Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [quote_box_center]Nota: Se você chegou aqui através de pesquisas sobre estupros, pedofilia ou coisas do tipo, vai se tratar.[/quote_box_center] Colaborou Bruner Cavalcanti [quote_box_center]Bruner: Como o nome do post já diz, vocês estão para ler sobre os 11 filmes mais insanos… Filipe:…repulsivos… Bruner:…nojentos… Filipe:…ultrajantes… Bruner:…insanos e asquerosos de todos os tempos. Filipe: mas antes de chegar às vias de fato, com os tais “filmes assustadores”, três avisos: 1) Vocês estão devendo a sanidade e a alma de vocês a gente por esse post. Não foi nada fácil enfrentar essa corja de filmes dos mais perturbadores. Repito; não pense que foram filmes comuns. NÃO!!! São filmes dos mais variados estilos, que têm em comum a vontade de devolver o espectador de uma forma absolutamente diferente da forma como ele começou a assistir o filme. Seja dando um nó no cérebro dele (especialidade de David Lynch)… Bruner:…esperem vocês chegarem em Eraserhead… Filipe:…seja descendo o nível moral ao mais baixo calão possível… Bruner:…taí Guinea Pig que não nos deixa mentir… Filipe:…ou ainda trazendo doses de violência realista que levaram alguns deles a serem classificados de snuff movie (para alguns, snuff movies não passam de lendas urbanas)… Bruner:…mas nos sabemos que não são! Filipe:2) ESSE POST NÃO É PARA FRACOS!!! ENTÃO SE VOCÊ É… Bruner:…CAGÃO… Filipe:…TEM ESTÔMAGO FRACO… Bruner:…É IMPRESSIONÁVEL… Filipe:…UMA MULHERZINHA… Bruner:…OU SEMPRE TORCE PELOS MOCINHOS… Filipe:…PASSE DIRETO POR ESSE POST. AINDA ESTÁ AQUI? DEPOIS NÃO DIGA QUE NÃO AVISAMOS!!!!! Bruner:3) Assistam esses filmes por conta e risco próprios. Já avisamos, vocês não vão sair da mesma forma com estavam antes de assisti-los. Às vezes a idéia de um diretor de cinema não é simplesmente entregar “mais um” filme. Ele quer ir além. Filipe: E quando ele é bom, não mede esforços para isso. É o caso dos que estão aqui. Caras como David Lynch, John Waters e Alejandro Jodorowski não ligam para as regras da indústria e não estão nem aí se precisarem vender seus filmes na rua, caso nenhuma distribuidora queira compra-lo (caso de David Lynch, que teve de vender seu último filme, Inland Empire, na rua, ao lado de uma vaca). Bruner: Disso nem eu sabia! Filipe: Mas dessa vez não falaremos dos diretores “mais malucos do cinema”, mas sim de seus rebentos, que em última análise, servem para refletir a personalidade de seu realizador. Bruner: Exato, e para dar uma nota para esses filmes nos não podíamos dar notas comuns , de 1 a 10. Criamos um ranking especial para esse post, ele será dividido entre 5 notas de 1 a 5. O primeiro será medindo o grau de PERTURBAÇÃO do filme. Se ele te deixar confuso sobre a vida, com dúvidas sobre sua personalidade ou com vontade de tomar Valium, ele é nível 5, definitivamente! Bruner: o segundo é o grau de REPULSIVIDADE, se der vontade de vomitar é 5 na lata! Filipe: o terceiro é o grau de “ASSUSTADORIDADE” do filme. Tipo, não estou falando de sustos estilo Pânico, não… tô falando de pavor de verdade que só ótimos filmes sem censura conseguem fazer. Bruner: A quarto aspecto de avaliação é o nível de AGONIA que o filme causa. Estou falando do que você sente só de pensar em agulhas debaixo da unha, cortes no meio dos dedos, serrotes na canela ou ou barulho que faz o gelo raspando na porta do congelador. E por último o mais recorrente de todos os aspectos, a VIOLÊNCIA!!!!! Filipe: Bom… é isso. Se vocês acharem que estão preparados vão em frente. Leiam as resenhas até o fim… Bruner: mas se acharem que não dão conta, e que “a vida já é triste demais pra ficar vendo (lendo) esse tipo de coisa” como diz o Humberto, vão pro inferno! Filipe: Mas uma coisa é certa, não nos responsabilizamos por nada do que pode acontecer a vocês da qui pra frente. OK? É NOZES!!! E boa sorte… confira a nossa lista com os filmes mais insanos![/quote_box_center] 11) SALÒ, OU 120 DIAS DE SODOMA Salò o le 120 giornate di Sodoma (Itália, 1975) Diretor: Pier Paolo Pasolini Duração: 116 min Bom, Falar de Salò, ou 120 Dias de Sodoma é um tanto complicado. Nele, Pier Paolo Pasolini faz uma denúncia do domínio fascista na Itália usando como base o livro Os 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade. Mas devido a péssima qualidade cinematográfica o tiro acabou saindo pela culatra. A história se passa numa mansão, na província de Salò, na Itália, para onde são levados à força 16 jovens; sendo 8 mulheres e 8 homens, a mando de quatro libertários fascistas, que pretendem usa-los como base para as maiores bizarrices sexuais (ou não). Logo que chegam à mansão, são lidas as normas da jornada que está para começar. Elas basicamente dizem que os presos devem fazer tudo que for ordenado e quem sair da linha morrerá mais cedo. O filme é dividido em 3 partes intituladas “O Círculo de Manias”, “O Círculo da Merda” e “O Círculo do Sangue”. No primeiro círculo todos os tipos de perversões são postas em prática, guiadas pela narração de uma cafetina/prostituta, que conta suas histórias como forma de inspiração para os cavalheiros. No segundo, círculo uma outra senhora guia os acontecimentos com suas histórias ligadas a cropofogia, que culmina num banquete à base das fezes de todos os integrantes da mansão. O terceiro e último círculo é basicamente composto de três senhores torturando seus servos no quintal, enquanto o quarto fica olhando os acontecimentos da bancada da mansão. E assim eles revezam até que não sobre ninguém vivo. Como filme, eu achei Salò uma merda (desculpem o trocadilho). A idéia de usar não-atores definitivamente deu errado. As atuações ficaram tão ruins que não se sente nenhuma empatia pelas “vitimas”, e as torturas acabam ficando “bobas”. O expectador sente mais agonia e nojo do que necessariamente