Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Durante anos o Superman foi acusado de ser aquele personagem babaca, submisso às autoridades (leia-se governo americano) e bonzinho demais. Em O Cavaleiro das Trevas, Frank Miller chegou a mostrar o heroi efetivamente trabalhando para o governo. Até a descrição do personagem nos gibis dizia “(…)defende o modo de vida americano como o Superman”. Talvez o grande erro da maioria dos roteiristas, durante todos estes anos, tenha sido justamente confundir “modo de vida americano” com ser um capacho do governo. Isto somado ao fato do personagem ser poderoso demais fazia com que grande parte dos leitores não se identificasse com ele. E este parece ser um equívoco que a DC Comics tenta consertar com a nova versão do personagem no reboot. Para começar, na revista Action Comics, escrita pelo Grant Morrison (autor de All-Star Superman – a melhor história do personagem nos últimos 10 anos), somos apresentados a um Superman ainda jovem e que não tem seus poderes completamente desenvolvidos. Morrison traz de volta características do começo do personagem nos quadrinhos. Ele ainda não voa, por exemplo, sendo apenas capaz de grandes saltos por cima dos prédios. Além disso, o Superman se mostra realmente como um heroi do povo, socialista até, atacando empresários corruptos e impedindo que os mais necessitados fiquem desabrigados. O personagem chega até a enfrentar a polícia, algo impensável para o Superman pré-reboot. E não podemos esquecer que ele se veste de ~~pedreiro~~. O Superman Pedreiro Outro ponto positivo da reformulação é quanto ao significado de ser um heroi, afinal, entrar em um prédio em chamas quando você sabe que vai sair ileso faz de você um heroi? Neste sentido, o Super do Grant Morrison é muito mais humano. Ele ainda é virtualmente imortal, resistindo a tiros, explosões e outras coisas, mas nunca sai totalmente ileso. Logo na primeira edição de Action Comics, percebemos que as façanhas do heroi também requerem esforço, após ele ficar totalmente exausto enquanto tentava impedir um acidente com um trem. É uma grande diferença para quem estava acostumado a ver o homem de aço erguendo prédios sem muita dificuldade. “O último filho de Krypton”. Essa era outra frase muito usada para se referir ao Superman. Mas convenhamos que isso nunca foi muito verdade assim, principalmente depois da reformulação que o personagem sofreu na década de 1980, após a saga Crise nas Infinitas Terras. Nesse primeiro reboot, John Byrne deixou o personagem muito mais ligado à Terra, tendo inclusive os pais adotivos ainda vivos. E na década de 1990 ainda teve o casamento com Lois Lane. Eis que no novo reboot, essa farra acabou, Superman é o Último filho de Krypton e carrega esse fardo sozinho. Papai e mamãe Kent estão mortos há muito tempo e o casamento com Lois Lane nunca existiu. E eu, que tanto critiquei essas mudanças na época em que foram anunciadas, devo admitir que vieram pra melhor. O Superman era um personagem estagnado e toda essa reviravolta fez bem ao heroi. Finalmente, temos histórias em que o homem de aço não é apenas um cara superpoderoso, ele é realmente um alienígena tendo que se adaptar em um mundo que não é o dele. E, por mais contraditório que possa parecer, isto faz dele muito mais humano que sua antiga versão. Superman fugindo da puliçada Já o gibi Superman nos mostra um homem de aço ainda cheio de dúvidas e com os poderes em desenvolvimento, apesar das histórias se passarem já no presente. Além disso, os cidadãos de Metrópolis ainda se dividem entre os que acham o homem de aço um heroi e os que o consideram uma ameaça. Os coadjuvantes e o cenário das histórias também foi bastante modificado. O antigo prédio do Planeta Diário foi implodido (como uma forma da DC mostrar que está começando do zero) e o jornal passa a ter uma sede muito mais moderna, passando a fazer parte da PGN, uma grande companhia de comunicação. Lois Lane deixou de ser repórter e virou produtora executiva da PGN, enquanto Jimmy Olsen deixou de ser apenas fotógrafo, passando a trabalhar também como câmera e com internet. Depois de tanto criticar esse reboot da DC Comics, devo admitir que essa iniciativa fez muito bem pelo menos ao principal super-heroi da editora. É realmente interessante poder ler um Superman um pouco menos poderoso e que se esforça para realizar suas tarefas, tornando-o muito mais heroico do que sua antiga versão. Ainda é cedo pra dizer se as histórias vão continuar interessantes, mas não há dúvidas de que toda essa mudança na dinâmica dos personagens dá um novo gás a um personagem já desgastado há muitos anos. ARTE DA VITRINE: Thiago Chaves (@chavespapel)