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“As pessoas é que devem ter medo de fantasmas, não os fantasmas das pessoas”.

A literatura tem hoje uma crise pouco comentada, mas em uma proporção semelhante à crise criativa do cinema americano atualmente. As principais editoras publicam apenas histórias que já seguem fórmulas garantidas de sucesso, autores best sellers praticamente apenas reescrevem a cada novo lançamento o romance que os consagraram e livros começaram a ser pensados em termos de franquia, estendendo ao máximo o número de continuações que uma história pode ter. Num cenário como este A Trilogia dos Espinhos, de Mark Lawrence, é como água no meio do deserto do Saara. Embora seja uma obra de fantasia e tenha continuações, Lawrence consegue fugir de várias das regras do gênero e cada um dos três volumes que contam a história é fundamental para o desenvolvimento do personagem principal.

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Primeiro temos Jorg Ancrath, um protagonista que, diferente da tradição clássica de heróis honrados e justos da fantasia, consegue ser mais monstruoso que os próprios inimigos que enfrenta, não hesitando em matar e mutilar,  caso isso o ajude a conquistar seus objetivos. Segundo, os livros sempre começam do meio ou perto do final da história, obrigando o leitor a prestar atenção a cada detalhe, para remontar os eventos que fizeram Jorg chegar até ali. E, por último, temos uma narrativa em primeira pessoa que em vez de tentar explicar, parece mais tentar nos confundir, refletindo a cada linha o próprio estado mental de seu narrador.

 

Emperor of Thorns, diferente dos livros anteriores da trilogia, que sofria de falta de ritmo em alguns momentos, Mark Lawrence consegue criar uma tensão constante que se estende pelas mais de quinhentas páginas do livro. Mesmo quando já conseguimos adivinhar o que vai acontecer aos personagens é difícil parar de ler até confirmarmos as nossas suspeitas.

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Mesmo com todas as expectativas em volta do último volume em torno de uma das mais grandiosas séries de fantasia dos últimos anos, Lawrence consegue corresponder a todas elas, conseguindo criar um dos desfechos mais comoventes e poderosos que já vi em um uma obra de fantasia. Provando assim que a Trilogia dos Espinhos não merece apenas todos os elogios que vem recebendo, como ainda merecia muito mais. Num mundo perfeito ela já seria tão famosa quanto As crônicas de Artur de Bernard Cornwell e o Discworld de Terry Pratchett.

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Emperor of Thorns (Trilogia dos Espinhos)

Autor: Mark Lawrence

Editora: DarkSide

Tradução: Dalton Caldas

Páginas: 528

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