pena ou ultraje ao assistir as sequências mais pesadas do filme. Na verdade é necessário um pouco de imaginação para sentir alguma coisa. Por exemplo, na sequência em que vemos uma jovem sendo obrigada a comer merda, a garota começa e fazer cara de nojo e chorar quando, na verdade, a reação lógica seria vomitar (todo mundo aqui já assistiu Jackass, correto?). Pode parecer um detalhe insignificante, mas quando temos um roteiro sem profundidade, personagens rasos e atuações tão ruins, o mínimo que podemos esperar é um pouco de veracidade que dê um tom de documentário ao filme. A ausência de trilha sonora e fotografia lacram o caixão! Em relação ao contexto politico do filme, bom… Ricos e poderosos explorando os pobre e miseráveis não é exatamente um tema que preencha um filme de 116 minutos sem a ajuda de um roteiro que envolva personagens, no mínimo, carismáticos não acham? Se ele pretendia chocar com a crueldade nazi-facista, seria bom ter focado um pouco mais na miséria dos humilhados, e ressaltado mais as motivações lascivas de seus algozes. Se ele queria fazer um filme visualmente chocante e pervertido como Sade fez em sua obra literária, seria importante que as cenas de tortura fossem mais críveis, e a fotografia ajudasse mais no clima. Agora as curiosidades sobre o filme: – As fezes usadas no filme são uma mistura de chocolate e marmelada. – A primeira versão do filme foi tirada das prateleiras, por causa de problemas com os direitos autorais. Devido a isso uma cópia original em boas condições está valendo em torno de 600 dólares. – O DVD remasterizado, lançado no Japão, tem muitas fotos de produção que nenhuma outra versão tem, incluindo a cena de uma garota sendo eletrocutada e os corpos das vitimas alinhados no quintal com fezes por cima. Todos as cenas fazem parte da última parte do filme (pra vocês verem como os japoneses estão mais acostumados com esse tipo de coisa). – Salò é a primeira parte da “trilogia da morte” que ficou sem os dois últimos filmes devido ao assassinato de Pasolini, seis meses apos a conclusão de Salò. Essa trilogia seria um complemento a “trilogia da vida” composta pelos filmes Decameron, Os Contos de Canterbury e As Mil e Uma Noites. Finalizando: Salò é um fime chocante, mas somente para quem está desacostumado com esse tipo de coisa. Se você já assistiu a Pink Flamingos ou Guinea Pig não vai achar grande coisa. Sobre a visão politica, não vi grandes questões levantadas ou aprofundadas. Se você realmente quiser entender melhor sobre o assunto procure o documentário ou algo no estilo. Mas se só querem ver um filme que tenha esse tema como pano de fundo assistam Malena, de Geoseppe Torunatori, A Vida é Bela, de Roberto Benigne. [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 4 Pertubação – 2 Repulsividade – 4 Assustadoridade – 1 Violência – 3[/quote_box_center] 10) Funny Games – Violência Gratuita Funny Games (1997) Diretor: Michael Haneke Duração: 108 min Um soco na cara! Essa e a melhor forma de definir esse filme, tanto literal com o figurativamente. Isso já se comprova no começo do mesmo: uma família feliz, viajando para sua casa de campo e brincando de adivinhar a música, e do nada a trilha sonora muda para um death-metal pesadíssimo, dando ao espectador uma idéia do que esta por vir. O interessante é que o esse filme demonstra que não só diretores conhecidamente amalucados (como todos que aqui estão) fazem filmes insanos. Michael Haneke é um conhecido autor “cabeça”, considerado um dos melhores diretores europeus, mas sutilmente entrega obras como essa, que perfeitamente debatem sobre temas mais pesados, como a banalização da violência. A historia é simples. Uma família (pai, mãe e filho) que é sequestrada por uma dupla de jovens sádicos, que irão fazer de tudo para causar o máximo de sofrimento físico e psicológico possível. E é isso, nada além, sem grandes dramas ou reviravoltas. Mas o que faz desse filme tão bom (na minha opinião) é a forma como nós somos levados para junto dessa violência, que é mostrada de forma tão crua, estamos tão acostumados com a estilização de tudo, com cenas que mostram como é “legal” dar porrada e atirar nos outros, que perdemos a sensibilidade à dor alheia. Não estou sendo moralista nem nada do tipo, mas é difícil não se questionar quando um maníaco torturador olha para a câmera (o espectador) e dá uma piscadela como que dizendo “divertido né?”, ou quando a vitima implora para ser morta e ele vira e pergunta “e aí? acha que já chega?”. É como se nós fôssemos seus cúmplices, e estivéssemos nos divertindo com o que está acontecendo. Recentemente o filme ganhou um remake americano (o original foi feito na Áustria), que curiosamente foi dirigido pelo próprio Haneke e ainda por cima utilizou os mesmos ângulos de câmera e roteiro. O remake foi estrelado por Naomi Watts, Tim Roth e Michael Pitt. Como ainda não assistimos, não podemos opinar! É esse tipo de emoção que você vai encontrar em Funny Games. Com utilização da metalinguagem o diretor conseguiu fazer eu me sentir culpado por ter locado o DVD. Não é um filme pra se assistir qualquer hora, não é um filme gostoso de se ver, mas definitivamente é um filme obrigatório pra quem gosta de cinema alternativo. [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 3 Pertubação – 3 Repulsividade – 2 Assustadoridade – 4 Violência – 4[/quote_box_center] 9) Audition Ôdishon (Japão, 1999) Diretor: Takashi Miike Duração: 115 min Vamos falar de Audition! Dirigido por Takashi Miike (o mesmo de Itchi the Killer), Audition assusta pra caralho! Na verdade, o mais assustador dele é a forma como a historia foi contada. Não espere cenas de suspense a cada 10 minutos, porque isso já não assusta mais. O filme está mais pra uma viagem ao inferno do que um trem fantasma. No começo ele parece mais com um