. Ele é simplesmente mais uma tentativa de transforma-lo num escravo mental medroso e nada mais. Se o diabo fosse ativo, era ele que estava por trás dos padres que operavam as Damas-de-Ferro, dos espetos que arrancavam os pênis de infiéis ou que fritavam os lábios vaginais de mulheres durante a Inquisição. Era ele que cochichava nos ouvidos de Torquemada clamando por mais sangue de espanhóis. Era ele que ordenava as beatas para que matassem as crianças que elas esperavam em seus úteros, fruto do sexo “proibido” com padres. Era ele que ordenava a distribuição de indulgências para que se conseguisse soldados para as Cruzadas. É ele que ainda age na cabeça dos padres que abusam sexualmente de crianças na Irlanda, em Boston ou em Los Angeles. É ele que está ordenando ao Papa para que não condene esses mesmos padres. Sim, se o diabo existisse ele não estaria junto de um casal de namorados que faz sexo antes de casar (e com camisinha); ele estaria num confessionário, na cabeça libidinosa de um padre querendo abusar da criança que se confessa. Não creio que todos os padres são corruptos e pedófilos (acho ser uma minoria), mas a organização Igreja Católica, que encobre esses casos e nem mesmo divulga os nomes dos padres envolvidos, é podre. Nós sabemos exatamente como ficou o mundo na época em que ela teve o poder absoluto. A Igreja Católica é a maior prova de que o Cristianismo é falho. Mas, igrejas não são as únicas instituições que controlam. A mídia é usada para fazer você pensar que tudo está tranquilo a sua volta (ou amedronta-lo quando necessário). Na verdade as grandes oligarquias que controlam os grupos de comunicação brasileiros – Globo (família Marinho), Abril (família Civita) e Grupo Folha (família Frias), e o Estado (que não pertence a nenhuma família mais) – têm acordos bem firmados com governantes, e outros grupos econômicos para criar, ao final de tudo, uma máquina cheia de engrenagens bem azeitadas. Olhando de cima parece tudo autônomo, mas uma exame mais aprofundado vai revelar ligação em todos eles. Por que você acha que entra político, sai político e pouca coisa muda (algo muda, estou fazendo faculdade particular paga pelo governo, coisa impensável há anos atrás)? Por um único e exclusivo motivo: políticos não são representantes do povo, eles representam empresas e grupos econômicos. Com um sistema partidário corrupto, onde não se distingue a diferença clara do PT (que era o único partido visto como incorruptível por muitos, há menos de uma década), o PSDB e o PMDB, que mudam de posições como mudam de roupa, aliando-se uns aos outros para tirar vantagem desse ou daquele esquema. No fim das contas quem manda não são legendas ou idéias, são os Sarneys, os Collors, os Magalhães e os Neves. Ou as empresas por trás deles: Sadia, Chevrolet, Gradiente, Votorantim, Vale e assim vamos. Não pense que essas famílias são políticas por coincidência. Elas têm em sua base poderosos grupos corporativos e interesses econômicos. A meta delas é jamais sair do poder, o que elas fazem com certa habilidade. Não se engane, nas condições como estamos hoje, o voto vale menos que uma galinha. Campanhas são ganhas na base de propaganda maciça (o que envolve somente ter notícias positivas a seu respeito publicadas) e compra de votos (ou ameaças). De outro modo, Malluf, ACM, Jader Barbalho e Hildebrando Pascoal não ganhariam eleições repetidamente. Por que será que aqui no Espírito Santo o bicheiro e criminoso (ser presidente da Assembléia Legislativa era mera coincidência) chamado José Carlos Gratz (que rasgava processos na cara de oficiais de justiça e dizia que limpava a bunda com eles) só saiu do poder após a eleição de Lula? Por um único e exclusivo motivo: a gangue dele havia saído do poder, esvaziando a base que o sustentava. Se antes todos tinham medo de morrer se depusessem contra ele, após a saída de José Ignácio e Fernando Henrique do palco, a coisa apertou para o lado dele, que até hoje está num entra e sai da cadeia, mas já caído e esvaziado de poder. O motivo de tanta corrupção? São as grandes corporações pegando seus investimentos de volta. Você acha que tantos esquemas milionários de roubos são coisa que saíram da cabeça única e exclusivamente de políticos? Não! Há gente muitos mais experiente (e já bilionária) por trás. São eles que doam carros, montanhas de dinheiro, e compram votos. São eles