Lembro de ter visto algumas vezes quando moleque o programa Contos da Cripta, na Band: apresentado por um zumbizinho espirituoso, o programa era uma coletânea de contos de terror e suspense do qual infelizmente não guardei muitas recordações. Mas não há dúvidas de que se trata de uma das antigas pérolas de décadas passadas, tendo deixado sua marca nas histórias de terror e na cultura pop como um todo.

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Uma dessas marcas chegou há algum tempo aqui no QG da Mob, na forma do livro Treze. De autoria de Duda Falcão e publicado pela AVEC Editora em parceria com a Argonautas Editora, o livro é uma coletânea de 13 histórias curtas que resgatam o estilo literário das antigas publicações pulp, além de se inspirar claramente no antigo programa televisivo – tendo inclusive o seu próprio zumbi anfitrião, que recepciona o leitor e convida-o a mergulhar em suas páginas.

Então, assim como o morto-vivo que dá a graça na capa desse livro (muito bem ilustrado pelo artista Fred Macedo), eu darei uma de anfitrião e convidarei vocês a mergulharem neste review e descobrirem se vale a pena embarcar nas tenebrosas aventuras de Treze.

Começando pelo material em si, o livro segue o acabamento típico das publicações da AVEC, com uma aparência simples mas com detalhes que dão um toque bem especial à obra. A capa mole da edição que recebemos tem uma textura bastante agradável ao toque, além de trazer a já citada ilustração de Fred Macedo, com o zumbi anfitrião que nos recepciona também nas primeiras páginas. Ao longo do progresso de nossa leitura, uma simpática aranha vai descendo em sua teia e nos acompanhando conto após conto.

Coletâneas de contos sempre me agradaram por me darem a oportunidade de vivenciar várias histórias bacanas em um mesmo tomo. Desde que eu tive a honra de ler Eu, Robô (meu livro favorito até hoje) adquiri uma grande predileção por esse tipo de livro. Então nem se faz necessário dizer o quanto Treze me fascinou, ainda mais por trazer algumas ótimas experiências em suas páginas.

O conto Sob os Auspícios do Corvo, por exemplo, nos agracia com uma narrativa sinistra de vingança em um ambiente western, no qual um valoroso guerreiro meio-índio precisa lidar com seu demônio interior ao mesmo tempo em que caça os assassinos de sua família. Já A Turma de Biologia nos traz um ambiente escolar tão familiar quanto a inconsequência de seus personagens ao mexerem com forças do desconhecido.

Ao longo da minha leitura também tive uma grata surpresa ao ler pela primeira vez uma estória legitimamente Lovecraftiana: em Abismos Insondáveis um investigador se vê às voltas com o desconhecido quando se vê obrigado a desvendar os mistérios de uma seita secreta. Além disso, o comovente O Vampiro Cristão – que já marcou presença em outra excelente coletânea da AVEC Editora – também dá as caras aqui.

Não só nessas histórias, mas em todas as restantes, Duda demonstra um grande domínio das palavras para prender nossa atenção e rechear nossas mentes com um grande número de detalhes e descrições de lugares, situações, ações e emoções – especialmente o medo, é claro. O grande e simbólico número de contos, aliado à quantidade diminuta de páginas torna cada história extremamente compacta, sucinta e direta, eliminando floreios, tornando a leitura bastante agradável e – ao menos no meu caso após ler Abismos Insondáveis – nos deixando com um gostinho de “quero mais”.

Duda Falcão já provou mais de uma vez que sabe proporcionar aos seus leitores uma excelente experiência para quem curte narrativas de terror, suspense e ficção à moda antiga. As 190 ricas páginas de Treze são uma grande amostra de como suas tenebrosas histórias podem cativar e fascinar. Então se você também curte os clássicos pulp mas também quer ter novas experiências, Treze pode ser o seu livro de cabeceira ideal.

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