Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Olá seus apetitosos e bem vestidos! Todo mundo sabe que o pior dos vilões em filmes de terror não são seres sobrenaturais ou criaturas que deveriam estar mortas mas não estão, o antagonista mais cruel desse gênero somos nós mesmos. Mais de uma vez eu já resenhei filmes aqui nos quais comentei como os seres humanos podem ser cruéis, selvagens, primitivos e completamente insanos dependendo das consequências e estabilidade psicológica. Nossa mente é capaz de coisas impressionantes e isso pode ser tanto maravilhoso como horrível. Quando sujeitos a situações extremas, automaticamente entramos no modo sobrevivência e nossos valores morais e princípios vão para o ralo porque tudo o que temos em mente é ficarmos vivos. Podemos matar, praticar canibalismo ou sermos verdadeiros filhos da puta se isso significar que nosso pescoço será salvo. Só que hoje não comentarei sobre grupos de humanos em situações de vida ou morte onde é cada um por si, e que vença o melhor. Hoje a bola da vez continua sendo a mente humana, mas numa atmosfera que geralmente é considerada calma, pacífica e inofensível. Hoje a bola da vez é a maternidade. Sim, aquele período em que uma mulher tem um pequeno ser humano dentro da barriga por nove meses e que todo mundo acha a coisa mais linda da história. Mas devo avisá-los queridos leitores, a gestação não é fácil. A mulherada têm uma prévia mensal do que é estar grávida, mas numa versão em modo easy. Sim, estou falando da temível TPM. Nosso corpo incha, fica dolorido, sentimos fome absurda e nossos hormônios ficam completamente malucos. Tudo porque nosso corpo acha que estamos grávidas. Além de todo o processo de gerar uma criança ser uma boss fight de nove meses, depois que a criança nasce a coisa tende a ficar mais difícil ainda. Alimentar, trocar, acordar de madrugada com um choro estridente e por ai vai. Ser mãe não é fácil, principalmente se é de primeira viagem. E esse é o caso da protagonista do filme da vez, Filha das Sombras. A história é bem simples. Uma dançarina prestigiada chamada Laura fica grávida, e então ela e o marido decidem se mudar para um lugar mais tranquilo para poderem criar o rebento com paz e sossego. Eu decidi ignorar o fator sobrenatural do filme porque achei desnecessário, e se você observar os acontecimentos da película com uma visão psicológica, a coisa fica muito mais interessante. Após a mudança pra uma casa de fazer inveja pra muita gente, as coisas começam a ficar estranhas. O marido da protagonista é um advogado que vive trabalhando e quase nunca está presente, então Laura passa a maior parte de seu tempo sozinha. Isso já é o suficiente pra mexer com a cabeça de uma pessoa, agora adicione nessa mistura uma depressão pós parto intensa e uma infecção nos pontos da cesariana. AI MEU DEUS! UM BEBÊ! Pra quem não sabe, é comum mulheres que acabaram de virar mães sofrerem sintomas do pós parto. Podem ser de coisas simples como cansaço ou dor na região da cesariana, até hemorragias, hemorroidas intensas, depressão ou incontinência fecal. Como eu disse acima, Laura é mais uma das recentes mamães que apresentam alguns desses sintomas. Não precisa nem comentar que com o combo Marido Ausente + Muito Tempo Sozinha a dançarina começa a ficar mentalmente desestabilizada. “Ah, mas ela tem a bebê pra ocupar a cabeça” Pero no mucho meu amigo, pero no mucho. Muitas mulheres, devido ao impacto psicológico da gestação ou parto, desenvolvem insegurança, medo e até rejeição em relação a criança. Muitas pensam que não serão boas mães, que serão negligentes quanto a criança e chegam até a casos extremos. É verdade, uma amiga da minha mãe, assim que pariu seu primeiro filho, rejeitou completamente a criança, ao ponto de nem querer alimentá-la. Mas tudo se resolveu com tratamento médico. Laura começa então a ficar psicótica e a ter episódios