filme de romance (o que assusta muito), e à medida em que o expectador vai descobrindo mais sobre a “mocinha” da história, o filme vai ficando mais tenso… até culminar em uma das cenas de tortura mais sinistras que já vi. Esqueça chute no saco, choques, marteladas ou saco da verdade. Não que para assustar o diretor tenha se firmado somente em dor física, o clima de terror está em tudo no filme; desde pequenos diálogos até flashbacks perturbadores. Os personagens secundários completam os ingredientes necessários para um filme realmente doentio. [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 5 Pertubação – 5 Repulsividade – 2 Assustadoridade – 4 Violência – 2[/quote_box_center] 8 ) Rejeitados pelo Diabo The Devil’s Rejects (EUA, 2005) Diretor: Rob Zombie Duração: 109 min Pra começo de conversa, o que esperar de um filme de terror/trash/gore dirigido por um cantor de rock das antigas com a participação de sua esposa em um dos papéis principais? Foi exatamente isso que eu pensei, mas tive uma grande surpresa ao assistir Rejeitados pelo Diabo, dirigido por Rob Zombie (da banda White Zombies), e cujo o título não ajuda em nada na moral do filme. Na verdade esse filme tem mais um agravante que para mim é o principal: ele é uma continuação. Isso mesmo, e o nome do filme original é A Casa dos 1000 Corpos, que também foi dirigido por Rob e conta o surgimento da família “Firefly”, um bando de maníacos psicopatas bem ao estilo O Massacre da Serra Eletrica. Eles capturam um grupo de estudantes que estão viajando pelo interior do Texas e fazem da vida deles um inferno (original, não acham?). Eu não assisti A Casa dos 1000 Corpos somente por falta de oportunidade, porque mesmo tendo um plot muito básico como vocês viram, eu me amarro em filme de terror, independente do contexto. Voltando aos Rejeitados. A história é a seguinte: no primeiro filme a familia Firefly mata uma pá de gente, entre eles está o tenente George Wydell, cujo irmão, xerife John Quincy Wydell, viria a promover uma caçada humana para vingar a morte do irmão seis meses depois. E é basicamente esse o plot do filme, uma longa, violenta, árdua, sanguinolenta e dolorosa caçada aos remanescentes da odiosa familia Firefly. O filme começa com um ataque do grupo de Wydell à casa dos rejeitados. Nessa incursão eles matam Rufus Firefly, capturam a Mama Firefly, mas acabam por perder os piores da familia; Otis B. Driftwood e Baby. O último integrante, Tiny, está desaparecido. Depois da fuga, Baby e Otis acabam se escondendo num hotel, onde matam e torturam cinco integrantes da banda country “Banjo and Sullivan”, que estavam de passagem por ali. Vou dizer pra vocês uma coisa… tinha tempo que eu não via uma tortura tão cruel e bem feita, tem uma hora que Otis arranca a pele da cara de um sujeito e veste como uma máscara. Detalhe: o cara ainda tá vivo! Depois que ele termina, mais pra frente ainda no hotel, a dupla se encontra com o Capitão Spaulding, um integrante da familia que tinha seguido o próprio rumo depois do primeiro filme. Bom, não vou contar o filme todo porque senão vai perder a graça, mas posso dizer que o que vocês leram até aqui não é nada comparado ao filme. Eu diria que a beleza desse filme não está na história, porque ela até que é bem rasa, a parada aqui são os personagens e a direção. Cada um dos maníacos (“mocinhos” inclusos) têm uma personalidade bem diferente. Mesmo que não fique muito claro, cada personagem tem uma maneira exclusiva de ser mau! Exemplo: é o xerife que começa o filme como um justo vingador e muda para um torturador de primeira com o passar do tempo (e aumento do ódio). O cara chega a cortar ao meio uma mulher (começando pela vagina)!!! A impressão que tive é que eles não são monstros terríveis feitos de puro mau. Mas são os mais próximos que se pode chegar da natureza de um serial killer, maldade por maldade e pronto. Em relação a direção, eu diria que não faltou nada. O diretor conseguiu fugir de todos os clichês do gênero, construindo um road movie onde a ameaça não está esperando o seu descuido atrás de uma porta ou dentro de um armário, ela está lá fora, vindo a todo gás e ai de quem estiver na frente. Só essa estrutura de roteiro já elimina todas as características dos filmes de horror clichês. O foco não é nas vitimas, e sim nos agressores. Não existe um ambiente fechado onde se possa esconder ou ser caçado. Na verdade são os vilões que estão sendo caçados, o que automaticamente faz deles anti-heróis. Em dado momento não se sabe mais se deve se torcer por eles ou contra eles, tudo isso fica bem mais claro no fim do filme… ***** ATENÇÂO SPOILERS ***** A cena deles indo em direção a barreira policial, todos detonados, atirando que nem loucos com a música Freebird aumentando no fundo é praticamente heróica!!! Só senti algo parecido com isso quando vi o final de Assassinos Por Natureza. Só que lá o repórter não tinha nada de mocinho; ele era tão filho da puta quanto o casal. Aqui não, as coisas ficam muito bem divididas. Policiais bonzinhos para lá, assassinos maníacos para cá, e mesmo assim é impossível não torcer para que os três saiam do outro lado com um rastro de sangue e tecido azul no chão. ***** FIM DOS SPOILERS ***** Outro aspecto legal do filme é que ele tem um leve toque de faroeste. Como eu adoro esse gênero, tudo ficou ainda mais divertido. Se pararmos para pensar, o xerife motherfucker parece bastante com os papeis de Tommy Lee Jones no filme Três Enterros e no recente Onde Os Fracos Não Tem Vez. Os dois grandes faroestes modernos. Agora algumas curiosidades sobre o filme: – Na TV que está no hotel é possível ver uma cena de A Noiva do Monstro de Bella Lugosi. – Todos os efeitos de sangue, facadas, ou qualquer coisa envolvendo contato direto com a pele foram feitos digitalmente. A intenção de Rob Zombie era fazer o filme somente com as técnicas disponíveis nos anos 70, mas o prazo não ajudou. – Foi planejado fazer algumas cenas com o Dr. Satan (personagem importante do primeiro filme, que eu não vi) mas foram cortadas pelas diferenças drásticas de construção dos dois filmes. – O “Family Media Guide” constatou que a palavra “fuck” e suas derivações é dita 244 vezes no filme. – A fala “I am the devil, and I have come to do the devil’s work” que é dita no filme, foi originalmente dita por Charles Manson, lider da familia/culto que protagonizou um dos maiores massacres que o EUA já teve. Finalizando: Rejeitados Pelo Diabo (que nomezinho tosco) é um puta filme de terror/faroeste/road movie que definitivamente deve ser visto por quem gosta de filmes dos mais hardcore! