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Homens são mais propensos a morrer por um rei vestido por camponeses pernósticos toda manhã do que por um rei que sabe se vestir sozinho

A literatura fantástica tem passado por evoluções nos últimos anos. Se antes eram características marcantes do gênero protagonistas honrados, capazes de grandes sacrifícios, e vilões cruéis, hoje a fantasia está cada vez mais complexa. Obras como o aclamado Guerra dos Tronos trazem personagens cheios de falhas e defeitos, como qualquer ser humano. O único personagem que poderia se encaixar na descrição de herói clássico George R. R Martin faz questão de arrancar a cabeça no final do primeiro livro. A Trilogia dos Espinhos, de Mark Lawrence, leva essa evolução ainda mais longe com um protagonista muitas vezes mais monstruoso que os próprios inimigos que enfrenta. Jorg Ancrath não hesita em matar, mutilar e destruir, caso isso o ajude a alcançar seus objetivos. O que faz Jorg ser muito mais que um mero anti-herói é o desenvolvimento de personagens fenomenal de Lawrence, que atinge seu ápice neste segundo volume da Trilogia. Finalmente, passamos a compreender melhor suas atitudes e porque se tornou um líder sanguinário e sedento por poder.

A narração em primeira pessoa está se tornando cada vez mais popular na literatura jovem e de fantasia. Mas são poucos os escritores que sabem utilizar corretamente o artifício. Uma história em primeira pessoa tem que refletir a cada frase, a cada linha, a personalidade do protagonista. Lawrence, como poucos autores modernos, faz isso à perfeição. A narrativa de King of Thorns esbanja cinismo e ironia, sem em nenhum momento se desviar do que já conhecemos de Jorg. Além disso, Lawrence inicia o livro a partir do que seria o meio da história, fazendo com que os leitores colham pistas durante a leitura para entender como tudo chegou até aquele momento, refletindo toda a confusão mental do protagonista.

Imagens do material exclusivo que recebemos da Darkside Books:

Da mesma forma que Guerra dos Tronos apresenta pouco a pouco os elementos fantásticos de seu universo, King of Thorns é bem mais sobrenatural do que o volume anterior. Magos de lava fervente, bruxas de neve e mortos retornando a uma espécie de semivida e, de maneira semelhante à Torre Negra, vestígios de uma tecnologia há muito tempo esquecida entram para a história, deixando o universo da Trilogia ainda mais instigante e complexo.

Leia também: Resenha de Prince of Thorns (Trilogia dos Espinhos) – Negro, obscuro e repleto de violência

Como os melhores livros de fantasia já escritos, King of Thorns vai além de uma simples história, carregando uma poderosa alegoria à violência do nosso mundo moderno. Na mesma escala que muitas crianças não encontram outro caminho para sobreviver do que o mundo do crime, toda a vida de Jorg o leva a se tornar o mais maquiavélico dos protagonistas, destruindo todos os estereótipos de herói de fantasia.

“O segredo é saber que só há um jogo e as únicas regras são as suas.”

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Se conseguir manter a qualidade no terceiro e último volume (livro que a Darkside já prometeu lançar ainda este ano) a Trilogia dos Espinhos tem tudo para se tornar uma das maiores obras da fantasia dos nossos tempos.

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capa_kingKing of  Thorns (Trilogia dos Espinhos)

Autor: Mark Lawrence

Páginas: 523 

Editora: Darkside Books

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