que são os maiores beneficiados com esquemas de corrupção. E enquanto essa gente tá roubando os 40% do seu salário que o governo diz que é dele (sim, mais ganancioso que as igrejas) os veículos de mídia (que não formam uma massa unificada) só mostram as roubalheiras que querem, ou seja, dos políticos que não estão com ela. E para ajudar, eles entopem você com informações de Airbus, criam pânico com crises financeiras e gripes suínas para te deixar apático sobre coisas realmente importantes. Imagine o espectador da televisão como um boi na engorda, que ainda não sabe do seu destino, ou sabe, mas se vê impotente. Seu alimento são as informações, e aos poucos seu processo de engorda o deixa impossibilitado de reagir. Mas o destino dele não é igual a de um boi que vira hambúrguer numa lanchonete do McDonald’s. Ele não vai pro abate de uma vez. Sua vida e sua vitalidade são retiradas aos poucos, com mecanismos como juros, cheque especial, Imposto de Renda. Por fim, ou ele toma uma medida drástica contra alguém, ou contra si mesmo; e termina pulando da ponte mais próxima ou arrancando a cabeça de algum banqueiro a golpes de machado. Analise as informações que você recebe. Veja se estão lhe ajudando a compreender o mundo, ou são só caixinhas enfeitadas e vazias. O volume de informação aumentou absurdamente, com corridas para a notícia mais quente e disputas acirradas para ver quem põe o que no ar. Faça uma pesquisa (assim como Eu fiz na semana retrasada, quando Eu o Voz planejávamos essa série). Pergunte aos seus colegas de trabalho, irmãos, e amigos se eles sabem o que é Guantánamo. Se eles têm qualquer informação sobre o que ocorre em Abu Ghraib, se eles sabem apontar o Iraque no mapa. Se eles sabem quem é Dick Cheney ou a Halliburton. Não, eles (muito provavelmente) não sabem, pois as informações sobre a Guerra do Iraque, 11/9 e Afeganistão só visavam uma coisa: a criação de medo entre a população. Após os ataques de 11/9 criou-se o medo, o mito de que terroristas estavam em todos os lugares, que eles podiam nos matar onde quer que estivermos. Bin Laden ficou com o título de Grande Satã e precisava ser extirpado. Começou-se uma campanha bilionária para pegar alguns caras escondidos em montanhas, sendo que o líder deles nem podia sair por aí sem uma máquina de hemodiálise. De repente Bin Laden some, e nem as tropas mais bem armadas e com mais subornos para adquirir informações da atualidade conseguem acha-lo. O fato é que Bin Laden não será achado. Ele, e seus soldados, colaboram com nojenta CIA, e sua família tem fortes ligações com os Saud, que governam a Arábia Saudita, o principal aliado dos EUA entre os árabes. A guerra do Afeganistão só serviu para uma coisa (como ocorreu em todas as guerras a qual os EUA participou após a sua independência): lucro. O exército encomenda bilhões em equipamentos da Lockheed Martin, e da Boeing (além de mais uma centena de fabricantes de equipamentos militares) e, logo depois de destruir TODA a infra-estrutura do país (isso não é estratégia de combate, é estratégia de lucro) eles, por meio de governos corruptos artificialmente eleitos, firmam contratos com empresas AMERICANAS para reconstruir tudo de novo. Antes disso o FMI já atrelou o país num mar de dívidas da qual ele nunca sairá. Resultado: os EUA lucram duas vezes, e ainda ganham um feudo novo, onde podem instalar bases militares e contribuir com mais imperialismo na região. No Iraque a mesma coisa. Jamais foi provado (e jamais será) que Saddam tinha qualquer arma de destruição em massa ou ligação com a Al-Qaeda (que também não teve a existência comprovada, assim como a participação de Bin Laden no 11/9). Mas eles não precisam de motivos para entrar na guerra do lucro. Simplesmente escolhem o alvo e atacam, e enchem os bolsos de dinheiro e suas reservas de petróleo ou outro bem mineral que o país tenha em abundância. Não é coincidência o fato de Saddam também ter sido agente da CIA e ajudado os EUA na Guerra contra o Irã (os EUA temiam uma revolução islâmica na região). Agora pense em quão fácil deve ser subornar os cinco grandes grupos de mídia dos EUA – Warner, NBC, CBS, News Corp e Fox – para espalhar pelo mundo coisas como armas de destruição em massa, células de grupos terroristas em diversas cidades do mundo e outras coisas que habitualmente ouvimos por aí. Os Senhores da Guerra tinham 600 bilhões