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 2 Pertubação – 4 Repulsividade – 3 Assustadoridade – 2 Violência – 5[/quote_box_center] 7) Ichii, the Killer Koroshiya 1 (Japão, 2001) Diretor: Takashii Miike Duração: 129 min Sem dúvida um dos filmes mais violentos, insanos, sanguinários, violentos, psicóticos, pervertidos, e….violentos que já vi. Essa obra de de Takashi Miike (o mesmo de Audition) contém tudo aquilo que se espera de um filme japonês de terror/máfia e outros gêneros que não lembro agora. O enredo narra a história de duas pessoas. Kakihara, o sub-chefe masoquista e afeminado da gangue “do Anjo” (uma facção da Yakusa), que se vê no meio de uma grande conspiração, quando seu chefe, “O Anjo”, some do nada. Na busca por seu chefe, Kakihara irá causar MUITA dor em VÁRIAS pessoas. Para ter uma idéia, uma das torturas que vemos no filmes, é de um cara sendo suspenso no ar por ganchos presos em sua pele, e depois frito com óleo fervente; perto disso, martelada no dedão do pé é fichinha! A outra pessoa é o assassino do título do filme, “Ichii”, cuja a indentidade vai ser uma surpresa para vocês, por isso não posso falar muito sobre ele sem estragar um pouco o filme. Então se querem manter a surpresa pulem a próxima parte. ***** ATENÇÂO SPOILERS ***** Ichii é o cara que aparece espiando (e se masturbando) o apartamento de uma prostituta, que está sendo espancada, logo no início do filme. Como vocês verão, ele não é um assassino frio e calculista, o que é a parte legal do personagem. Apesar de ser o mais fraco mentalmente ele também é o mais perigoso, pois passa a sensação de estar sob controle, quando pode a qualquer momento te cortar ao meio (literalmente). Ele é também, na minha opinião, o personagem mais aprofundado do filme. Sabemos o seu passado e porque ele mata, enquanto sobre Kakihara só sabemos que ele é masoquista e homossexual. ***** ATENÇÂO SPOILERS ***** Os personagem secundários são um show a parte, e o filme tem todo tipo de doido: cafetões estupradores, uma dominatrix, gêmeos policiais psicopatas e mais uma porrada de gente que faria inveja até a Charles Manson. Algumas curiosidades do filme: – O toque de celular de Takashi Miike é a musica tema desse filme. – O prédio que aparece no fim do filme é o mesmo que aparece no começo de Dead or Alive, filme anterior do diretor (não estou falando daquele filme baseado no jogo). – A cena de tortura com os ganchos e gordura fervente levou 12hs de maquiagem mais 12hs de gravação. – Ichii quer dizer um em japonês, por isso o personagem tem o número pintado na armadura. – Takashi revelou que o sêmen que aparece numa das primeiras cenas do filme é real. – A idéia inicial de Takashi era que o roteiro do filme fosse feito pelo escritor original do mangá, mas a idéia não vingou por que a agenda dos dois não batia. – No filme, todos os membros da Yakuza tem uma arma, porém somente dois tiros foram disparados no filme, e ninguém foi atingido. Resumindo, se você tem estômago forte,e gosta do estilo meio sem pé nem cabeça dos filmes japoneses, ASSISTA!!! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 3 Pertubação – 3 Repulsividade – 3 Assustadoridade – 3 Violência – 5[/quote_box_center] 6) Pink Flamingos Pink Flamingos (EUA,1972) Diretor: John Waters Duração: 108 min Filme trash da pior melhor espécie. E com ar cult ainda por cima. Conseguiu sua fama nas famosas sessões de meia-noite que ocorriam na década de 70/80, nos EUA. Logo depois, o filme, especialmente seu/sua protagonista (já já explicamos), se tornou um dos símbolos do movimento punk, estampado em camisas e bottons. E para reforçar essa aura, tem toda uma história por trás das filmagens. Conta-se que foi filmado em dois dias, com grana do próprio diretor (ao todo ele investiu 10 mil dólares no filme, inclusive no trailer de 100 dólares). Também pudera, quem ia investir num filme cuja a história se resume a uma drag queen querendo provar que é a pessoa mais podreira da região. Ponto! O filme, como já foi comentado, narra a trajetória de Divine, uma drag queen (de verdade, e pesando 150 quilos na época ainda por cima) que quer recuperar o título de pessoa mais podreira da região em que vive. Seus competidores? Um casal de malucos que sequestra mulheres, faz um empregado engravida-las e vende seus filhos…para alimentar um mercado de vendas de drogas na porta de escolas. E os personagens esquisitos (ao extremo) não param por aí. Tem Mama Edie, a mãe de Divine, uma velha que fica num berço e tem um apetite imenso para ovos; Crackers, filho de Divine, que tem um estranho apetite sexual por galinhas; e Cotton, que gosta de ver Crackers “se satisfazendo” com as galinhas (e com uma azarenta mulher desavisada). E o que falar do seu diretor, John Waters? Um pervertido dos piores, sem qualquer moral, mas com alguma estética cinematográfica. À título de curiosidade ele teve uma pequena participação em Jackass 2. É só procurarem que vocês acham (tá bom, é no truque do Desaparecimento do Anão). Mas você deve estar se perguntando: o que tem de trash ou sinistro nisso tudo? Simples, ABSOLUTAMENTE TUDO! Esse é daqueles filmes em que dá vontade de parar de assistir, graças às diversas cenas nauseantes que o filme contém (o banquete de fezes caninas, ao final, pelas palavras do diretor, eram reais). Não vou descreve-las para não estragar nenhuma “surpresa” (esse é o tipo de surpresa que vocês não vão querer ter)! Chega, agora é por conta de vocês assistirem!!! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 2 Pertubação – 1 Repulsividade – 5 Assustadoridade – 1 Violência – 2[/quote_box_center] 5) Irreversível Irréversible (França, 2002) Diretor: Gaspar Noé Duração: 97 min Taí um filme que me surpreendeu, tanto em relação ao roteiro quanto a edição e fotografia. Pra começar: o filme foi rodado todo sem cortes, o que fez dele um exemplo de como se usar bem os efeitos digitais. A câmera roda por todo o ambiente, faz piruetas, atravessa vidros, passa na frente de espelhos e nem o cinegrafista nem a sua sombra aparecem. E além de todo esse trabalho, o filme ainda é contado de traz pra frente (algo parecido com Amnésia), o que é uma tremenda metáfora, pois todos os eventos, apesar de serem contados de traz para frente são “irreversíveis”. O filme é basicamente um exemplo de como uma cadeia de acontecimentos violentos (independente do grau de violência) pode levar a acontecimentos ainda mais violentos. E todos esses eventos terminam entrelaçados, fazendo com que, na visão do expectador, um justifique o outro. Mas o mérito por essa obra está mesmo nas mãos do diretor Gaspar Noé, que conseguiu com um roteiro relativamente simples criar um filme extremamente complexo, com cenas muito fortes. Quando eu disse mais a cima “cenas fortes”, eu estava falando sério, já no começo do filme uma briga dentro de uma boate gay(!) termina com um cafetão morto a “extintoradas” na cara e Vincent Cassel com o braço quebrado e quase currado! No decorrer do filme você ainda vai se deparar com, prostitutas, travestis, viciados e com uma das cenas mais fortes e angustiantes cenas que eu já vi: o “estupro na passarela subterrânea”, protagonizado pela Monica Bellucci. Por causa dessa cena Irreverssivel foi considerado “o filme mais abandonado no meio da história”. Pode parecer que foram as atuações que fizeram dela uma cena tão pesada, mas isso é um engano. O uso da câmera foi essencial para dar o clima tenso, a fotografia ficou tão bem feita que foi usada no thriller-teaser que consiste somente na câmera correndo pela passarela num movimento nauseante. Agora algumas curiosidades: – Praticamente todos os diálogos foram improvisados. O roteiro tinha somente 3 páginas!!! – O sangue na maioria das cenas e o pênis do estuprador foram digitalmente colocados. – O clube no começo do filme é realmente um clube gay. Apenas foi redecorado e trocaram o nome. – A passagem onde acontece o estupro teve de ser pintada de vermelho à pedido do diretor. – A menor cena do filme tem 3 minutos, e a maior tem 15 minutos. – Os primeiros 30 minutos do filme têm um ruido de fundo parecido com o que faz um terremoto. Por conta disso a grande quantidade de evasão das salas de cinema, e o mais interessante é que isso foi de propósito. – O subtitulo “o tempo destrói tudo” é a primeira e última fala dita no filme. – A cena do estupro levou duas noites para ser finalizada; foram feitos seis takes. – No lançamento do DVD na frança, 2,400 pessoas compareceram, 200 delas saíram no meio da projeção. – Com medo do filme ser considerado homofóbico, Gaspar Noé voltou ao clube gay após as gravações principais e filmou uma cena dele masturbando um outro ator. – O livro que Monica esta lendo no fim do filme se chama An Experiment With Time, de J.W. Dunne. Finalizando, Irreversivel é um filme fantástico! com uma edição e fotografia excepcionais! Mas para pessoas de mente aberta. No mínimo! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 2 Pertubação – 3 Repulsividade – 4 Assustadoridade – 2 Violência – 2[/quote_box_center] 4) Guinea Pig Za ginipiggu: Akuma no jikken (Japão, 1985) Diretor: Satoru Ogura Duração: 43 min Série japonesa de filmes de terror. Falando assim parece até um filme de terror oriental no estilo O Chamado, Água Negra ou Espíritos, com aquele bem elaborado estilo de medo crescente baseado na ambientação e climatização, ao invés de sustos a cada cinco minutos, o que forma a base do terror americano. Esqueça essa conversa fiada. O que tornou a série Guinea Pig famosa foi utilizar de violência pesada, realista, brutal e mais todos os adjetivos da pior espécie que você possa imaginar. Reza a lenda que quando o filme chegou aos EUA, Charlie Sheen (sim, de Two and a Half Man) assistiu ao episódio Flowers of Flesh and Blood (o segundo da série) e imediatamente denunciou o filme ao MPAA (a infame entidade que controla a censura aos filmes americanos), que por sua vez passou o filme para o FBI, que contatou autoridades japonesas, que informaram que já estavam investigando o filme. Resumo da ópera: os diretores ficaram presos até que mostraram o making of da série, que explicava os pormenores dos efeitos especiais. Então Eu imitei Charlie Sheen e selecionei o episódio Devil Experiment para assistir. Conclusão? Os quarenta e três minutos de duração dessa película realmente não são dos mais fáceis, e com certeza conseguem impressionar, principalmente os… impressionáveis! Tudo nele é feito para parecer um filme amador, evocando a falta de profissionalismo em ângulos de câmera. Além disso não tem falas e preocupação com perfeição nos cortes. Na verdade, a principal motivação para se fazer esse filme foi testar novas e revolucionárias técnicas de maquiagem, idealizadas por estudantes de cinema japoneses. A história? Três japoneses sequestram uma menina para saber os limites da sanidade humana. E pode