Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr Você tem uma internet foda, mas ainda assim tem que passar pelo Vale da Sombra da Morte para conseguir filmes de forma alternativa, geralmente apelando para o mercado de DVDs piratas vendidos nas calçadas perto da sua casa? Sempre fica pra trás quando o assunto é a volta da série cool do momento nos EUA, já que só consegue vê-la na Globo, e nunca baixa nada da internet? Parabéns, você é um azarado que ainda não encontrou a salvação. Mas é um sortudo, nós gostamos de você e estenderemos nossa mão amiga para que essa barreira seja vencida. Então, vamos lá, sua salvação chegou, e ela está nas linhas abaixo! Conseguir coisas grátis na web é uma arte e exige faro para se dar bem e não cair em armadilhas. Mas, vamos nos ater ao básico, pois não dá pra compilar uns cinco anos de aprendizado em algumas páginas de revista. Em primeiro lugar, coloque na sua cabeça uma verdade universal, que somente veículos jornalísticos que não têm muito a perder possuem coragem de falar: não, a web não é um mar de perigo, e sua vida online não vai ser detonada se você der uma de esperto e baixar suas músicas, séries, filmes e games favoritos. Também vou te falar outra coisa que talvez você não saiba: a resposta para seus problemas está nos torrents. O Torrent – ou BitTorrent, no seu nome oficial – é a mais forte razão por trás do ódio de um sem-fim de associações de proteção dos direitos autorais, tipo a brasileira APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música), contra os downloads. O motivo é um só: nenhuma autoridade tem controle sobre ele, pois o torrent é baseado em transferências feitas entre computadores domésticos, o que é um tremendo chute nos bagos das autoridades. Torrent é um protocolo P2P de transferência de arquivos, permitindo aos que o usam fazerem downloads realmente grandes, com uma tremenda estabilidade, de forma descentralizada e praticamente sem o uso de servidores. Ele foi criado em 2003, por Bram Cohen e, desde essa época, já recebe olhares tortos de instituições castradoras. Mas o sucesso do Torrent foi absoluto: dois anos depois de sua criação, ele já era responsável por cerca de 35% das transferências de dados globais da internet, superando até mesmo o mais-que-conhecido FTP. Tais números cresceram ainda mais, atingindo um ápice de 40%, em 2007. Hoje esses índices caíram, visto o aumento de oferta de streaming, que cresceu em níveis astronômicos. Mas os torrents ainda estão lá, imponentes, como pregos nas barbatanas de tubarões selvagens que vestem ternos e querem colocar preços gigantes em tudo. A grande diferença dos torrents para uma transferência FTP comum, é que os arquivos não são todos baixados de um único servidor, mas dos vários computadores de usuários ao redor do mundo que possuem o arquivo que você necessita. Como uma mágica dessas funciona? Simples, com três elos. O primeiro é o site que aloja e indexa arquivos torrents, que é mais ou menos como uma biblioteca que pode ser pesquisada e ter cópias de livros retiradas. O segundo é um servidor tracker, que é um mapa com informações para ligar os diferentes computadores, mais ou menos como as antigas telefonistas intermediárias de ligações. E o terceiro é um software-cliente do protocolo, que deve ser instalado nos computadores de todos que querem usufruir das maravilhas dos torrents. Os pequenos arquivos torrent (que possuem a extensão .torrent) alojados pelos sites, contém três informações básicas para fazer o seu download funcionar: 1) o nome do arquivo a ser baixado, bem como seu tamanho; 2) o endereço do(s) servidor(es) tracker a ser utilizado, 3) o hash de cada arquivo que você vai baixar – hashs são como matrículas que asseguram que os arquivos listados são realmente aquilo que “dizem” ser. O download propriamente dito ocorre de uma forma a manter a integridade dos arquivos. Cada arquivo (filme, música) é quebrado em diversos pedaços – que variam de tamanho, tudo depende do tamanho do arquivo total; mas eles vão de 256 Kb, a uns 3 MB -, cada um deles é hasheado, e suas informações são enviadas ao log do tracker que fará as ligações entre os computadores, mantendo o mapa das ligações sempre atualizadas. Quando alguém