na mão. Distribuir um sexto disso entre os que espalhariam seu evangelho pelo mundo (evangelho esse vomitado por outras redes de mídia sem a alteração de um único ponto) não seria tarefa difícil. Mas não é preciso ir até o outro lado do mundo, no Oriente Médio, para entender como funciona a política de expansionismo econômico e parasitismo dos EUA. Olhe ao seu redor, veja os presidentes eleitos com votos da população que mais sofrem ataques da mídia: Hugo Chávez, Evo Moralez e Rafael Correa. Não é preciso ser muito paranóico para ligar o governo americano ao golpe de estado que tirou Chávez do poder (e logo foi recolocado pelo povo), em 2002. O motivo é fácil de compreender: a PDVSA, a maior empresa de petróleo das américas é estatal, e não atende a interesses econômicos americanos. Então, da próxima vez que você ver William Bonner dizendo que Hugo Chávez é ditador e é odiado pelo povo, faça um favor a você mesmo: tenha um MÍNIMO de desconfiança. Não aceite tudo como um boi que vai ser despedaçado. Não ligue para as capas da porcaria chamada Veja, ou piadas com Evo Morale. Esses jornais e revistas têm interesses econômicos muito fortes para querer te passar todas as informações corretas. O governo americano encara as américas como seu quintal. E isso depois da Guerra Fria e os Fujimoris, Pinochets e Geisels que eles espalharam por aí. Não é do interesse deles que um presidente oriundo do movimento indígenas mande nas reservas de gás da Bolívia. Ou que um militar popular mande nas mais importantes reservas de petróleo das Américas. Duvida? Pesquise quem foi Jaime Roldós Aguilera, ou Jacobo Arbenz para sabe como age o governo dos EUA quando sente que está deixando um pedaço de terra escapar por entre os dedos (procure saber que empresas de beneficiaram com a reconstrução ou com o novo governo desses países, e veja quem eram os principais acionistas delas. Spoiler: eram políticos que estavam no poder). Caso não seja vencido pela fé ou por informações enganosas, há ainda outra frente nessa guerra que pode te vencer: consumismo. Não se engane, o capitalismo só existe e só se sustenta de uma única maneira: através do lucro. Sem lucro as empresas deixam de existir. É por isso que sua geladeira não dura a vida toda, ou seu carro dá problema continuamente (tornando as concessionárias ricas também, olha que beleza, tem lucro para todos), ou ainda seu computador se torna obsoleto com poucos meses, como bem anuncia as propagandas das Casas Bahia ou da Dell. Ou seja, se seu produto não se tornou inválido com pouco tempo, ele se torna obsoleto, criando em você a vontade de comprar a próxima geração. É para isso que serve a multidão de publicitários que se formam todos os anos: garantir que você vai gastar seu dinheiro em produtos que, em muitos dos casos, não servem pra nada. O trabalho (provavelmente chato e estafante) que você tem também contribui para lhe deixar escravizado. Você gasta benditas oito horas por dia para ganhar uma merreca, que serve unicamente para pagar contas. E no fim, VOCÊ é o único da história que não lucrou nada. Eles (não me pergunte quem são “eles”, chegue as suas próprias conclusões) querem ocupar seu tempo, espalhar sua cultura mundialmente, e querem você de joelhos, cheio de dívidas e contas para pagar. O capitalismo é o sistema das dívidas e se baseia nelas para continuar existindo. Títulos de dívida pública, notas promissórias, contas de cartão, são somente nomes diferentes para uma única coisa que visa uma única finalidade: te deixar escravizado. Pense nos dois pilares do capitalismo – dívidas e lucro – e você vai entender um pouco melhor o mundo em que vivemos. Por que sempre 1% da população mundial tem 40% da riqueza (ou 10% tem 90%) enquanto morre uma criança a cada 12 segundos. Por que os EUA têm PIB na casa do trilhão, enquanto existem pessoas que vivem com menos de um dólar por dia. A lógica de tudo isso é simples; o capitalismo passa a ilusão de que todos podem ser vencedores, todos podem ser bilionários, o que obviamente é a mentira do século. Para o capitalismo existir, é preciso que alguém seja pobre, pois nem todos podem lucrar. Os preços precisam ser mantidos com destruição – e não distribuição – de excedentes. Se houve laranjas demais numa safra, os produtores precisam destruir o que “sobrou” para que se possa manter os preços. Não são pensadas na fome da África (ou do Nordeste, ou do seu bairro), mas unicamente no bolso, que invariavelmente não tem fundo. O sistema de lucro também atrasa o desenvolvimento tecnológico. Por qual único motivo você crê que ainda usamos a cara e poluidora gasolina nos nossos veículos? Pelo mesmo motivo que se iniciou a cruzada contra o “terror” árabe: petróleo dá MUITO lucro. Não espere carros elétricos eficientes, ou com combustíveis baratos e verdes até que a última gota e petróleo tenha sido extraída do mais profundo mar. O poder do lobby das empresas que extraem petróleo e o distribuem pelos postos de gasolina e empresas que fazem chiclete é altíssimo. O lobby das controladoras energéticas também é poderosíssimo. Elas gastam bilhões com a construção de usinas hidroelétricas altamente impactantes ambientalmente, ou termoelétricas muito poluentes e ineficientes, e espalham por aí que não existem outras formas de energia seguras e que vão alimentar o mundo. Não acha que seria muito do interesse deles espalhar que energia solar é ineficiente para poder lhe impedir de ter pequenos captadores em sua casa e resolver 80% do seu problema com taxas de energia? Ou ainda comprar patentes de peças fundamentais para a construção de geradores de energia eólica por preços astronômicos para poderem impedir a fabricação deles? Tudo me parece muito simples: um planeta que consegue enviar foguetes para o espaço e ter sondas pousando em Marte, consegue ser mais eficiente que combustíveis fósseis, que ainda por cima são finitos. Esse atraso também é o motivo para a infinita guerra contra os partilhadores, usuários de P2P. O maior problema não é a pirataria, eles já sabem muito mais que nós, os que baixam, compram mais DVDs e contribuem mais. A verdadeira guerra ali é pela capacidade de distribuição. A RIAA, MPAA e outras similares são somente embustes para tentar tirar das mãos do usuário a capacidade de interagir sem a necessidade de servidores, que podem ser controlados por eles, são passíveis do estilo corrupto deles, que envolve suborno e ameaças (não por acaso, se parece tanto com o estilo americano de lidar com nações). Somente com a gente lutando de alguma maneira (fundação do Partido Pirata no Brasil é uma delas) é que se pode chegar a algum lugar e impedir a castração do maior meio de comunicação democrático: a internet. Mas, o que fazer perante um quadro desses (se é que você acreditou em uma linha que escrevi)? Como resistir? Primeiramente, se liberte. Deixe de ser um número de banco, não use cartões de crédito, compre comida na feira ou em mercearias e não sinta vergonha de comprar roupas nas liquidações das lojinhas do seu bairro. Eu já faço isso há bastante tempo, mais por pão-duragem do que propriamente por resistência, mas acabou que agora veio de convir. Não pague imposto de renda, ninguém vai preso por isso mesmo, e essa grana é sua. Sei lá, faça o que quiser, desobedeça. Organize um grupo com idéias parecidas com a sua e aja em conjunto para espalha-las (amanhã vou falar um pouquinho sobre Zeitgeist, o documentário que me deu informações para falar sobre essas maluquices que Eu acreditava, só não havia reunido tudo num só canto). DESOBEDEÇA (leia mais NSN ao invés da Veja). Fiz esse post bem diferente dos meus. Geralmente não levo a minha opinião em conta até que a consiga embasar. Coloco meus argumentos acima da minha opinião. Aqui não. Coloquei propositalmente um ou dois links. Não queria informar, queria incentivar vocês a se informarem. Pretendia traças uma linha puramente teórico, baseada em fatos e creio que consegui. Existe muito mais coisa que gostaria de falar (assim como gostaria de falar muito mais sobre Liberdade), mas creio que é o suficiente. Não pretendo que acredito em tudo que falei aí em cima, queria dar um cutucão no cérebro (que tenho certeza já ter sido cutucado) de vocês e mostrar que as coisas não são tão fáceis assim; que pode haver alguma pessoas por trás das cortinas. À partir daí, seguir o caminho é com vocês. Vão preferir buscar a felicidade, a inteligência, a verdade sobre as coisas, o sexo, o conhecimento; ou preferem ser o boi alimentado de porcaria, pronto para ser abatido aos poucos… que dá 10% para o pastor que nem na escola foi (ou foi, isso é só um exemplo) e no fim da vida está mais frustrado que coelho estéril? A escolha é inteiramente sua… só não diga que Eu não tentei lhe ajudar!