ter certeza que eles pegam pesado para realmente conhecerem esses limites. É som no mais alto volume, minhocas no corpo, torturas da pior espécie… e culmina com a famosa cena da agulha no olho! O fato mais bizarro é que a polícia japonesa encontrou uma fita com vídeos dos episódios de Guinea Pig na casa do serial killer japonês Tsutomu Miyazaki, que matou, estuprou e devorou o corpo de quatro meninas de 4 a 7 anos, e que ficou conhecido como “O Otaku Assassino”, na nação nipônica. [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 5 Pertubação – 1 Repulsividade – 2 Assustadoridade – 2 Violência – 5[/quote_box_center] 3) Cannibal Holocaust Cannibal Holocaust (Itália, 1980) Diretor: Ruggero Deodato Duração: 95 min Receber o título de filme mais violento de todos os tempos não é pra qualquer um. E Cannibal Holocaust merece tal título. Feito na onda dos filmes gore explotation italianos dos anos 70 e 80, ele acabou por se sobressair sobre todos eles. Por que? Porque optou pelo realismo ao invés de pender pro exagero e pro absurdo. A forma como a narrativa foi feita feita revolucionou, tanto que hoje temos filmes inspirados em sua narrativa, e com grande qualidade ainda por cima. Tratam-se de Cloverfield e A Bruxa de Blair, dois filmaços. Três jovens (que se juntam a um guia) resolvem fazer shockumentary (um documentário com o intuito de chocar, usando cenas fortes e apelativas). O tema seria tribos canibais na Amazônia. Mas eles desaparecem e não mais voltam. O professor deles resolve seguir seus passos e após conseguir fazer amizade com os canibais, graças a um prisioneiro de uma tribo inimiga, recupera os rolos e volta para a civilização. Daí para frente começa a surgir o filme feito pelos jovens. E não pense que ele é fácil. Para obter cenas chocantes e instigar os índios, eles barbarizaram toda a tribo; estuprando, matando, mutilando e até incendiando. Tem até a famosa cena da empalação (essa é para poucos). E pior, foram os próprios jovens que mataram o guia, quando cortaram sua perna com um facão, após ele levar uma mordida de cobra. Tais fatos causam revolta na tribo, que os aprisionam e torturam. Isso mostra que os índios, quando querem fazem pior. Os jovens sofrem castrações decapitação, e mortes a pauladas. Ou seja: os protagonistas, coitadinhos, no início do filme, passam a vilões. As cenas finais são tensas ao extremo, com câmera trêmula e muita correria. O filme, após as primeiras exibições, foi retirado de cartaz; e seu diretor, Ruggero Deodato, foi convocado a depor às autoridades. Entre as várias acusações estavam a de que havia drogado e matado os atores durante as filmagens. O fato deles terem sumido de cena após o lançamento do filme contribuiu com a boataria. Somente após ele apresentar os envolvidos no filme é que foi liberado. Motivos não faltaram para as acusações. Tudo é feito com o intuito de parecer real (infelizmente, na época não existiam virais para aumentar o boca-a-boca). A maquiagem é muito bem feita. Até no começo do filme, um letreiro avisava que os rolos haviam sido comprados de terceiros; o que contrariava uma ordem do professor que os obteve, que após assisti-los, mandou que fossem queimados. Esse provavelmente é o mais sinistro, violento e hardcore dos filmes aqui listados (mas não mais insano), SÓ VEJA SE REALMENTE TIVER ESTÔMAGO! O que não tira o mérito de ser um clássico do terror e o mais brutal de todos! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 4 Pertubação – 1 Repulsividade – 2 Assustadoridade – 3 Violência – 5[/quote_box_center] 2) El Topo El Topo (México, 1970) Diretor: Alejandro Jodowski Duração: 125 min Coisas que você precisa saber sobre El Topo antes de assisti-lo: 1) Apesar de ser um faroeste, esqueça aqueles lances de mocinhos e bandidos, índios, diligências, tiros que não acabam mais e outras coisas que fizeram o gênero tão famoso. 2) Seu diretor é Alejandro Jodorowski, é um místico-cult (no estilo Grant Morrison, mas fazendo filmes… e tá bom, quadrinhos também) e adora encher seus (poucos) filmes de referências (especialmente o Tarô, que foi o principal tema de Incal). 3) Esse é um filme difícil de descrever e até de resenhar. Ou você fica na total superficialidade, ou vai a fundo destrinchando os conceitos propostos pelo filme. Além disso sua narrativa é bastante dividida, não tendo uma linha mais geral, exigindo uma abordagem quase que como se estivesse contando a história. Mas quer saber, isso é uma das muitas qualidades do filme e ponto. Agora que vocês já sabem essas coisas, saiba que o filme é uma perfeita fusão dos dois conceitos citados acima. É um western (spaguett, ao estilo Sergio Leone), com longos e belos planos desérticos… e com doses maciças de psicodelia, surrealismo, messianismo e referências bíblicas. O filme narra a jornada de El Topo (toupeira), um cavaleiro todo vestido de preto, que tem traços de Yojimbo (de Akira Kurosawa) e do Estranho Sem Nome (ou Blondie, da Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone), e de seu filho, Brontis, que ao longo do filme vai abandonando sua infância. Podemos perceber essa evolução por parte de Brontis logo nas cenas iniciais do filme. Primeiro ele enterra o retrato de sua mãe e um brinquedo de sua infância. Esse ritual de “abandono dos pertences” era um ritual comum de muitas culturas americanas (maias, astecas, entre outros), e orientais. Logo depois, El Topo e Brontis chegam a uma vila massacrada. Em meio aos que sobraram, surge um homem que pede a morte. El Topo passa o revólver a Brontis, que mata o homem e logo após abraça seu pai! Esses dois momentos servem como batismo para o jovem menino e um preparo para as agruras da vida – coisa semelhante, porém mais sutil acontece em Lobo Solitário, com Daigoro, que vai crescendo ao longo da trama do mangá. Daí para frente a