Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Cabelos desgrenhados, roupas pretas, barbas por fazer, bandas de garagem, rock’n roll e discos de vinil para dar e vender. Só depois de completar 18 anos é que tomei vergonha na cara e participei de um festival de cultura industrial… devia ter tomado essa decisão mais cedo. Realizado pela prefeitura de Santo André, minha cidade natal, o 2º Festival da Cultura Industrial contou com a presença do fofíssimo Kid Vinil, Arnaldo Antunes, Tom Zé e Edgar Scandurra, além de apresentações dos Garotos Podres e Golpe de Estado. Mas como eu fui parar num festival desses? Simples: impulso. Foi uma decisão tomada na última hora, por MSN: “Hey, vamos na feira de vinil?”, “Claro! Bora lá!” – o que significa não ter nada preparado para pegar depoimentos ou tirar fotos. Mas graças ao sangue jornalístico e ao jeitinho brasileiro, cá estou eu com um relato fresquinho e imagens para vocês não pensarem que tudo isso é lorota. Eu cheguei quando as tendas estavam sendo montadas e as barraquinhas de cachorro quente nem haviam cozinhado as salsichas; o lado legal de tudo isso é que você consegue fazer amizade muito fácil e, como o assunto era música de qualidade, trocar conhecimento e informações é moleza. Foi assim que eu conheci os caras da Lemi Records que, além de terem ótimos vinis – como Joy Division e The Smiths – a precinhos camaradas, um deles, o Leandro, tem umas tatuagens muito boas dos Cavaleiros do Zodíaco no braço, além do vinil com a trilha sonora de Indiana Jones e a Última Cruzada. O mais interessante de tudo no fim das contas, foi que, para uma garota de 18 anos como eu, estar numa feira de vinil seria a mesma coisa que um fã de metal ir num show da Britney Spears. O fator estranheza da parte dos mais velhos foi certeiro, no entanto eu adorei ser a mascote da galera. O violonista da banda Juão Palmito e o Talo de Pinha, Diego “John Lennon”, 23, diz vestindo sua jaqueta com estampa do anime clássico Akira: “Eu acho que o vinil vai voltar com tudo mesmo com a geração MP3, porque quando você ouve um vinil você pára e presta atenção, não deixa rolar e esquece dele. Eu acho disco de vinil muito legal e feiras como essa fazem o vinil voltar com tudo, a única parte ruim disso é que eu não tenho uma vitrola.” O interessante desse tipo de festival é que, apesar de ser voltado para o rock, seja antigo ou novo, atrai todo o tipo de gente e te permite perceber que, mesmo com a avalanche da pop music e das tentativas muito frustradas de bandas coloridas tocarem rock nacional, ainda existem aqueles que sabem quem foi Freddy Mercury ou The Runaways. E vocês não sabem como isso me conforta. Remexer nas caixas de vinis e não se lembrar de filmes como Alta Fidelidade, ou qualquer outro que tenha cenas em lojas de discos, é quase impossível já que o cinema acompanha a música, e filmes alternativos sempre combinam com um bom vinil. É uma sensação muito boa a de ser rodeada por pessoas que gostam mesmo de Beatles e não só o dizem para parecer descolados ou ver o ecletismo que vai de Sepultura a B 52’s. E eu, como não sou boba nem nada, saí do festival com uma matéria prontinha na cabeça, um autógrafo daquela gracinha do Kid Vinil, um vinil duplo do Queen debaixo do braço, dor nos pés e uma excelente experiência notívaga para contar pra vocês. Então, já sabem, se tiverem a oportunidade, vão a um festival de cultura industrial ou a uma feira de vinil, vocês não vão se arrepender.