Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [ARTE DA VITRINE]: Thiago Chaves (@chavespapel) Eu me sinto honrado de proteger as baleias, golfinhos e focas – e todas as outras criaturas da Terra. Sua beleza, inteligência, força e espírito, têm me inspirado. Estes seres tem falado comigo, tocado em mim e eu me sinto recompensado pela amizade de vários membros de diferentes espécies. Se as baleias sobreviverem e florescerem, se as focas continuarem vivas e continuarem a se reproduzir e se eu conseguir contribuir para assegurar a sua futura prosperidade, eu serei eternamente feliz. Paul Watson Você pode até não gostar de ambientalistas ferrenhos, mas não tem como não admira-los. Enquanto japoneses aproveitam brechas em legislações internacionais e mandam navios destruidores de baleias para a Antártica com bandeiras científicas, gente como Paul Watson, emprega seu navio e tripulação, e geralmente arrisca até a vida, para salvar esses animais. Antes mesmo do mundo colocar seus olhos nos problemas ambientais, em plena idade do ouro dos hippies e das drogas nos anos 60, lá estava ele como um dos pioneiros no assunto. Visto como extremista por muitos – inclusive por seus ex-amigos do Greenpeace, que o expulsaram da organização por ser muito radical – Watson não teve qualquer problema em pular em águas geladas pra salvar focas, ou explodir o próprio navio para que ele não caísse em mãos de caçadores de baleias. Convenhamos que não é pouco, principalmente se considerarmos que ele é considerado o maior ambientalista de todos os tempos por um séquito de veículos de imprensa e outras ONGs, inspirando gente de todos os tipos… Em 1971, ao lado de hippies e integrantes de quakers americanos que imigraram para o Canadá graças a desavenças com o governo dos EUA por causa da Guerra do Vietnã, Watson funda o Greenpeace, que tem a missão de ajudar na conservação da natureza, sem aceitar ajuda financeira de governos. Dos fundadores, três se destacam: Robert Hunter, Patrick Moore, e o próprio Watson. Moore sai do Greenpeace e funda o Greenspirit, que presta consultoria ambiental à indústrias potencialmente destruidores da natureza, como a madeireira e nuclear. Watson tem divergências com a direção da organização que ajudou a criar, é expulso dela e em 1977 funda a Sea Shepherd, tida como a mais violenta repressora dos criminosos ambientais. Hunter se juntaria a ele anos depois… e falece em 2005. A melhor logo de instituição ambiental desde sempre! A jornada de Paul como ambientalista começou ainda na infância, aos 9 anos de idade. Ele morava em New Brunswick, Canadá, numa vila de pescadores, e passava o dia brincando de nomear a lagostas, juntamente com seu castor Bucky. Ao entrar na mata pra brincar com Bucky, Paul o encontrou morto, com a pata esfolada numa armadilha deixada por caçadores locais. O mesmo ocorreu com as lagostas que ele havia nomeado. À partir desse dia, jurou que destruiria todas as armadilhas que encontrasse, e que libertaria todos os animais que visse preso. Seria o início de uma cruzada que dura até hoje, lhe trouxe uma legião de desafetos – que inclusive o ameaçam de morte, o que o leva a não revelar seu endereço em terra – e quase lhe arrancaria a vida por diversas vezes. Mas inutilizar armadilhar não foi a única coisa que o pequeno Watson fazia. Ainda pelos nove anos ele organizou um grupo de garotos que impediam que arruaceiros da idade deles, ou até um pouco mais velhos, jogassem pedras nas aves e em outros animais. Em 67, aos 17 anos, ele sai de casa pra ajudar na Expo 67, em Montreal. Aos 18 começou a trabalhar na Guarda Costeira, já demonstrando seu amor pelo mar. Em 1969 ele vai para a fronteira EUA com o Canadá pra protestar contra testes nucleares feitos na região. O grupo era formado por alguns poucos homens, e se auto intitulou Comitê Não Faça Onda. Eles decidem agir, e patrocinam o Greenpeace I, um barco de pesca para ajudar nos protestos contra os testes. Ao saber da chegada deles, a Comissão de Energia Atômica (CEA) cancelou os testes e e o Greenpeace I voltou pra casa. Com a saída de cena do navio (e o preparo de um segundo: batizado de Greenpeace Too), a CEA remarcou rapidamente o teste na região de Amchitka, e realizou uma explosão de 5 megatons antes da chegada de qualquer um dos dois navios. As controvérsias resultantes das viagens dos navios, e os protestos em terra feitos pelos ativistas do comitê terminou por forçar a CEA a encerrar os testes na região da fronteira e no Alasca. Meses depois o Comitê é renomeado com o título dos seus navios. Nascia a maior ONG do mundo. As campanhas do Greenpeace continuaram, no que é a fase mais radical da instituição, de acordo com Watson. As vitórias nessa época são várias, como o fechamento de um centro de testes nucleares nos EUA, o fim da importação de pele de morsa na União Européia, a diminuição drástica de caça às baleias, e acordos de proibição de exploração mineral na Antártica. As ações nessa época também foram abundantes: Watson e mais alguns tripulantes colocaram seu pequeno barco, chamado Astral, em rota de colisão com um porta-avião francês que faria testes nucleares no pacífico, o