narrativa se divide em três partes, bastante diferentes entre si. A luta de El Topo contra os bandidos, sua busca pelos Quatro Mestres da Pistola e sua missão messiânica e libertadora na caverna. Todas as três têm simbolismo próprio (é claro que não não consegui captar tudo) e referências à diferentes culturas e disciplinas esotéricas e religiosas. A primeira parte começa a acontecer quando um bandido acaba por se interessar pelos anéis de El Topo. Após ignora-los, um duelo é proposto. El Topo consegue matar dois bandidos, com suas pistolas. Com o que sobrou El Topo, luta fisicamente. Antes de mata-lo, El Topo acaba por arrancar uma confissão, dizendo onde está seu chefe, um tal de Coronel. Chegando lá vê o tal Coronel, sua mulher, constantemente abusada e servindo de serva e quatro servos, que mais parecem cães. Após matar um bandido e desarmar os outros, El Topo propõe um duelo com o Coronel. Ele tenta escapar, mas acaba sem opção. El Topo atira no Coronel, arranca suas roupas e sua peruca (símbolos da sua autoridade). Com este indefeso, El Topo se auto-proclama Deus (mostrando que estava num nível de soberba alto) e o castra . O Coronel acaba por se suicidar. A mulher do Coronel, vendo o poder de El Topo, pede para que vá com ele. El Topo termina por aceitar e deixa Brontis com os monges franciscanos. Enquanto os dois estão no deserto, El Topo nomeia a mulher de Mara (uma referência a Moisés, quando ele acha uma fonte de águas amargas no deserto, enquanto guiava o povo judeu. Mais referências bíblicas à frente) enquanto ela se banha no deserto. Ela reclama que naquele lugar não tem comida e nem água. El Topo, apenas enfiando a mão na areia e atirando numa rocha, consegue, ovos para comer e água para beber. Mara se encanta com os poderes de Topo, porém não consegue repetir os feitos dele. El Topo a liberta, para logo depois estupra-la – o próprio estupro, um agressivo ataque físico e psicológico, é visto por algumas culturas arcaicas como uma forma de libertação. Ela então adquire os mesmos “poderes” de El Topo, e propôs um desafio à ele: encontrar e derrotar os Quatro Mestres da Pistola. El Topo termina por aceitar, mais para se auto-afirmar do que para mostrar o que sente pela mulher, que após a libertação está em pé igualdade com ele. Daí para frente vemos a segunda jornada de El Topo. Mas, se a primeira serviu para aumentar seu orgulho e mostrar para a mulher seus poderes, a segunda terá efeito inverso. Será uma jornada de desconstrução, mostrando fraquezas, pecados e trapaças de El Topo. Ao final dessa, ele estará alquebrado e com menos confiança em si próprio (porém, fisicamente mais capaz e poderoso). Apesar dos poderes de El Topo, os Mestres que ele precisa enfrentar são bem mais poderosos que ele. Cada mestre representa uma área física e espiritual que deve ser desenvolvida por El Topo. Mas, influenciado fortemente por Mara, ele usa de trapaças. E assim, a jornada que deveria enriquece-lo espiritualmente, termina por alquebra-lo, pois ele enfrentou homens mais fortes e que não temem a morte, e ao final a derrota se abate sobre ele. Ele perde, inclusive Mara, que foge com uma mulher toda de preto (aparentemente um alter-ego complementar do herói). Outra coisa interessante com os mestres é que quanto mais forte ele é, menos artefato e posses ele tem – algo similar a filosofia de Os Cavaleiros do Zodíaco. O último e mais forte só tinha uma rede para caçar mariposas como arma e nem mesmo dá valor a sua vida, terminando por tira-la, após proclamar a derrota de El Topo. Antes da terceira parte, na caverna, cabe um pequeno entreato de explicação de um fato que ocorre no após a derrota dos Quatro Mestres: o duelo na ponte. El Topo, apesar de vencedor, estava com o espirito completamente abatido. Ele então passa por cima de uma ponte (um outro símbolo esotérico, que, entre outras coisas, simboliza passagem libertária – lembra de Indiana Jones, ou do arcano O Louco, em que só o homem com fé passará?. Ele então duela com a mulher de preto (seu alter-ego) e têm as mãos e os pés feridos (referência a Jesus Cristo). Mara chega e é proposto a ela que escolha entre a mulher e ele. Ela escolhe a mulher e atira na parte direita do tórax de El Topo (mais uma referência ao sacrifício de Cristo. Com os cinco ferimentos, El Topo fica com ferimentos nos mesmos locais que Jesus Cristo quando morreu na cruz). Essa é sua morte espiritual, que servirá para liberta-lo do seu Ego e do seu Eu. Inconsciente, Topo é resgatado por várias pessoas deformadas, mendigos e aleijados; que o levam para longe dali. Ele posto por seus salvadores em uma caverna e passa a ser adorado como um deus. Até mesmo seu aspecto é mudado; os cabelos ficam mais claros e suas feições se assemelham a de um mestre hindu. Após receber um besouro para chupar, ele entra em transe e beija uma velha. Ele então “renasce”, com os cabelos, sobrancelhas e barba raspados. Ele parte para realizar sua missão: ir até a vila acima da caverna, conseguir dinheiro e libertar os que estão vivendo no interior da caverna (nessa caverna são depositados os dejetos da vila; resumindo: todos os que nascem deformados e imperfeitos). Mas essa missão mostra seu lado difícil, não por ser complicado conseguir dinheiro para construir o túnel: o problema é que a vila logo se prova um local muito pior que a caverna – lembram do Mito da Caverna?. Mas boa parte dos habitantes não tinham consciência do que os estava esperando na vila, por não a conhecerem, e almejavam morar nela. Entre as bizarrices da vila pode-se reconhecer o símbolo maçônico na igreja local, que entre seus rituais, pratica roleta russa e para dizer que obteve libertação. Com essa missão, El Topo acaba por conhecer seu destino na vila. Mas aí vai uma dica: a libertação (princípio básico das principais disciplinas mágicas