Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Olá meus lindos e maravincríveis! Hoje eu voltarei a falar desse país que é mestre em criar bizarrices sejam em animes, filmes ou fetiches. Sim, é esse lugar mesmo que vocês estão pensando, o Japão. Antes que venham com pedras e machetes para cima de mim eu recomendo que façam uma busca nas internetcha para confirmarem minha afirmação. Quando o assunto é coisa estranha, a Terra do Sol Nascente dá de 10 a zero no resto. A temática do filme de hoje tem um pouco a ver com um acontecimento bem recente envolvendo um fenômeno oriental chamado Idols. As Idols são as celebridades jovens desse país. Meninas bonitinhas e meigas que cantam, dançam, atuam e fazem muito marmanjo babar. Só que o que aconteceu não tem nada de Kawaii. O AKB48 é mais um dos milhares de grupos de música pop japoneses com 283742748234 integrantes. E uma das meninas que fazem parte dessa “elite” foi vítima de humilhação pública simplesmente pelo fato de ela ter uma vida sexual ativa. Minami Minegishi, carinhosamente conhecida como Mii-chan, foi vista saindo da casa de um amigo após passar a noite lá. Não precisa nem cogitar a hipótese de que ela transou com cara. Até ai tudo bem, todo mundo transa. No entanto o que aconteceu com essa menina fez muita gente ficar incrédula. Ela teve que raspar a cabeça (Pra entender melhor: Na cultura oriental, as mulheres levam o cabelo MUITO a sério. Para elas, se você cortar o cabelo, seria a mesma coisa que cortar um pedaço da sua vida) e pedir desculpas públicas via YouTube pelo seu comportamento. Disse que tinha que ser um exemplo para as outras integrantes do grupo e que foi irresponsável. Eu fiquei revoltada, qual é o problema de transar? Se a cada vez que uma celebridade fizesse sexo ela teria que raspar a cabeça e fazer um pedido público de desculpas, os hairdressers do mundo do entretenimento cometeriam suicídio. Enfim, por que eu mencionei o caso do AKB48? Simples, porque a temática do filme de Satoshi Kon gira em torno desse universo das Idols japonesas. Perfect Blue conta a história de Mima Kirigoe, uma cantora e membra do trio “CHAM!” que resolve sair do grupo para tentar uma carreira como atriz. É um enredo bem simples. A garota faz o último show com as amigas e anuncia sua “aposentadoria”, claro que nem todo mundo aceita essa decisão numa boa e o preconceito corre solto pra cima da menina. Esse tipo de atitude é normal no mundo do entretenimento. Toda a vez que sabemos que um ator ou atriz vai lançar um disco pensamos “Ih, não vai dar certo” mas tem gente que surpreende. O mesmo vale para a galera da música que quer se arriscar na frente das câmeras, como a Mima-chan. A ex-Idol então começa a enfrentar todos os olhares de desprezo e descrença quando se infiltra no mundo dos doramas (novelas japonesas). Inicia com um papel pequeno de uma única fala e através de sua agente reúne forças para seguir em frente. Além de ter que lidar com a pressão de sua nova carreira, Mima-chan começa a receber cartas bomba e ameaças, alegando que ela é uma traidora do “CHAM!” e que devia desistir dessa idéia de virar atriz e voltar para os palcos. Além de claro, lidar com um stalker. Ela não arreda o pé e é ai que a coisa vai ficando estranha. Perfect Blue é famoso pelo desenvolvimento complexo da trama. Se você não prestar atenção do começo ao fim, vai acabar com um nó na cabeça ou vai achar o filme chato. E mesmo totalmente concentrado, ainda vai ter uma hora aqui e ali em que nada vai fazer sentido. “CHAM!” vira então uma dupla e começa a fazer muito sucesso. Mima-chan vai afundando cada vez mais em dúvidas e depressão. Acredita que fez uma péssima escolha e que deveria voltar a cantar. Enquanto isso, sua presença no dorama vai ficando mais forte conforme a mídia vai se livrando do preconceito de antes e prestando mais atenção no talento teatral da garota. Um dos vários pontos interessantes de Perfect Blue é que Mima-chan não é uma garota moderna e conectada. Ela mal sabe o que é um navegador web e depois que sua agente a ensina a entrar na internet, a Ex-Idol acessa um endereço que lhe foi entregue através de uma carta. Não posso entrar em detalhes, mas eu fiquei tensa. O dorama vai decolando cada vez mais e Mima-chan vai tomando seu lugar nos holofotes. Até que uma série de assassinatos começa a acontecer. Nesse ponto da trama a protagonista se encontra sob tamanha pressão que o espectador não sabe mais se o que vê é real, ou fruto da imaginação da ex-idol. Uma sacada que eu achei sensacional, e que também pode ser vista em Cisne Negro, é que há uma espécie de metalinguagem no filme. Se você prestou atenção no filme de Aronosfki então sabe que Nina viveu a história do Lago Dos Cisnes, só que tendo ela mesma como antagonista. E ai é um ponto que eu gostaria de chegar. Quando Réquiem para um Sonho, Cisne Negro e A Origem foram lançados, todo mundo ficou doido. E com toda a razão, os filmes são mais do que incríveis e eu recomendo pra quem quiser ver coisa boa. No entanto, começaram a perceber algumas semelhanças com dois filmes de Satoshi, o Perfect Blue em si, e Paprika, um filme que fala sobre o sonhar e o inconsciente humano. Acho que as imagens e o video abaixo explicam melhor. Achei sensacional que, do mesmo modo que Mima-chan fica desorientada, confusa e completamente avulsa à realidade, o espectador também sente isso. Conforme eu disse previamente, até quem presta atenção vai acabar meio perdido. Já aviso logo de cara que Perfect Blue é um thriller psicológico e com temáticas pesadas, como estupro (essa cena foi horrível de assistir) e assassinato. Estejam avisados. Não dá pra explorar muitos pontos do longa sem spoilers, mas eu preciso admitir que o final desse filme me deixou boquiaberta por tamanha genialidade. É como meu professor disse “O demônio se esconde nos detalhes”. E mesmo o longa sendo de 1997, ele é bem atual nesse quesito de se manter na mídia. Mima-chan logo no início de transição, tem que fazer certas coisas que vão contra a sua moral e vontade (como a cena do estupro e um ensaio fotográfico nua) por puro jogo de marketing. Claro que nem todo mundo fica feliz com isso. A ex-idol chega num ponto de estresse e pressão que nada mais faz sentido. A garota se perde entre o que é real e o que é fantasia. O jeito como Satoshi abordou esse estado mental é simplesmente fantástico, ele queria confundir o espectador e conseguiu. É quase como assistir a Boogiepop Phantom só que pior. Eu queria muito falar sobre o final do filme e de alguns pontos chaves, mas minha política antispoiler não permite. Então fica aqui a dica do longa pra vocês. Indico Perfect Blue principalmente pra galera que acha que anime é coisa para criança e que todo mundo é fofinho, bonitinho e de voz irritante. A história de Mima-chan vai dar um nó na sua cabeça, mas você vai pedir por mais. Muito mais. Título: Perfect Blue Diretor: Satoshi Kon Duração: 85 minutos Nota 10 elevado a potência: OH MEU DEUS QUE COISA LINDA!