Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+ Compartilhar no Tumblr [ARTE DA VITRINE]: Thiago Chaves (@chavespapel) Texto publicado originalmente em: 23 de outubro de 2011 Começo aqui uma série de posts sobre a produção do Grant Morrison. Desejo, se for possível e se a paciência deixar, analisar desde HQs mais obscuras como Bible John – A Forensic Meditation, Kid Eternity, The New Adventures of Hitler, Kill Your Boyfriend, Dan Dare e The Mystery Play, até as mais populares como SuperMan All Star, Liga da Justiça da América, The Invisibles e New X-Men. Como não poderia ser diferente, vou começar do princípio da carreira de Morrison, que pode ser considerada como sendo as suas contribuições à revista Near Myths. Quando for preciso explicar algo além dos quadrinhos em si, como agora em relação a Near Myths e ao contexto histórico em que a obra foi produzida, farei posts específicos. Usarei de base para isso entrevistas e declarações do autor em documentários, revistas, blogs e principalmente no seu livro, Supergods. A Near Myths foi uma revista em quadrinhos de ficção científica e fantasia para adultos que durou apenas cinco edições, com a primeira sendo de 1978 e a última de 1980. Apesar de uma vida tão curta em relação a outras revistas, ela teve um papel relevante na indústria dos quadrinhos britânicos, seja por ter sido o primeiro emprego relativamente profissional na área que Grant Morrison teve, ou por ter dado destaque a outros artistas como Bryan Talbot e Graham Manley. Na primeira Convenção de Quadrinhos de Glasgow, Morrison estava com sua auto-estima elevada. Ele a pouco tinha se tornado punk. E ser punk, aquela idéia do “faça você mesmo”, da importância da atitude em detrimento do profissionalismo. Isso o fazia sentir capaz de qualquer coisa, tinha revivido sua paixão pelos quadrinhos. Foi então que Morrison decidiu levar alguns de seus trabalhos, mais especificamente tiras de Gideon Stargrave, para a convenção na tentativa de arrumar algum lugar pra trabalhar. Lá ele encontrou Rob King: “Rob King simplesmente gostou das minhas páginas e imediatamente me ofereceu £ 10 por cada uma que ele colocasse na Near Myths. Pela primeira vez na minha vida eu estava sendo levado a sério por alguém que não fosse minha mãe ou pai, ou cinco anos mais novo do que eu.” (Supergods – Capítulo 11) Tony O’ Donnell, que também tinha acabado de ser aceito na Near Myths, disse que ao ver o trabalho de Morrison teve que admitir a Rob King a sua genialidade, principalmente após saber que Morrison tinha apenas 17 anos de idade! A Near Myths era editada por Rob King. Ele era um dos donos de uma livraria especializada em ficção científica na cidade de Edinburgh. O fim dos anos 70 eram anos confusos. A utopia da geração hippie pouco se sustentava depois que a década de 60 não mudou o mundo, o que deu brecha para o punk criar novas bases comportamentais entre a juventude, deixando claro que as coisas estavam mudando como um todo. Não mudando revolucionariamente, ou para melhor como a geração anterior queria, mas estavam mudando à sua própria maneira. E os quadrinhos não ficariam de fora desta mudança. A importância de relacionarmos a paixão de Rob King por ficção científica com sua função de editor da Near Myths é simples: sua revista em quadrinhos não era de super-heróis normais, era uma revista acima de tudo de ficção científica. O que apontava prematuramente para o gênero que com Neuromancer e Star Wars, por exemplo, dominaria todas as mídias na primeira metade dos anos 80. Além disso, o público alvo da revista eram os adultos, contrariando toda a lógica da época que focava principalmente em capturar crianças e adolescentes. Clique para ampliar Se a Era de Prata acenava a decadência do gênero horror nos quadrinhos –levando pra cova as histórias de detetives também-, o fim dela acenava a decadência de todo o gênero dos super-heróis. No instante em que os super-heróis foram jogados na sarjeta por Watchmen, a ficção científica se tornou o combustível que manteria os quadrinhos em movimento. Ficção científica e tecnologia tinham muito mais a ver com o punk e a nova geração do que heróis cuecudos salvando o mundo. Para Morrison durante essa época “quadrinhos e super-heróis eram entediantes. Eu era sci-fi punk. Foda-se”. As contribuições de Morrison na Near Myths foram: #2 – Time Is A Four Lettered Word #3/#4 – Gideon Stargrave #5 – The Checkmate Man Fontes: Entrevista com Grant Morrison sobre seus primeiros trabalhos, incluindo Near Myths (em inglês): http://homepage.ntlworld.com/fish1000/index/lostcontent/gm-afterimage6-jan88.txt Entrevista com Tony O´Donnel, desenhista e um dos primeiros colaboradores de Grant Morrison (em inglês): http://www.garenewing.co.uk/home/writing/tony.php