inicia um download, o software torrent do computador dele automaticamente faz uma checagem de quais pedaços são mais raros entre os que os estão disponibilizando, e começa o download por eles, aleatoriamente da lista de possuidores daquele pedaço. Os que possuem aqueles arquivos se dividem em dois: os seeds e os peers. Os seeds são os que tem o arquivo completo a ser baixado, enquanto os peers são os usuários que possuem pedaços aleatórios dos arquivos. É regra geral dizer que o ideal é ter na rede poucos peers, e muitos seeds. A parte dos seeds tudo bem, já que sem eles é improvável que a coisa vá pra frente, mas no caso de torrents antigos, é importante ter muitos peers, pois, às vezes, os seeds já deixaram de ser seeds, e é provável que os peers tenham todos os pedaços espalhados entre eles. Gostou? Agora vem a parte legal da coisa: como usar isso tudo! 1) Baixe um software cliente de BitTorrent. A minha sugestão é o μTorrent, o software oficial do protocolo, que pode ser baixado na URL:http://www.utorrent.com/downloads. Existem outros, como o BitTorrent, o BitComet e o Vuze (joga no Google que você acha), mas recomendo o μTorrent mesmo (principalmente pelo fato desse tutorial se basear nele). Após baixado, execute-o e surgirá uma tela pedindo registro e a inserção de informações de conexão. Passada essa etapa, é hora das configurações! Vá até o menu “Arquivo” e clique em “Preferências” (ou Ctrl + P). Na aba “Geral” é possível escolher o idioma e a opção de iniciar o programa junto com o Windows (recomendo). Na aba “Diretórios” rola de você escolher a pasta para qual os torrents baixados irão. Na aba “Controle de Banda” é que as coisas importantes começam a ocorrer. Primeiramente, não seja um parasita da web e mantenha uma taxa de upload de respeito. Eu, com uma módica conexão de 1MB, coloco uma taxa de upload de 20 KB. Uma dica importante é nunca deixar a taxa em menos que 5 KB (que é bem pouco), pois usuários que não fazem uploads têm suas taxas de downloads reduzidas. Mas também não mantenha uma taxa muito alta, pois são os uploaders violentos que são caçados pelas associações de direitos autorais. Na aba “BitTorrent” tem uma opção interessante: é possível criptografar sua conexão com os outros computadores, impedindo assim que a empresa que te fornece conexão com a internet crie um gargalo na sua banda por causa do uso de Torrent. Para habilitar isso, na opção “Criptografia de Protocolo – Saída” escolha a opção “Ativado”. Essas são as configurações importantes, as outras pode deixar como está mesmo, que tudo fluirá celestialmente. 2) Após estar com o seu programa devidamente configurado, é hora de saber onde estão os melhores torrents. Hoje o número de sites que os aloja diminuiu, pois a galera dos direitos autorais – especialmente o povo das gravadoras de música – resolveu colocar o pau na mesa e mostrar algum serviço, mas ainda existem vários de qualidade, como você vai perceber quando testar os listados abaixo. a) Pirate Bay – http://thepiratebay.org/ b) IsoHunt – http://isohunt.com/ c) Demonoid – http://www.demonoid.com/ d) BitTorrent Monster – http://www.btmon.com/ e) BTJunkie – http://btjunkie.org/ f) Use o Google! Digite sua busca na caixa de pesquisa e acrescente “filetype:torrent” logo à frente e seja feliz! Para baixar um arquivo é fácil, e vou demonstrar isso com o Pirate Bay. Na tela inicial é possível escolher que tipo de arquivo será buscado (vídeo, áudio, softwares, games), bem como acessar a ajuda da página (desnecessária, já que você tá lendo essa matéria); o site também possui uma função no estilo Google, pois clicando no botão “Estou com Sorte” você será direcionado ao primeiro resultado da sua busca. Com a busca feita, surge a tela acima. Caso queira informações específicas sobre o(s) arquivo(s) que baixará, clique em cima do release do torrent e será direcionado para uma página com informações como o tamanho, o nome e o número de arquivos, o usuário que criou o torrent, e o mais importante: os comentários! Existem certos cuidados na hora de baixar um arquivo torrent e começar a descarrega-lo no seu computador, e dar uma olhada nos comentários feitos pelos usuários é uma dessas medidas. Em sites abertos, como o Pirate Bay, é