Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5| Parte 6 | Parte 7 | Parte 8 | Parte 9 | Parte 10 | Parte 11 A definição mais clássica de Magia aponta que ela é “a manifestação da vontade individual sobre a Natureza/Universo”. É estabelecer e identificar a própria ordem personalizada no Caos, que é a manifestação de todas as ordens possíveis. Sendo ainda mais específico, vamos a definição da corrente mágica de Aleister Crowley: “Magick é a Ciência e Arte de provocar Mudanças de acordo com a Vontade”. Carlton, aquele personagem mala e mauricinho de Um Maluco no Pedaço (Fresh Prince of Bel Air) também definiu Magia no episódio que ele e Will estão em um cassino. Carlton diz a todo momento que “não existe sorte, somente o domínio das probabilidades”. Basicamente isso é Magia: conhecer os mecanismos caóticos e saber tirar proveito desse conhecimento através de uma série de técnicas. Porém, na série, Carlton é por demais teórico, se lasca em todos os momentos em que quer impor sua vontade às probabilidades, enquanto Will é um mago no sentido mais clássico da palavra e simplesmente sente como e onde deve agir, mesmo sem conhecer a teoria. Se adentrarmos em uma análise mais profunda, é possível refletir sobre quem se realmente estamos impondo ordem no Universo com nossa vontade, ou simplesmente manifestamos a vontade dele, pré-estabelecida, segundo a definição de alguns. O Grande Segredo da Magia consiste em saber como canalizar sua Vontade para manifesta-la nos diferentes planos que compõe a realidade – Físico, Mental, Astral, etc. Essa é a pergunta que atormenta e incentiva milhões de pessoas através dos Aeons. Muitas delas alcançaram a resposta, e o melhor: de várias maneiras. Essa diversidade de possibilidades é importante, já que para criar definições é necessário seguir uma linha, o que em nosso sistema de pensamento aristotélico ocidental significa excluir outros. Em outras palavras, o primeiro passo para alcançar a Magia é transcender a comunicação e a linguagem e libertar a própria mente. É como ser a ponta de um foguete saindo da atmosfera. É difícil saber o que está à frente. Por isso, serei o mais generalista e prático possível. Vou explicar apenas linhas gerais, dar uma espécie de primeiro tapa na bunda dos que querem conhecer que porra é essa de Ocultismo e nunca souberam por onde começar. Nessa primeira parte nada de velas, rituais, espíritos, sigilos e outras coisas, mas sim um amontoado de exercícios para o que Timothy Leary chama de descondicionamento da mente. 1 – Prepare sua mente A primeira coisa necessária para se tornar um magista é querer ser um, e essa não é uma decisão leviana. É como querer ser presidente. Parece uma vida mansa, mas existe uma série de responsabilidades, relacionamentos e atividades que o diferem completamente dos outros civis do país. É como adentrar um mundo completamente diferente, com rotinas diferentes. Para uns é o ápice de uma vivência, para outros deve ser chato pra cacete, tudo depende da pessoa. Sua cabeça precisa ser mudada para a Magia se manifestar. Comece com dois passos básicos: quebra de hábitos e um ritual diário básico. Escolha um hábito aleatório que você possua – levantar com o pé direito, comer unhas, dobrar os lençóis assim que levanta, não importa, o mais importante é que seja algo que você faça instintivamente. Se for hardcore e estiver com uma determinação louca, pare de fumar, beber, comer carne. Pare de jantar e coma só uma fruta a noite. Coisas simples e que não vão exigir um sacrifício monumental. Simplesmente abandone. E depois volte com ele. Isso se chama descondicionamento mental, acostumar sua cabeça a diferentes situações, a fugir da rotina com certa facilidade. Depois de conseguir expurgar alguns hábitos, é hora do ritual. Escolha uma divindade pagã criadora a qual você se identifica – Odin, Ganesha, Pã, Osíris – e estude o máximo que conseguir sobre ele. Todo o dia faça uma oração para ela. Não uma oração de joelhos, olhos fechados e mãos juntas. Abra a janela assim que acordar, esqueça um pouco a correria do dia-a-dia, tome um pouco de Sol na cara e diga como está feliz de estar sendo aquecido e agraciado pelo Sol. Se estiver chovendo, escolhe alguma deusa da fertilidade – Ísis , Afrodite, Inanna, Ishtar – e agradeça pela chuva. Faça isso por um mês, religiosamente. A ênfase é mais uma quebra de hábitos. Se ora a Jesus todos os dias, escolha outro deus e crie sua própria poesia de agradecimento. Simples assim. Não importa se alguém está olhando, imagine-se num teatro, cumprindo seu papel. Com os hábitos quebrados e o primeiro ritual efetivamente criado, é hora de estimular um pouco a criatividade. Comece com algo bem simples. Pegue uma folha em branco (ou abra uma página do Word) e se questione do motivo que o levou a ler esse texto até aqui. Escreva o máximo que puder, fazendo um exercício de retorno ao tempo. Como conheceu a MOB GROUND? Já lia o Nerds Somos Nozes? Como o conheceu? Como foram os dias em que você conheceu esses sites? Não tinha nada melhor pra fazer esse dia? Por que você nos acompanha (se é que acompanha)? Por que não mudou de aba assim que leu que o texto falava de Magia e Ocultismo? Você gosta dos temas? Se considera um iniciante neles? Por que nunca se aprofundou? Seus pais gostariam de saber que você se