e doutrinas esotéricas) e a relação mestre-discípulo é a chave para a compreensão do filme, e é o que pontua brilhantemente o destino de El Topo. Mas você deve estar pensando: o que tem de bizarro, insano, agonizante ou perturbador nisso tudo? Vamos começar com o mais óbvio. Entre os personagens bizarros, podemos destacar o ajudante do primeiro mestre, um homem duplo. Na verdade dois homens; um sem braços e um sem pernas. O sem braços carrega o sem pernas nas costas, os dois terminam por se completar mutuamente. Mas acredite: todo o filme tem um que de insanidade (é como ler Os Invisíveis sem entender a profundidade da obra. Não vai fazer sentido algum)! Principalmente para quem não entender as referências, que dependem de um bom conhecimento prévio nos assuntos aqui abordados para que façam sentido. Mas as vantagens de compreende-las (e de assistir o filme mais de uma vez) são inúmeras e podem até mesmo levar ao espectador a uma nova visão de mundo. Curiosidades que tornam tudo mais estranho: o próprio Jodorowski faz a trilha sonora, além de Brontis ser seu filho na vida real também. – Os coelhos mortos durante o filme (300), foram mortos pelo próprio diretor, com golpes de caratê. – Na cena em que El Topo estupra Mara, os dois atores fazem sexo de verdade. – John Lennon que conveceu a um produtor a compra dos direitos do filme, que começou a passar nas famosas “Sessões de Meia-Noite”. Obrigatório para qualquer cinéfilo! [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 1 Pertubação – 5 Repulsividade – 1 Assustadoridade – 2 Violência – 3[/quote_box_center] 1) Eraserhead Eraserhead (EUA, 1977) Diretor: David Lynch Duração: 108 min Esse sim pode ser considerado um filme verdadeiramente “perturbador” no sentido mais amplo da palavra. Pra quem conhece o resto da obra de David Lynch isso não é novidade, mas por ser o primeiro longa do diretor e ser totalmente independente, Eraserhead consegue ser o mais surreal e psicanalítico de todos os seus filmes. Henry Spencer é um taciturno e descabelado funcionário de gráfica que está de férias. Sua namorada, Mary X, não lhe dá notícia há semanas, o que o faz achar que está tudo terminado entre eles. Um telefonema inesperado mostra que a questão é mais complicada que isso. Durante um jantar na casa dos (esquisitíssimos) sogros, Henry descobre que Mary está gravida e deu a luz a um bebê deformado, que mais parece uma mistura de tartaruga com minhoca. Depois do casamento, Mary se muda para a casa de Henry, junto com o bebê. Após algum tempo ela o abandona e volta para a casa dos pais, deixando com ele a árdua tarefa de cuidar do (realmente nojento e repulsivo) filho. Todos esses eventos se intercalam com cenas do mais alto nível de surrealismo e psicodelia. Em alguns momentos, Henry se encontra em seus sonhos com a “mulher do aquecedor”; uma loira bochechuda que só faz cantar a música In Heaven e pisar em fetos da bebes deformados. Na minha opinião ela representa o desejo de Henry em ter uma vida “melhor”, mais “pura” por assim dizer já que o bebe representa o lado complicado e impuro pois foi concebido antes do casamento e ainda por cima nasceu deformado. Fora essa loira ainda temos o “homem na lua”, que eu não faço a menor idéia do que ele representa no filme. Temos a vizinha de Henry, uma prostituta que tem uma quedinha pelo descabelado, e, juntos, eles protagonizam uma das mais bizarras representações do sexo e do voyeurismo que eu já vi. Apesar da fotografia densa, obscura e hipnótica criada por Herbert Cardwell e Frederick Elmes, com a filmagem em preto e branco, o que realmente assusta é a trilha sonora criada pelo próprio David Lynch. Ele utilizou muitos sons mecânicos e industriais, mixados a barulhos estranhíssimos (reparem nos ruidos emitidos pelo bebê), criando uma sensação de imersão que dificilmente se conseguiria visualmente. Para se ter uma idéia, normalmente quando eu e o Filipe assistimos esse tipo de filme, nós viramos a televisão de forma aos outros integrantes do recinto não serem atingidos por cenas fortes desprevenidos (foi o caso de Pink Flamingos). Já na sessão do Eraserhead, tivemos que controlar bem o volume pois todos os efeitos sonoros afetavam, não somente os personagens, mas também os expectadores. Por isso, se forem assistir esse filme, assistam de fone! Algumas curiosidades sobre o filme: – o filme foi rodado no período de tempo de cinco anos, tendo os cenários desmontados e montados trocentas vezes. – o roteiro original do filme tem apenas 22 páginas. – o ator principal manteve o terrível penteado por todos os cinco anos de filmagem. – aparentemente o bebê deformado foi feito à partir do feto de uma vaca. – David Lynch nunca fez nenhum comentário sobre o filme. A única coisa que ele disse foi: “Ninguém chegou sequer perto da verdade”. – há uma cena no filme chamada “a mulher amarrada na cama”, que foi cortada por ser “muito perturbadora”. Não encontrei ela em canto nenhum. – Eraserhead foi selecionado como um dos 25 filmes mais perturbadores da história. – após o fim das filmagens o “bebê” foi enterrado por David Lynch num local secreto e foi feito um brinde a ele. – a melhor publicidade do filme foi a feita por John Waters, que sempre mencionava Eraserhead como seu filme favorito enquanto promovia Pink Flamingos, tambem resenhado por nós nesse post. – diretores como Mel Brooks, George Lucas e Stanley Kubrick ficaram tão impressionados com o filme, que chegaram a oferecer parceria a David Lynch nos filmes O Iluminado e Star Wars: Episódio VI. Bom… é isso aí! Assistam o filme e tirem suas próprias conclusões. [quote_box_center]Avaliação: Agonia – 3 Pertubação – 5 Repulsividade – 4 Assustadoridade – 3 Violência – 2[/quote_box_center] Concordou, discordou? Mande sua opinião para gente!!! ARTE DA VITRINE: Thiago Chaves (@chavespapel)