possível que seja adicionado qualquer torrent, e isso possibilita que se coloquem torrents fakes por lá (geralmente upados por órgãos de direitos autorais). Ler os comentários antes, pra saber sobre a qualidade dos arquivos que vai descarregar, evita isso. Outra dica é: NUNCA baixe arquivos RAR, ou zipados em qualquer outro formato; eles podem ser comuns em downloads FTP, que só permitem um arquivo baixado por vez, mas aqui são desnecessários e geralmente vêm com senha, só para zuar sua cara – a exceção são arquivos divididos em dezenas de RAR, pois esses são provindos das confiáveis redes Usenet, mas sempre fique esperto. Também fique atento ao número de seeds e o número de peers de cada torrent. Tais informações estão em colunas à direita na listagem das suas buscas. Para descarregar o arquivo, você tem duas opções: ou baixar o arquivo torrent para o seu computador, ou usar os Magnet Links (da lista acima, só no Pirate Bay e no BtMon existe a segunda opção). Caso clique na seta verde abaixo do nome do realease do torrent, surgirá uma tela para que você salve o arquivo .torrent no seu computador. Como esses arquivos não podem ser movidos após iniciado o download, sugiro que crie uma pasta só pra eles… ou use os Magnet Links. É só clicar em cima do ícone do imã ao lado da seta verde que o navegador se conecta ao seu software-cliente e tudo se resolve automagicamente. Às vezes pode rolar de os Magnet não se comunicarem corretamente com o seu computador (é raro, mas aconcete), surgindo uma tela de erro de servidor; para contornar essa situação, copie o endereço do Magnet Link com o botão direito do mouse, abra o μTorrent, clique no menu “Arquivo > Adicionar Torrent da URL (ou Ctrl+U)”, cole o endereço e seja feliz do mesmo jeito. Complementos Pronto, você aprendeu a baixar por torrents igual gente. Agora é hora de deixar seu computador receptivo a toda a maluquice que será descarregada nele. Imagino que nesse momento você esteja criando uma lista de filmes que ainda nem surgiram por aqui, e outra com filmes que nunca surgirão, fora montanhas de seriados e outras coisas. Perfeito! Mas se você não entende inglês com fluência, vai precisar de legendas pra essa tralha toda. Felizmente os geeks pensam em tudo, e o seu problema pode ser resolvido em dois tempos. 1) Baixe e instale o VobSub http://www.baixaki.com.br/download/vobsub.htm 2) Crie uma conta no Legendas.TV, para ter acesso ao maior acervo de legendas em português do mundo http://legendas.tv/ Usar legendas sincronizadas com os filmes que você baixou é mais simples do que aparenta. Instale o Vobsub, coloque o arquivo do filme/série numa pasta, junto com a legenda, que deve estar com o exato nome do arquivo de vídeo (só a extensão é diferente, só para avisar os que deixam as extensões a mostra no computador). Pronto! Tá funcionando. Caso a legenda fique dessincronizada, você tem duas opções. A primeira é ir novamente ao Legendas.tv (a minha recomendação é ele por ser o melhor, mas uma busca te revelará outros sites de legendas) e procurar outra legenda para o seu filme, de preferência uma com um nome exatamente igual ao release do seu arquivo. A segunda opção envolve clicar com o botão direito sobre a legenda e edita-la manualmente, o que pode ser uma tarefa ingrata, mas que funciona. Caso o problema seja você não conseguir executar algum arquivo de vídeo, visto a variedade insana que existe deles por aí, a solução é simples e rápida: instale o K-Lite Mega Codec (http://www.baixaki.com.br/download/k-lite-mega-codec-pack.htm) e seu computador nunca mais vai fazer cara de idiota quando você for assistir algum filme. Existe um último passo pra você deixar definitivamente de ser um noob e passar para um nível acima: saber interpretar os nomes dos releases de um arquivo. Por exemplo: você quer baixar o último episódio de Sons of Anarchy, mas não compreende a maluquice do release quando aparece uma coisa assim: Sons.of.Anarchy.S02E13.720p.HDTV.x264-CTU. Vamos sanar esse problema por partes! Sons.of.Anarchy – Nome da série S02 – Temporada em questão E13 – Episódio HDTV.x264 – Qualidade do vídeo e o codec usado CTU – Grupo que fez o upload do vídeo Vou dar apenas uma dica pra matar essa questão aí: quanto maior o