de negligência, como ir ao supermercado pra comprar tinta de cabelo e só lembrar que deixou a filha no carro três horas depois de ter voltado pra casa ou ignorar o choro da filha de madrugada porque a bebê está com fome e precisa ser amamentada a cada duas horas. No meio de tudo isso, Laura começa a ficar paranóica por causa de um bebê de brinquedo que achou no metrô, começa a ouvir gritos de recém nascidos pela casa e acha um diário de uma antiga moradora da casa. De novo, eu ignorei completamente a parte sobrenatural do filme porque achei desnecessária. Mas, como ela está presente, preciso comentar a respeito. O marido de Laura, preocupado com o comportamento da mulher, contrata uma babá um tanto quanto esquisita para cuidar da criança. Rola todo um diálogo sobre como a alma da mãe se divide em duas partes após o nascimento do filho e uma maldição. Isso só alimenta ainda mais a paranoia de Laura a ponto dela achar que alguém quer tomar sua filha. Nesse ponto do filme o psicológico da protagonista está tão abalado que ela começa a alucinar com invasores na casa, que a babá na verdade quer matar sua filha e que os ratos que aparecem na casa e o bebê de brinquedo são demônios cuja função é roubar a alma da bebê. Não preciso nem dizer que Laura acaba internada e você acaba pensando que esse filme vai acabar bem e com um final feliz, ai é que se engana meu chapa. As coisas pioram, dessa vez terei que abrir uma exceção e contar o final da história porque é importante. [Nota da edição: Parece que a senhorita Bia vai mandar um tremendo spoiler da sua cara, mesmo!] Laura volta da internação e pensa que agora poderá ter uma vida feliz ao lado de sua filha. Os episódios de negligência sumiram assim como a paranoia. No entanto, as duas cenas finais me deixaram tensa porque casos como o apresentado no filme, infelizmente são reais, mas por outros motivos. Cansada da porcaria do bebê de brinquedo, a dançarina resolve enterrá-lo no quintal. A mulher trata o objeto com desprezo e indiferença, joga-o no chão e o carrega de qualquer jeito. Na manhã seguinte seu marido vai conferir se a filha está bem e encontra o tal bebê de brinquedo no berço onde deveria estar a criança. Desesperado, acorda a mulher e pergunta onde a filha deles está, Laura responde de forma confusa e tranquila. “Que bebê?” Isso mesmo galera, ela matou a própria filha de MESES de idade. Casos como o de Filha das Sombras infelizmente acontecem na nossa realidade, principalmente na China. Por lá, devido ao fato de que tem um porrilhão de pessoas, o controle de natalidade é extremo o que obriga os pais a terem 2 filhos no máximo. Não sei se vocês sabem, mas lá a vida da mulherada é muito difícil. Então, se um casal tem um filho e essa criança for uma menina, eles simplesmente jogam a filha no lixo porque ela não poderá ser o dono da casa quando os pais morrerem. Esse tipo de coisa acontece no Brasil também, vocês bem lembram do caso de um recém nascido achado numa lixeira ou na filha da puta que jogou seu bebê num lago dentro de um saco de lixo. Ser mãe é uma responsabilidade imensa e que muda a sua vida pra sempre, mas infelizmente tem gente que, assim como animais de estimação, fica de saco cheio de ter que cuidar, alimentar e limpar uma sujeira que não a deles e simplesmente resolve se livrar do bicho ou da criança. Por que né? O que é um recém nascido, não é mesmo? O que é um ser com cara de joelho cuja única defesa é explodir os pulmões de tanto chorar? Esse tipo de coisa me deixa revoltada. Então, se você quer ver um pouco melhor o lado negro da maternidade e do pós parto, eu sugiro que deem uma conferida em Filha das Sombras, não é o tipo de filme que o sangue jorra solto e que tem um susto a cada 5 minutos. Mas se você parar pra pensar, ele assusta mais do que muito filme de terror por ai. First Born (EUA) Diretor: Isaac Webb Duração: 95 minutos Nota: 8