2019 definitivamente é o ano da Disney. Além de ter comprado a Fox e todas suas propriedades intelectuais, a empresa tem diversos filmes programados para este mesmo ano. Dumbo, dirigido por Tim Burton foi o primeiro deles e, sinceramente, não sei mais o que esperar dos outros.

O filme tem uma sinopse parecida com a animação de 1941, mas com uma expansão e subtramas diferentes. O filme se passa em 1919 em Joplin, nos Estados Unidos. VemosHolt Farrier (Colin Farrell) voltar da Primeira Guerra Mundial e as coisas não são as mesmas de antes. Além de ter perdido um braço na guerra, sua esposa falece enquanto estava no serviço militar. Ao chegar no circo onde trabalhava, ele descobre que seus cavalos de montaria tinham sido vendidos pelo dono do circo para pagar dívidas e manter o espetáculo vivo. Enquanto isso, Max Medici (Danny DeVito), compra uma elefanta chamada Jumbo, ela estava grávida e estava prestes a dar a luz. Quando o bebê nasce, o dono do circo fica indignado pelo filhote ter orelhas grandes demais e alega que foi ludibriado pelo vendedor da elefanta. Ele faz um acordo com o vendedor de pegar o pagamento de volta, mas o filhote ficaria no circo e mais tarde todo mundo descobriria que Dumbo tinha a habilidade de voar.

É complicado eu fazer uma crítica sobre esse filme sem ao menos citar a animação clássica, vou tentar fazer o possível para não ser uma crítica baseada em comparações.

O filme tinha dois desafios, o primeiro era agradar os fãs mais puristas da animação e o segundo era trazer algo de novo para uma história que era redonda e que não necessitava de uma expansão. Eu não sou um dos puristas que exaltavam a animação original, mas tenho um certo apreço por ela. Não considero ela perfeita, longe disso, mas ela é consistente e entrega tudo o que propõe com pouquíssimos recursos, afinal, ela é de 1941. Nesse primeiro desafio o filme não consegue alcançar o esperado.

Na animação você tinha um foco grande no personagem principal, tinha um trabalho de desenvolvimento cuidadoso e isso durava até o fim da animação. Nesse novo filme nós vemos uma porção de tramas desinteressantes que tiram o foco principal do filme: O Dumbo. Sério, quem vai assistir um filme do Dumbo e espera escutar a história de um general aleatório? Ou até mesmo um dono de circo? Acaba que todos os elementos onde não era pra receber nenhum tipo de foco, ou um foco menor, acaba recebendo e a estrela do filme fica de lado. O resultado disso é nítido, não sinto o mesmo apreço por esse Dumbo do que sinto por aquele da animação de 1941, parece que são personagens distintos. Toda a história do personagem é estabelecida nos primeiros 30 minutos do filme, é impossível você conseguir estabelecer e trabalhar uma porção de personagens em tão pouco tempo, quem dirá o personagem principal e sua mãe. A cena que era um ponto ultra dramático na animação é reduzido a poucos minutos de filme e consequentemente não emociona em nada, digo isso não em comparação ao original e sim por não se sustentar como um momento dramático.

O segundo desafio era expandir a história que já conhecemos e isso funciona em partes. Os personagens, por mais desnecessários que fossem, são interessantes, mas parece que o filme tem pressa em contar a história e acaba pecando no desenvolvimento de todos eles. Os poucos personagens que tem um trabalho de construção, mesmo sendo pouco e rápido, é o personagem do Collin Farrel e do Danny DeVito. O resto, infelizmente, é o resto. Mas nem tudo é tristeza, a expansão da história é boa e traz questionamentos interessantes sobre os maus-tratos de animais de circo e o capitalismo desenfreado. Acho curioso um filme sobre um empresário de um parque de diversões nos moldes da Disney comprar a propriedade intelectual de um simples circo, eu realmente não sei como isso passou pelo estúdio do Rato, justamente por ser uma crítica direta ao sistema que a empresa vem adotando desde sempre. A expansão é bem vinda e serve como complemento para a animação, mas faltou um roteiro mais elaborado que trouxesse consigo o desenvolvimento dos personagens.

Visualmente o filme é incrível e entrega um trabalho excelente. Notei alguns momentos onde o CGI ficou bem ruim, principalmente onde tem uma interação entre o Dumbo e algum humano. Dá pra relevar isso, mas ao mesmo tempo é difícil aceitar isso depois de ver o filme Mogli: O Menino Lobo dirigido pelo John Fraveau. Lá temos uma interação grande entre o personagem e os animais de CGI e é simplesmente perfeito. Mas não vamos entrar nesse mérito, isso dá pra relevar por conta do visual incrível que o filme tem.

A direção do Tim Burton é bem medíocre, não traz nada de tão inovador e nem traz as marcas características do diretor. Parece que o diretor se perdeu quando fez Peixe Grande, o último filme que considero bom dele. Alguns momentos a animação são mais “Tim Burtorianos” do que o próprio filme do diretor. Vou deixar um exemplo onde eu esperava muito do toque do diretor e minhas expectativas não foram atendidas.

Isso:

Virou Isso:

Por último e não menos importante, devo falar da trilha do Danny Elfman, ela está simplesmente perfeita. Nunca vi o compositor errar em seus trabalhos e aqui vemos ele confortável para trabalhar novamente com Tim Burton. Eles já trabalharam juntos em Batman (1989)Edward Mãos de Tesouras (1990)A Noiva Cadáver (2005) entre outros. A trilha evoca um ar místico e otimista, justamente tudo o que o filme se propôs em passar. É o ponto em que o filme mais me agradou de uma maneira geral.

Dumbo não chega a ser horrível e inassistível. Faltou um pouco mais de cuidado no roteiro e em manejar várias tramas e ainda assim dar destaque ao personagem principal. Trilha incrível, visuais competentes, Dumbo merece um pouco da sua atenção, mas não espere muito dele.

Dumbo (EUA/2019)

Direção: Tim Burton

Duração: 1h 52min

Elenco: Colin Farrell, Michael Keaton, Danny DeVito, Eva Green,

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