Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Nota da edição: Esse texto foi publicado em 26/08/2009 pelo Filipe Siqueira, que na época, ainda fingia que Voz do Além era um outro maluco. Ressuscitamos ele por causa da visita da ex-atriz pornô Sasha Grey a nossa terra adorada, Brasil. Sasha Grey é motivo pra qualquer um em sã consciência assistir a um filme. Ao menos na minha opinião como fã dela. Já vi quase tudo que a atriz fez, incluindo o já clássico Sasha Grey’s Anatomy. Ela é a atriz símbolo do pornô moderno, e o mais próximo que o mundo conhece de uma porn star, depois da saída de cena da Silvia Saint. Após dois filmes, ficou conhecida como a menina que ia além. Praticamente não tem nada de possível e cinematográfico que ela não tenha feito no mundo do cinema adulto, e só possui um ou dois tabus, como fazer simulações de estupro, o que considera um desrespeito às mulheres. Olhando esse currículo, me pareceu interessante ver a estréia dela no cinema mainstream, mesmo que num filme pequeno e de baixo orçamento. Mas, se o filme é pequeno, ele tem duas grandezas: a própria Grey, que surge em quase todas as cenas do filme, e o diretor, Steven Soderbergh, um dos mais importantes diretores independentes de Hollywood. A trama é baba, e consiste no diário de cinco dias na vida de uma garota de programa de alta classe chamada Chelsea (Grey) e suas relações com o namorado (sim, ela namora sério…) e seus clientes. Se o seu namoro de início vai bem, seus atendimentos não são nada convencionais. Basicamente porque ela atende homens podres de rico, e o filme é ambientado nos piores momentos da Crise Americana, o que torna seus clientes uns babões de meia idade, que gostam de chorar por horas porque a grana deles tá descendo pela privada mais rápido do que eles conseguem segurar. E esse eixo Chelsea-namorado (chamado Chris)-clientes, é basicamente o que vai levando o filme. Vemos Chris tentando dar uma guinada financeira na vida, mas sempre sendo podado pelo dono da academia que trabalha, e vemos Chelsea passando por situações que garotas de programa do naipe dela devem passar: jornalistas querendo fazer entrevistas íntimas, negociantes de quinta da indústria pornô sondando ela pra fazer um “review” dos serviços dela, além de clientes meio reprimidos que querem um algo a mais. Mesmo com Grey desfilando sua beleza – acostume-se com a idéia de vê-la peladaça uma única vez – em cada frame do filme (ele não foi gravado em película, mas sim em formato digital), o que o filme tem de mais importante é seu estilo narrativo. É batido, mas quando bem empregado, como é o caso aqui, é interessante. De cara lembra 21 Gramas, e tem sua trama simplória como que picotada e pisoteada na sala de edição para tornar tudo um pouco menos mastigado. O resultado é um filme no estilo quebra-cabeça, meio que lembrando Gomorra também, mas nunca se afastando da proposta de focar nas desventuras de uma garota de programa num ambiente de ricaços com calças na mão. Não chega a ser um semi-documentário sobre prostitutas de luxo, ou sobre neoliberalistas no furacão da crise, mas se sai bem como um retrato de um pequeno mundo restrito, onde homens infelizes, mas cheios da grana, preferem pagar para garotas de programas ouvirem o que eles têm a dizer. O final é sem surpresas, mas fecha tudo a altura, sem a necessidade de terminar num mar de rosas. Não vai mudar seu modo de ver o mundo, mas com certeza é, ao menos, uma boa vitrine para mostrar que a musa Sasha é muito mais que uma grande atriz pornô, como bem mostra uma das cenas finais… fora que é um grande filme. The Girlfriend Experience (EUA, 2009) Diretor: Steven Soderbergh Duração: 77 min Nota: 7,5