Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Grant Morrison é um apaixonado pela chamada Era de Prata dos quadrinhos, quando as histórias eram muito mais aventurescas e um pouco menos sérias do que as de hoje. Além disso, ele é daqueles fãs malucos que conhecem todos os detalhes da cronologia dos personagens, por menores e mais bizarros que sejam. Quando ele assumiu o roteiro das principais histórias do Batman, em 2006, começou a trazer elementos que a própria DC havia “esquecido”, como o filho do morcego, Damian Wayne. Na saga “Decanse em Paz”, Morrison trouxe de volta até mesmo o Bat-Mirim, um ser de outra dimensão que se vestia como o Batman e queria ser parceiro do vigilante. Depois veio a revista Batman & Robin, trazendo Dick Grayson como o homem-morcego, onde Morrison aproveitou para escrever aventuras malucas e criar vilões ainda mais bizarros do que os que já existiam (se é que isso é possível), como o Professor Porko. E quando o escocês finalmente trouxe Bruce Wayne de volta, ele fez isso através de uma insana viagem no tempo. Agora, finalmente a longa passagem de Grant Morison pelo Batman está chegando ao fim, com a saga Corporação Batman, que mostra Bruce Wayne transformando o homem-morcego em uma franquia mundial. No mês passado, a Panini lançou o primeiro encadernado, contendo as cinco primeiras edições da série. Eu comprei esse encadernado com certa desconfiança porque sempre achei meio bizarra essa história de corporação, mas até que a história é bem divertida. Aqui, as homenagens de Morrison vão além da Era de Prata dos quadrinhos e chegam até o seriado televisivo dos anos 60. Logo no final da primeira história (que se passa no Japão e tem referências até à pornografia envolvendo tentáculos) Batman e Mulher-Gato caem em uma armadilha típica da série de TV. E como os quadrinhos não possuem os mesmos problemas de orçamento que os seriados, a armadilha aqui é a mais bizarra possível, com um polvo gigante dentro de um apartamento cheio d’água. É, não faz sentido nenhum, mas acaba divertindo pela bizarrice. Sem contar que o roteirista coloca até aquelas famosas frases da série perguntando como os herois vão escapar dessa e tal. Fora que é interessante ver Batman trabalhando com a Mulher-Gato, que sempre possui algum objetivo escondido por trás das suas boas ações. Em certo momento, o morcego até fala com ela “eu sei que você não está aqui para conseguir uma audição com a Liga da Justiça”. Já o segundo arco apresentado no encadernado mostra Batman indo até a Argentina numa tentativa de recrutar o heroi El Gaucho para a Corporação. Nesta história vemos um Bruce Wayne mais descontraído, que consegue se divertir entre uma missão e outra ao invés de estar sempre de cara amarrada e levando tudo a sério demais. Além disso, é nela que a verdadeira trama de Morrison começa a se desenhar, com um novo inimigo chamado Leviatã puxando as cordas dos eventos que ocorrem. Além do vigilante argentino, a força-tarefa do Batman começa a tomar forma com a participação do vigilante inglês Capuz e da Batwoman. Claro que o grande destaque fica por conta das viagens ao passado feitas pelo escocês, que resgata conceitos do Batman que ninguém lembrava mais ou nem sabia da existência. A bola da vez é a Batwoman original, da década de 1950, que já tinha sido apagada da cronologia do morcego após a Crise nas Infinitas Terras. Ela é mostrada como o grande amor da vida de Bruce Wayne, mas que acabou terminando com ele devido às tramoias de um inimigo misterioso (que por algum motivo só acaba ressurgindo para infernizar o Batman anos depois). Nesta história inclusive, a arte fica por conta de Chris Burnham, que emula bem os quadrinhos dos anos 1950, com desenhos mais cartunescos e personagens com expressões mais inocentes, bem no clima daquela época. Todas as outras histórias são desenhadas pelo competente Yanick Paquette. O encadernado se encerra mostrando que a Corporação Batman surgiu no momento certo, já que uma grande ameaça parece se aproximar, uma vez que o tal Leviatã espalhou suas garras por todo o mundo, sendo responsável até mesmo pelos exércitos formados por crianças na África. De quebra, ainda temos a apresentação do Batman africano, o Batwing. Ainda é cedo para saber se Grant Morrison vai realmente chegar em algum lugar com essa saga, ou se vai ser apenas um monte de referências à Era de Prata que vão ligar o nada a lugar nenhum. De qualquer forma, esse primeiro encadernado vale a leitura num dia sem nada pra fazer, já que se concentra muito mais em divertir o leitor com aventuras bizarras. Mas ao que parece a coisa vai começar a complicar a partir das próximas histórias. Então se você quiser acompanhar o raciocínio do escocês, é melhor começar a ler uns quadrinhos antigos. Corporação Batman – Volume 1 (Panini Comics, 2012) Roteiro: Grant Morrison Arte: Yanick Paquette e Chris Burnham Páginas: 132 Nota: 7