arquivo, maior a qualidade dele; isso vale para 90% dos casos. Não vejo muito sentido em baixar episódios de 1GB, então busco os de qualidade um pouco menores, dependendo, até baixo as versões .rmvb usadas por grupos brasileiros para economizar espaço e não precisar de ficar quebrando o arquivo em diversas partes ao upalos nos MegaUploads da vida. E só reiterando: antes de baixar o arquivo em si, dê uma olhada no seu site favorito de legendas para ver se acha um release idêntico e evitar dores de cabeça. Com os releases de filmes, temos umas pequenas diferenças. Isso rola devido às diferentes formas de obtenção e gravação de um arquivo. Existe uma hierarquia de qualidade de arquivos de filmes que é bem fácil de compreender, mas que se não for do seu conhecimento, pode te trazer um bocado de decepções. CAM – É a pior qualidade possível. São gravadas em handcams em cinemas, tanto o áudio quanto o vídeo. Assistir um filme com CAM no release vai te possibilitar ver coisas lindas, como gente levantando da cadeira para encher o balde de pipoca, ou por estar com a bexiga cheia; ou ainda ouvir as risadas histéricas de um monte de bêbados assistindo uma sessão de The Hangover. Em resumo: fuja dos CAMs, a não ser que sua vida dependa de assistir ao filme naquele momento. TeleSync – É uma CAM melhorada. Geralmente o equipamento empregado num TeleSync é de mais qualidade. Mas a diferença fundamental aqui diz respeito ao áudio, sendo empregado um equipamento específico para gravação sonora, conectado à saídas para fones de ouvido que alguns cinemas americanos oferecem. DVDScr (DVD Screener) – É uma cópia upada à partir de um DVD promocional mandado às distribuidoras. Às vezes vem com displays de tempo, e mensagens indicando que empresa liberou o DVD, mas, no fim das contas, tais informações são irrelevantes pra você, e o que importa é que a qualidade é muito boa. DVDRip (ou BRRip) – É o supremo rei da escala de qualidade de um realease internético. Achar seu filme em DVDRip é uma garantia de felicidade, mesmo que a sigla seja utilizada preferencialmente em torrents fakes, visto seu apelo em atrair gente ávida por downloads. Por esse motivo, fique atento, pois milagres não existem, e um DVDRip de Inglourious Basterds dois dias depois dele sair no cinema, provavelmente não existe. Basicamente, o formato surge quando alguém coloca as mãos numa cópia comercial do DVD (ou do Blu-Ray) do filme e o upa pra internet. Quer segurança e qualidade total? Procure releases de gente realmente fodona, como o lendário aXXo. Chegou até aqui? Parabéns, se colocar o monte de coisas doidas acima em prática, você pode se considerar um ex-noob e renomear seu computador para Pérola Negra. Mas o processo não tem volta, em breve você vai estar mandando um foda-se para à APCM. Sinta-se melhor… Só um aviso: NUNCA, sob NENHUMA hipótese, baixe conteúdo protegido por direitos autorais. Nós não incentivamos você a fazer isso, que fique claro! Torrent – protocolo de transferência baseado em compartilhamento computador-computador, dispensando servidores. É ideal para arquivos grandes, e proporciona downloads estáveis e que podem ser reiniciados e pausados a qualquer instante Arquivos .torrent – são como mapas que contém os caminhos e ligações para criar conexões entre os computadores que possuem os arquivos a serem baixados Search engine – é o motor de indexação e busca de todos os sites (de torrents, aqui no caso). Um simples termo buscado nele gera resultados indicando os melhores torrents a serem baixados Hash – é uma espécie de certificação de segurança de cada pequena parte dos arquivos torrent Tracker – os trackers são servidores que conectam os seeds e peers. São como telefonistas indicando o caminho para uma ligação. Entenda: nenhuma transferência ocorre por eles; eles só conectam usuários uns aos outros Seed e peer – Seed é um usuário que possui o arquivo a ser baixado por completo, enquanto o peer é aquele que está baixando o arquivo e possui parte dele Release – é o nome do arquivo torrent a ser baixado, com informações sobre qualidade do vídeo (ou do áudio) e a extensão do arquivo FTP – é a transferência mais conhecida da internet, com download/upload feito entre um servidor e um computador