interessa por Magia? E seus amigos? Pergunte-se de quais fatores que o levaram até a esse momento. Se questione como seus pais se conheceram. Coloque o máximo de informações possíveis no papel. E se seu pai chegasse atrasado no primeiro encontro? Será que você teria nascido de outros pais? Vá embora, dá pra encher livros inteiros tanto com uma linha do tempo razoavelmente linear, somadas às possibilidades resultantes de possíveis mudanças – que alguns chamariam de Universos Paralelos. Num primeiro momento, evite qualquer tipo de termo não-científico. Karma, destino, espíritos, nada disso. Depois que terminar, guarde o resultado. Três dias depois refaça, de forma completamente diferente. Encare o desafio como jogar um RPG ultra-customizável em que você deseja ser um personagem completamente diferente – mas só coloque informações o mais genuínas, plausíveis e possíveis. Fazer esse exercício pra mim teve o mesmo efeito de quando tentei pensar pela primeira vez sobre o fato do Deus Cristão ser infinito, sem origem e sem fim. Isso com 9 anos. É o tipo de coisa que dói a cabeça e exige um bocado de neurônios. Os mais fracos vão se achar ridículos, achar uma perda de tempo, vão pensar em lutadores de UFC e colocar todo o tipo de obstáculo. O mais importante aqui é a persistência de achar as respostas que você crê mais adequadas, além de ajudar na manifestação de seus instintos e imaginação. Agora pegue um objeto e descreva como você acha que foi seu processo de fabricação. Como ele foi parar na sua casa? Quem o comprou? Como foi fundada a fabricante dele? Quem o inventou? Por que? Depois de fazer e refazer SEM PRESSA esses exercícios, é hora de passar para algo um pouco mais complicado: enfrentar os próprios alicerces. Pegue uma obra que você odeie. Pode ser o pior filme que você já viu, um livro que você considere horrendo, mal escrito, ou uma música que te fazem amaldiçoar o momento em que suas orelhas começaram a se formar. Ou mesmo um texto do blog do Reinaldo Azevedo – ou ainda do Olavo de Carvalho. Descreva por que não gosta de tal obra analisada com a maior carga de minúcias possíveis. Depois inverta o exercício e faça uma resenha elogiosa a tal obra, procure achar coisas dignas de nota nela e depois confronte com sua descrição das coisas ruins da obra. Ela continua completamente ruim aos seus olhos? Bom, daí pra frente você mesmo pode elaborar exercícios de descondicionamento. Que tal tentar explicar aos seus colegas evangélicos porque o Satanismo pode ser uma boa religião? Faça o mesmo com o Cristianismo caso goste dele. Não é uma simples questão de advogar em favor de uma causa, mas acreditar por si mesmo a fundo que aquilo é verdade. Tenha certeza que isso tudo vai ser fundamental com o início dos estudos, quando um turbilhão de ideias conflitantes surgirem na sua cabeça. Tornar sua mente receptiva a elas vai evitar a loucura logo nos primeiros degraus – e acredite: tenho amigos que literalmente enlouqueceram nessa onda de procurar significados ocultos em tudo. Reúna todos esses escritos até agora e leia-os. Junte-os no mesmo lugar, essas são as primeiras páginas do seu Diário Mágico. 2 – Prepare seu corpo Caso pratique alguma arte marcial, não precisa seguir atentamente essa parte 2, pois ela provavelmente já é observada por você, mas não custa nada dar uma olhada. O primeiro passo é a Respiração. Não sei se o que vou falar aqui é científico, mas é nítido que o ato de respirar tem um forte controle sobre as emoções. Respirar lenta e profundamente, além de literalmente observar a respiração fluir é o melhor modo de evitar o stress, a cabeça quente, e outros problemas da vida moderna. Se fechar os olhos e esticar os braços melhor ainda. Simples assim. O controle da respiração é o que o Raja Yoga chama de Pranayama. É o quarto passo dessa técnica de Yoga – bom, não vou abordar todos os passos, mas recomendo a todos, principalmente o Asana (posicionamento), Dharana (concentração mental) e o Dhyana (meditação). Yoga é velho pra cacete, mas não chegou até o presente à toa: aprender suas técnicas é uma das chaves para ser um Mago. Vamos a um exercício de respiração básico de respiração. Sente-se confortavelmente, com as costas eretas. Eu recomendo a posição do índio – pernas cruzadas sob os joelhos -, a meio-lótus – um dos pés em cima de um dos joelhos – ou lótus – com os dois pés sobre os joelhos. Pelo fato dessas posições serem clássicas é mais provável que você esteja disposto a considera-las mais apropriadas para a prática. Mas qualquer posição confortável que mantenha as costas eretas é indicada. Inspire profunda e completamente, demorando cerca de dois ou três segundos para terminar a operação. Depois mantenha o ar em seus pulmões pelo mesmo tempo que demorou inspirando – 2 ou 3 segundos. Depois expire, e finalmente mantenha os pulmões vazios, sempre no mesmo tempo. Faça isso por 10 minutos e vá aumentando até chegar a uns 30 minutos. Mas não se preocupe com o tempo, apenas esqueça preocupações, trabalho, família, tudo, seja bom ou ruim. Vá esvaziando a mente e se concentre somente na respiração. Faça isso a semana toda e anote os resultados que achar mais importantes. Até semana que vem. Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5| Parte 6 | Parte 7 | Parte 8 | Parte 9 | Parte 10 | Parte 11