que o fez parar; interceptação de diversos baleeiros soviéticos; várias campanhas bem sucedidas de proteção as focas… entre muitas outras. Paul Watson sendo puxado do mar… completamente congelado Mais tarde ele destacaria a experiência com os baleeiros russos como traumática, pelo sadismo e desrespeito à vida que eles tinham, não hesitando disparar seus arpões nem contra humanos. Estávamos a poucos metros a frente do casal [de baleias]. Veio uma onda enorme, e na ondulação, ficamos abaixo enquanto as baleias subiam. O disparo de um torpedo com uma carga explosiva passou um metro acima de nossas cabeças. Até ali eu não sabia que as baleias gritavam, foi horrível ouvir aqueles gritos. Terrível. Um mar banhado em sangue, nós ficamos banhados em vermelho. O macho, em vez de escapar, deu a volta e lançou-se contra o barco. O arpoador aproveitou para disparar e acertou-lhe. A baleia desapareceu sob a água para poucos instantes depois reaparecer. Levantou-se sobre a superfície, quase vertical. Estávamos tão perto que se eu esticasse o braço poderia tocá-la. Sessenta toneladas que ameaçavam cair sobre nós. Pensei que a baleia ia assim se vingar, que aquele era o último segundo de minha vida e que os caçadores ririam enquanto desfrutavam nos vendo afogar. Nesse momento, vi o olho do animal. Um olho do tamanho de minha mão. Olhou-me e no momento soube que nada aconteceria, que me olhava com lástima como se perguntando por que isto está acontecendo? Esse incidente mudou minha vida. Desde então, jurei fazer o impossível para evitar que os irracionais destruam a seres mais inteligentes. Posteriormente a esta jornada, Watson se algemou a uma pilha de peles de foca que foram colocadas no guincho do navio dos caçadores, afim de paralisar a ação deles. Quando os caçadores de pele perceberam o que ele estava fazendo, içaram-no junto com as peles, através das geleiras até eles baterem no casco do navio, não satisfeitos, mergulharam Paul nas águas gélidas várias vezes, até que perdesse os movimentos das pernas e depois a consciência. Finalmente, quando oficiais do Ministério da Pesca chegaram à cena, ele estava preso a uma maca, quase sufocado com óleo de baleia que os tripulantes haviam despejado por todo seu rosto, e haviam arrastado ele através de todo o convés do navio, debaixo de pontapés e inteiro lambuzado de gordura e sangue. (Texto do blog Guapeca) Em 1977, no Alasca, Watson vê um caçador matando duas focas com um machado. Ele não pensa duas vezes, arranca o machado da mão dele e lança o caçador na água gelada. A direção do Greenpeace usa o episódio para acusa-lo de roubar propriedade privada e o expulsaram da organização. Meses depois fundaria a Sea Shepherd Conservation Society. Paul… à frente de sua atual tripulação! A postura de Watson e da Sea Shepherd – cuja frente de luta são os mares – difere de outras organizações ambientalistas por não se concentrar em protestos, passeatas, e na coleta de doações… ele simplesmente parte pra ação, diretamente onde está o problema. E com essa linha de combate, não sobram boatos e fatos não completamente confirmados, como um baleeiro que pegou fogo nos anos 80, que supostamente foi incendiado por homens da Sea Shepherd, o que ele nega, visto que sua intenção não é colocar vidas em perigo. De acordo com relatos oficiais da própria organização de Watson, nos mais de 30 anos de existência dela, foram 10 barcos de caça a baleias e focas afundados – três ilegais e sem país, dois islandeses, dois espanhóis e três dinamarqueses – todos com uma bandeira pintada no caso do navio usando pela ONG. Para muitos Paul Watson não passa de um ecoterrorista, para outros, um herói. O fato é que ele jamais foi processado pelos inúmeros donos de barcos de caça de baleias e focas que ajudou a afundar – empregando ex-mergulhadores da marinha que furam os cascos dos navios -, ou pelos pescadores que têm suas redes inutilizadas pelos ganchos dos barcos da Sea Shepherd pelo simples motivo deles estarem infringindo a lei (fora que há procedentes, como vou escrever em outro texto ainda hoje). Eles jamais foram presos pelo que fazem, ou julgados como criminosos e creio que isso diz muito sobre a natureza da atividade deles, que não é nada mais que o serviço que países não fazem ou não podem fazer pelo fato das águas serem internacionais. Fica claro que Watson e sua organização lutam em uma frente que poucos têm coragem de ir – ao que parece inclusive o Greenpeace, já que dos 300 milhões que a ONG angaria aproximadamente em um ano, 70% é dedicado a ações para conseguirem novos sócios e não em campanhas ambientais – inclusive governos e órgãos mundiais. Ataque a um baleeiro japonês, durante a Operação Musashi Abaixo estão três vídeos da Instituição. O primeiro com o ataque de um navio de Paul Watson a um baleeiro japonês, o segundo com uma ação mais ampla contra os caçadores de baleia japoneses, chamada Operação Musashi; e o terceiro um resumo (pesado, se for sensível não veja) de várias ações do grupo. Mais vídeos podem ser vistos no canal oficial da Sea Shepherd no YouTube. [Com informações do blog Diário Insano, Guapeca e do site oficial da Sea Shepherd]